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War: diferenças entre revisões

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Revisão das 03h49min de 6 de dezembro de 2004

 WAR  

Confesse: seus conhecimentos de Geografia sempre foram ligeiramente melhores que a média de sua classe no primário, porque você aprendeu a identificar os continentes logo cedo. Conhece Omsk e Dudinka muito bem, embora nunca tenha ouvido falar desses locais no jornal. Não admite que os jogadores invertam a regra e usem os dados amarelos no ataque e os vermelhos na defesa, e sabe de cor qual é a quantidade de exércitos a mais para cada continente conquistado na totalidade. Então, você sabe do que estou falando: do War, aquele jogo lançado pela Grow nos anos 70, e que, desde então, reúne amigos em longas e disputadas partidas.

Agora, se você, assim como nosso caro amigo Fanboy, não sabe brincar, e nunca conseguiu aprender a jogar esse clássico dos jogos de tabuleiro, posso situá-lo - o War tradicional funciona mais ou menos assim: o tabuleiro é um mapa-múndi, onde figuram vários países e regiões - os territórios. Os jogadores (que podem ser, no máximo, seis) partilham a Terra entre si, através de uma espécie de sorteio com cartas, e colocam suas peças redondas, os exércitos, em cada território sorteado. Então, cada um recebe uma missão, que deve ficar em segredo do resto dos jogadores, e elabora estratégias para conseguir completar sua missão - conquistar determinados continentes, ou eliminar algum adversário do jogo. Isso tudo em um jogo de tabuleiro, com dados, sorte e estratégia.

O War não é "apenas" mais um dos jogos de tabuleiro para adultos, e sim o primeiro, que inaugurou esse gênero no Brasil, em 72. Jogos de tabuleiro para adultos são aqueles que têm regras mais difíceis, e exigem uma certa estratégia para serem vencidos. No caso de War, uma das formas mais divertidas para se jogar é abandonar as missões, e buscar como objetivo conquistar o mundo (ou, no caso, o tabuleiro, com seus 42 territórios) - a partida pode durar horas, mas fica muito divertida. Aliás, essa era a idéia original do War, quando ainda não tinha essa canja de missões mais simples...

COMO ELE NASCEU?  

A primeira versão do War surgiu em meados dos anos 50. Bizarramente, ele foi uma criação de um diretor de cinema, o francês Albert Lamorisse (apesar de ter ganhado um prêmio em Cannes, ele não é muito conhecido hoje dentre os pobres mortais, embora eu não duvide de que o Zarko saiba toda a sua filmografia. Fez cerca de 8 filmes, sendo que seu último trabalho foi um documentário, em 1978 - ele morreu num acidente durante as gravações), e atendia pelo nome de La Conquete du Monde (ou, "A Conquista do Mundo", em português).

A criação de "La Conquete du Monde" ocorreu antes da carreira de Lamorisse como diretor. O moço levou sua invenção a um dono de empresa de jogos na França, que topou a idéia, assim, mudando algumas regras do jogo e começando a comercializá-lo. Enquanto isso, nos EUA, os irmãos Parker, que também trabalhavam no ramo de jogos (na empresa Parker Brothers), viraram amiguinhos do Miro, o responsável pela divulgação do "La Conquete du Monde" pela França. Assim, o jogo foi para a terra do tio Sam, com uma pequena mudança no visual, nas regrinhas (foi aí que surgiram as cartas), nas peças e no nome: ao contrário do que o nosso bom senso indica, o nome do War por aí afora não é War, não. Nos Estados Unidos, o nome do jogo é Risk. Nos primeiros anos de Risk, seu nome completo era Risk: the Continental Game. Depois, ganhou um nome mais "bushiano": Risk: the Game of Global Domination. Diz a lenda que as letras R.I.S.K. são as iniciais dos netos de um dos funcionários da Parker Brothers. Se isso é verdade ou não, ninguém sabe, e, a não ser que você seja um desses netos, também não deve fazer muita questão de saber.

A Parker Brothers lançou mais de 1800 títulos de jogos, entre eles os sucessos War e Banco Imobiliário (conhecido nos EUA como Monopoly). Hoje, fazem parte da Hasbro, empresa grandona que ganhou os louros desses jogos, e outros sucessos como, por exemplo, o Jogo da Vida.

