Darwinofobia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Darwinofobia ou Darwinfobia[1] (do inglês: Darwinophobia) é uma aversão ao naturalista Charles Darwin ou ao Darwinismo [2]. O termo aparece em diversas obras literárias sempre fazendo referência a algum tipo de crítica ou repulsa à Darwin e aos conceitos darwinianos[2][3][4][5][6][7]. No livro Darwin tra scienza o termo é aplicado para definir a rejeição dos cientistas sociais às ideias de Darwin[5]. O registro mais antigo da aparição da palavra na literatura data de 1880 em uma carta enviada por Huxley à Darwin[3].

Em realidade, o darwinofóbico tem um claro sentimento de repugnância em relação aos conceitos relacionados às ideias de transmutação de espécies, seleção natural ou da evolução, incluindo algumas ideias sem conexão com o trabalho de Charles Darwin. Durante a história, movimentos darwinofóbicos tentaram proibir o ensino da evolução[3] nas escolas e nas universidades através de ações judiciais.

Aparições na Literatura[editar | editar código-fonte]

Carta de T. H. Huxley (1880)[editar | editar código-fonte]

A primeira aparição ocorre na Carta de Thomas Henry Huxley em 03 de Fevereiro de 1880 para Darwin[3], fazendo menção as criticas de Butler ao naturalista. Em um trecho da carta, Huxley deixa claro que leu uma carta de Butler e que teria se espantado com a repulsa à Darwin, como se fosse uma fobia a qual denominou de darwinofobia. Trecho[8]:

"Meu caro Darwin, li a carta de Butler e a carta de litchfield, ontem à noite, dormi sobre eles [...] Estou espantado com o Butler, que pensei ser um cavalheiro, embora o seu último livro me tenha apresentado para ser extremamente tolo. O mivart mordeu-o e deu-lhe darwinofobia? É uma doença horrível e eu mataria qualquer uma filho de uma cadela [...]." (Huxley, 1880).
Evolutionary Studies (1989)[editar | editar código-fonte]

No livro Evolutionary Studies: A Centenary Celebration of the Life of Julian Huxley de Keynes e Harrison é comemorado o centenário de Julian Huxley, e com isso, eles citam um marco de Thomas Henry Huxley (postulador da Teoria da Evolução Molecular) onde o mesmo teria inventado o termo darwinofobia. Keynes e Harrison explicam[3]:

"Como exemplo do fracasso das características adquiridas, a herança do fato, que os judeus praticaram a circuncisão por cem gerações ou menos sem efeito herdado, então THH sussurrou ao vizinho: Há uma divindade que forma nossos fins, grosseiros, como nós vamos [...] T. H. H. inventa uma doença darwinofobia e diz: É uma doença horrível e eu mataria qualquer filho de uma [esboço de membro visivelmente fêmea da espécie canina] [...]". (Keynes e Harrison, 1989, p.12).
Quell’attacco di Darwinfobia (2005)[editar | editar código-fonte]

Em uma publicação na FLC CGIL de U. Curi, o termo é apresentado em crítica ao governo de Moratti, que estaria então "infectado pela doença da darwinfobia" [9]:

"É difícil imaginar quais podem ter sido os motivos que levaram à exclusão da teoria de Darwin de ensinar na escola secundária. Para explicar este ataque darwinfobia, há restos, então, que contar com algumas especulações, mais ou menos lúdicas. O primeiro é que Moratti e seus colegas do governo ficaram aterrorizados por ter descoberto que Marx queria dedicar "A Capital" a Darwin [...]." (Curi, 2005).
Darwin Tra Scienza (2010)[editar | editar código-fonte]

No livro Darwin tra scienza de Francesco Stoppa e Roberto Veraldi, o termo é apresentado em referência a rejeição dos cientistas sociais as ideias de Darwin [5]:

"Entre os motivos que são usados para explicar a darwinfobia dos cientistas sociais, eu acho que é fundamental a preocupação mais ou menos nobre com a naturalização dos fenômenos sociais, com o efeito de ocultar responsabilidades sociais e declarar inelimináveis - em nome de uma naturalidade presumida - feridas sociais sedimentadas, e definitivamente até não mesmo o infame "presunção de homo sapiens", que se sente superior à natureza, que não quer ser confundido com os outros animais, e muito menos ter parentes entre macacos." (Estoppa e Veraldi, 2010, p.111).

Referências

  1. Olson, Everett C. (1968). Davitaschvili, L., ed. «Dialectics in Evolutionary Studies». Evolution. 22 (2): 426–436. doi:10.2307/2406542 
  2. a b CLARK, Ronald W. The Survival of Charles Darwin: A Biogrpahy of a Man and an Idea. Avon Books. New York. 1986. ISBN 0380699915
  3. a b c d e KEYNES, W. Milo; HARRISON, ‎G.A. Evolutionary Studies: A Centenary Celebration of the Life of Julian Huxley. Palgrave Macmillan. London. 1989. ISBN 1349099600
  4. KELLY, Andrew; et. al. ‎Darwin: For the Love of Science. 5° Eedition. Bristol Cultural Development Partnership. Bristol. 2009. ISBN 0955074223
  5. a b c STOPPA, Francesco.; VERALDI, ‎Roberto. Darwin tra scienza. Edizioni Universitarie Romane. Roma. 2010. ISBN 9788860221568
  6. DYSON, George B. Darwin Among The Machines: The Evolution Of Global Intelligence. 2 edition. Basic Books. New York. 2012. ISBN 0465046975
  7. BARRETT, Paul H. The Works of Charles Darwin: Vol 29: Erasmus Darwin (1879) / The Autobiography of Charles Darwin. Routledge. Abingdon. 2016. ISBN 1851964096
  8. HUXLEY, Thomas Henry. «T. H. Huxley: Letters and Diary 1880». Mathcs.clarku.edu. Consultado em 20 de dezembro de 2017 
  9. CURI, U. «Quell'attacco di Darwinfobia». Stampa FLC CGIL. Itália. 2005.