Pedro António Correia Garção

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Pedro António Correia Garção
Nascimento 29 de abril de 1724
Lisboa
Morte 10 de novembro de 1772 (48 anos)
Lisboa
Cidadania Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação poeta, escritor

Pedro António Correia Garção (Lisboa, 29 de abril 1724Lisboa, 10 de novembro 1772) foi um poeta português.[1][2] Frequentou a Universidade de Coimbra mas não terminou os estudos. Exerceu o cargo de escrivão na Casa da Índia. A sua atenção pública e literária apresentou-se mais ou menos obscura. Pouco a pouco antes de morrer incompatibilizou-se com o Marquês de Pombal.

A esposa, D. Maria Ana Xavier Fróis Mascarenhas de Xande Salema, trouxe-lhe avultados bens, desaparecidos, mais tarde, em litigio judicial. A perda da fortuna não representou a sua única desgraça; ocorreu-lhe a prisão, a principio em segredo; após na sala livre. Quando, graças à dedicação da mulher, ia ser solto, faleceu.

A causa da sua prisão até hoje não está devidamente averiguada. Supôs-se que fosse por causa de um poemeto ao infante D. Pedro, em que se não consentia que se fosse levantada uma estátua, e no qual se quis ver uma crítica ao Marquês de Pombal, que mandara colocar o seu medalhão no monumento a D. José I. A hipótese é inaceitável, porque o encarceramento ocorreu em 1771, datando a estátua de 1775. Outros atribuíram o caso a uma aventura amorosa com a filha do intendente escocês MacBean, de cuja hospitalidade teria abusado; contudo, nada se esclareceu e a imaginação elaborou livremente o aspecto fantasioso.

O seu nome foi atribuído a uma pequena mas importante artéria de Lisboa, frente ao parlamento.[3]

Obra[editar | editar código-fonte]

A obra de Correia Garção abrange múltiplos aspectos, ressaltando a sua atividade de legítimo teórico e orientador do Classicismo. Cultivou a sátira horaciana e foi excelente metrificador. Discutia se no teatro devia ou não ser derramado sangue em cena, preferindo eloquentes narrativas. Preconizou a imitação, mas com critério seletivo:

Imite-se a pureza dos antigos
Mas sem escravidão, com gosto livre,
Com polida dicção, com frase nova,
Que a fez, ou adotou a nossa idade.
Ao tempo estão sujeitas as palavras;
Umas se fazem velhas, outras nascem:
Assim vemos a fertil primavera,
Encher de folhas ao robusto tronco,
A quem despiu o inverno desabrido.

O Teatro Novo, peça teatral de restrito interesse, vale como importante documento para a história das idéias sobre teatro. Na casa de Aprígio Fafes expõem-se as mais diversas opiniões: Gil Leinel, que ventila as ideias do autor, prefere o teatro dos antigos, exaltando a sua finalidade educativa. Brás acha que só o riso deve ser o objetivo — a comédia, portanto. Jofre defende o teatro lírico, à moda italiana, sem o português, acrescida do elemento coreográfico. Branca aprecia, mais o teatro de Antônio José.

A Assembleia ou Partida, comédia de costumes, caricatura o gosto imoderado do luxo: Brás Carril, para atender à esposa, resolve fazer, em casa, uma reunião, a epónima assembleia, pedindo emprestado o dinheiro necessário e todos os objetos indispensáveis, desde o piano ao castiçal. Escrivão e meirinho entram com o intuito de penhorar os bens. Três casamentos, os de duas filhas e o de um filho, cujos futuros sogros se dispõem a pagar as dívidas, salvam a situação. Malfalda, a noiva do rapaz, no decorrer da partida recita a Cantata de Dido inspirada em Virgílio — no dizer de Garret «umas das mais sublimes concepções do engenho humano, das mais perfeitas obras executadas da mão do homem.»

Garção também foi autor de Obras Poéticas e Discursos Académicos.

Referências[editar | editar código-fonte]