Foi lá, então, mais especificamente no ano de 1959, que nosso companheiro War (ou Risk, como preferir) alcançou seu sucesso, que, até hoje, ainda está longe de ver seu final. Após ter saído da França e aportado na América do Norte, o War partiu para vários países, como, entre outros, Brasil (é claro!), China, Espanha, Alemanha, Inglaterra e Itália. Este último, aliás, foi o que passou pela maior febre de War (que, por lá, chama-se Risiko). No país, existe até um livro inteiramente dedicado ao assunto. Lá, nos anos 70, Emilio Ceretti se encarregou de mudar novamente algumas regras - antes dele, os territórios atacados só podiam se defender com até 2 dados.

- No Brasil E é claro que não ficamos fora disso (caso contrário, provavelmente você nem estaria lendo esse artigo por aqui). E tudo começou há um tempo atrás, na engenharia da Poli, na Usp. Era a década de 60, quatro estudantes tinham acabado de se formar e queriam abrir algum empreendimento. Depois de pensarem em várias formas diferentes de negócio (que iam de corretora de valores até uma empresa de instrumentos de precisão), acabaram decidindo adentrar o mercado de jogos, depois de perceberem que os jogos para adultos, na época, não existiam no Brasil - os poucos que chegavam até aqui eram importados, e, portanto, difíceis de serem encontrados.

Um desses quatro amigos, o Gerald Dinus Reiss, tinha acabado de voltar da Europa, e trazia consigo uma novidade: um tal de Risk, um jogo de guerra e estratégia que andava fazendo sucesso no Velho Mundo. Assim nasceu, em uma garagem na Mooca, em agosto de 1972, a empresa Grow (o nome foi formado pelas iniciais dos amigos), trazendo seu primeiro produto logo no mês de outubro: o jogo War. Ele foi, então, o primeiro jogo para adultos lançado na nossa terrinha. Os quatro amigos saíram de loja em loja vendendo as primeiras 5 mil unidades que foram produzidas , e que tinham um visual ligeiramente diferente do War das "estranja".


Não demorou para que fizesse sucesso - o War foi relançado diversas outras vezes, reformulando as embalagens e fazendo algumas modificações necessárias no mapa. Como não pôde deixar de ser, aqui no Brasil, assim como em outros países, foram lançadas várias outras versões do jogo - mas disso eu vou falar daqui a pouco.

A EVOLUÇÃO DAS PEÇAS

Na Europa, as primeiras versões do War traziam as peças de madeira, em forma de cubinhos, que representavam os exércitos. Já as peças que representavam 10 exércitos (que, aqui, são os disquinhos maiores) eram triangulares. Os EUA copiaram esse formato em suas primeiras edições, mas depois, as peças começaram a ser fabricadas de plástico. Em uma das republicações, nos anos 80, as peças foram substituídas por números romanos, mas isso não teve um bom retorno, e eles retornaram aos bons e velhos cubinhos. Hoje, as pecinhas são diferentes nos vários países e edições que existem: variam entre estrelinhas, pininhos (como aqueles de Ludo, mesmo), cubinhos e até soldadinhos de plástico. Em uma das edições especiais de colecionador nos Estados Unidos, as peças viraram soldados de metal, divididos entre oficiais da infantaria, da cavalaria e canhões.

ALGUMAS DAS VERSÕES  

Nesses 50 anos de War, já foram vendidas milhões e milhões de cópias pelo mundo todo, e ele continua nas estantes daqui do Brasil. Esse jogo ficou tão popular, que, nos anos 70, uma edição da Playboy dos Estados Unidos publicou um guia de estratégias para vencer no War.

Na Europa e nos Estados Unidos, além das versões de War especiais, vários outros jogos de tabuleiro foram lançados, que, embora não levem o nome de Risk, se baseiam no mesmo estilo de jogo. O War foi um dos jogos que mais tiveram jogos baseados nele (quase ao lado de Banco Imobiliário). São inúmeros, com temas diferentes - Antigos Impérios, Impérios da China, Guerras das Amebas (!), Guerra dos Gnomos, Guerra dos Bruxos, e Fortress América (que mostra, logo na capa, o rosto do Saddam Hussein lutando contra soldados vestidos de azul e vermelho) - isso só para citar alguns dos herdeiros da família Risk.

