Barchan

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Esquematização
Formato típico
Barchan no deserto do Namib.

Barchan (do cazaque бархан bɑɾˈ.χɑn), ou barcana em português, é um tipo de duna em formato de crescente. O termo foi criado em 1881 pelo naturalista russo Alexander von Middendorf,[1] para dunas de areia em formato de crescente no Turquestão e outros desertos continentais. Barchans ficam de frente ao vento, com aparência convexa e são produzidos pela ação do vento que atua predominantemente em uma direção. São muito comuns em desertos de areia em todo o mundo, com formato de arco, marcadamente assimétricos na secção cruzada, com uma inclinação suave em direção ao lado do vento. Esse tipo de duna possui dois "chifres" de frente para o vento[2], com inclinação de 30–35 graus para areia medianamente fina.[3] [4][5]O lado contrário ao vento torna-se compactado e possui inclinação de 15 graus. Os barchans têm 9 a 30 m de altura e até 370 m de largura na base medida perpendicularmente ao vento.

As dunas nesse formato podem aparecer simples ou compostas ("megabarchan"), que podem gradualmente migrar com o vento como consequência da erosão do lado atingido pelo vento e a deposição da areia do outro lado, numa taxa que varia de um metro a centenas de metros por ano. Barchans geralmente se formam como grupos isolados de dunas e eventualmente podem formar cadeias que se estendem por uma planície na direção prevalente do vento. Barchans e megabarchans podem coalescer em cristas que se estendem por centenas de quilômetros. Colisões de dunas[6][7] e mudanças na direção do vento geram novos barchans dos "chifres" dos antigos, alterando a formação em dada região.[8]

Conforme as dunas migram, as menores ultrapassam as maiores, "pegando" a traseira da duna maior e eventualmente vindo a aparecer do outro lado. Eventualmente, a duna traseira assume dimensões similares às da duna frontal anterior, agora menor e mais ágil, empurrada pelo vento.[9] As dunas barchan também foram observadas em Marte, onde a atmosfera pouco densa produz ventos fortes o bastante para mover areia e poeira.[10][11]

As dunas do tipo barcana também podem ser observadas em ambientes aquáticos, entretanto neste caso elas são muito menores (escala na ordem de 100mm) e se movem muito mais rápido[12][13]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Barchan - sand dune» 
  2. Alvarez, Carlos A.; Franklin, Erick M. (9 de outubro de 2019). «Horns of subaqueous barchan dunes: A study at the grain scale». Physical Review E (em inglês). 100 (4). 042904 páginas. ISSN 2470-0045. doi:10.1103/PhysRevE.100.042904 
  3. Pye, Kenneth; Haim Tsoar (2008). Aeolian Sand and Sand Dunes. [S.l.]: Springer. 138 páginas. ISBN 9783540859109 
  4. Alvarez, Carlos A.; Franklin, Erick M. (18 de dezembro de 2017). «Birth of a subaqueous barchan dune». Physical Review E. 96 (6). 062906 páginas. doi:10.1103/PhysRevE.96.062906 
  5. Alvarez, Carlos A.; Franklin, Erick M. (19 de outubro de 2018). «Role of Transverse Displacements in the Formation of Subaqueous Barchan Dunes». Physical Review Letters. 121 (16). 164503 páginas. doi:10.1103/PhysRevLett.121.164503 
  6. Hersen, Pascal; Douady, Stéphane (2005). «Collision of barchan dunes as a mechanism of size regulation». Geophysical Research Letters (em inglês) (21): L21403. ISSN 0094-8276. doi:10.1029/2005GL024179. Consultado em 21 de novembro de 2020 
  7. Assis, W. R.; Franklin, E. M. (28 de setembro de 2020). «A Comprehensive Picture for Binary Interactions of Subaqueous Barchans». Geophysical Research Letters (em inglês) (18). ISSN 0094-8276. doi:10.1029/2020GL089464. Consultado em 21 de novembro de 2020 
  8. H. Elbelrhiti; P. Claudin & B. Andreotti (2005). «Field evidence for surface-wave-induced instability of sand dunes». Nature. 437 (September 29): 720–723 Abstract. PMID 16193049. doi:10.1038/nature04058 
  9. Schwämmle, V. & H.J. Herrmann (2003). «Solitary wave behaviour of sand dunes». Nature. 426 (December 11): 619–620 Abstract. PMID 14668849. doi:10.1038/426619a 
  10. «Flowing Barchan Sand Dunes on Mars». NASA. 20 de abril de 2009. Consultado em 7 de julho de 2018 
  11. «Astronomy Picture of the Day». NASA. 3 de março de 2008. Consultado em 7 de julho de 2018 
  12. Hersen, Pascal; Douady, Stéphane; Andreotti, Bruno (9 de dezembro de 2002). «Relevant Length Scale of Barchan Dunes». Physical Review Letters (em inglês). 89 (26). 264301 páginas. ISSN 0031-9007. doi:10.1103/PhysRevLett.89.264301 
  13. Franklin, E. M.; Charru, F. (25 de maio de 2011). «Subaqueous barchan dunes in turbulent shear flow. Part 1. Dune motion». Journal of Fluid Mechanics (em inglês). 675: 199–222. ISSN 0022-1120. doi:10.1017/S0022112011000139 

Ligações externas (em inglês)[editar | editar código-fonte]

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