Já as versões sob o selo oficial do Risk são:

Castle Risk: Foi lançada em 1986, como a primeira mudança no jogo, depois de seus 27 anos de existência. Nele, o tabuleiro representa apenas a Europa, e é permitida a presença de exércitos escondidos, com cartas que deixam o War ainda mais complexo: podem ser usados seres como espiões, generais e diplomatas, e recursos como exército naval. Os objetivos incluem as conquistas de castelos, e não apenas de territórios. Apesar de ter sido uma novidade, Castle Risk nunca fez muito sucesso.


Risk Édition Napoléon: Criado na França, em 1999, o jogo tem mais ou menos o mesmo formato que o Castle Risk, mas, dessa vez, cobrindo as batalhas de Napoleão Bonaparte.

Risk 2210 A.D.: Essa é uma das versões mais complexas e mais aclamadas do War. Nele, é representado um mapa, remetendo ao futuro do planeta. O mapa não tem apenas os 42 territórios de um War normal. Existem bases nos oceanos, e os países são interligados por diferentes formas. Uma das maiores mudanças é a presença de uma segunda parte no tabuleiro: a Lua. As cartas, que já tinham evoluído nas versões Risk Castle e Napoléon, voltaram novamente: dessa vez, representando comandantes navais, espaciais, nucleares, de territórios, e um diplomata. Assim, as regras também são diferentes do War clássico - no Risk 2210 A.D., existem bases espaciais para complicar ainda mais, e a vitória é alcançada através de pontos, e não de conquistas de territórios.


Risk: Lord of the Rings: sim, ele existe. Foi lançado em 2002 (mas na Europa, surgiu antes, em 2001), pela mesma empresa Hasbro que mantém o direito do jogo desde o início de sua publicação. É menos complicado que 2210 A.D., embora ainda tenha algumas semelhanças com seus antecessores. O mapa, como podem imaginar, mostra a Terra Média, com 42 territórios, assim como um War normal. Em alguns aspectos, essa versão do War lembra um card game misturado a um jogo de tabuleiro, porque traz cartas de Evento, Missão e Poder. O jogo retorna, trazendo novamente a tradição das missões, e acontece enquanto a Comitiva do Anel se move pelo tabuleiro. Ele pode ser vencido tanto através do jeito tradicional (ou seja, ganha aquele que conquistar a Terra Média inteira ou completar sua missão), quanto através de uma combinação dos territórios conquistados com as cartas conseguidas durante as jogadas. As pecinhas tradicionais foram substituídas por miniaturas de plástico de orcs, elfos, cavaleiros de Rohan, cavaleiros negros, águias e trolls.

Aqui no Brasil também foram lançadas outras variações além da versão clássica, sob o nome de War.

War II: No War II, as batalhas também podem ser aéreas, feitas através de aviõezinhos. Ele veio em 1981, com regras ligeiramente diferentes do primeiro, e conta com alguns centros estratégicos. Eu sou a feliz proprietária dessa versão de War, embora nunca tenha aprendido a jogá-la da maneira certa. Resultado: aposentamos os aviõezinhos, ignoramos os centros estratégicos e jogamos o War clássico no tabuleiro do War 2.

War - Edição Especial: Com uma embalagem mais bacana, o War Especial é a mesma coisa que o primeiro War, mas numa edição de luxo. Conta com frescuras supimpas como soldados em miniatura e um copo para o lançamento de dados.

War Júnior: Uma versão mais light, com regras mais fáceis, direcionado ao público mais novo, que sempre quis jogar com os mais velhos, mas não conseguia.

War - Star Wars Episode I: Mais uma versão lançada pela Grow foi a versão Star Wars para o War. Nele, a única diferença é no tabuleiro, que, em vez de mostrar o mapa da Terra, com seus territórios, mostra planetas interligados entre si. O visual também é mais emocionante, já que as peças têm cores "espaciais": preto, branco, dourado e prateado.

Existe também uma versão virtual para o jogo, feita por brasileiros. É só acessar www.ewar.com.br e baixar o jogo!