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Roberto Gómez Bolaños: diferenças entre revisões

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Revisão das 04h03min de 9 de dezembro de 2004

A História 
 Roberto Gómez Bolaños "Chespirito" estudou engenharia, mas nunca exerceu. Assim como Borges ou De Quincey, Gómez Bolaños soube, antes de escrever, que havia nascido para Letras; e estaria à discussão a sua qualidade literária entre os intelectuais, mas milhões de pessoas durante quatro gerações se somam à minha voz para agradecer a Chespirito, que deixou a eletricidade e a mecânica de lado (ainda que também é algo criativo) para se dedicar a divertir milhões de pessoas. Assim então, Chespirito se iniciou como publicista para a empresa publicitária D'Arcy, quando tinha 22 anos.
 A partir da segunda metade da década de 50, a atividade de Gómez Bolaños como roteirista foi muito intensa. Foi bem escrevendo para rádios, programas de TV ou para cinema. Durante 10 anos alimentou com seus roteiros o programa semanal "Cómicos y Canciones", que fez muito sucesso. Entre 1960 e 1965, dois programas disputavam o primeiro e segundo lugar da TV mexicana, e ele escrevia ambos. Eles eram: "Estudio de Pedro Vargas" e o já mencionado "Cómicos y Canciones". Em 1966, o ator Mario Moreno "Cantinflas" elegeu os roteiros de Gómez Bolaños para uma série que deveria se chamar "El Estudio de Cantinflas". Porém, infelizmente, o patrocinador (Cigarrera Lamorena) cancelou o projeto devido às altas pretensões do famoso comediante Cantinflas. No final de 1968, Goméz Bolaños foi contratado pela recém inaugurada emissora TIM com a feliz oferta de usar em sua programação um espaço de meia hora em cada sábado. Assim, nasceram séries como "Los Supergenios de la Mesa Cuadrada" e "El Ciudadano Gómez" (sátira do clássico Cidadão Kaine). Simultaneamente, nascia a carreira de ator para Chespirito.
 Em 1970, a TV extendeu o tempo de transmissão para uma hora e o horário utilizado passou a ser às segundas-feiras, às 20:00. Então, a série passou a se chamar "Chespirito", onde se incluíam diferentes quadros, de tal sorte que vimos nascer nesse espaço o personagem Chapolin Colorado e um ano depois o Chaves. Ambos personagens tiveram tal aceitação, que a emissora decidiu dar-lhes características de seriado com um dia da semana para cada um, com meia hora de transmissão e em horário nobre.
 O Chapolin Colorado e o Chaves abriram as portas do mercado internacional à TV mexicana. Em 1973, ambos os programas eram transmitidos para quase toda a América Latina, e em todos os países sua popularidade colocavam-nos em primeiro lugar na audiência. Por exemplo, em 1975, os níveis de audiência das séries de Chespirito no México oscilavam entre 55 e 60 pontos no ranking. A partir de 1984, o programa voltou a ter uma hora de duração às segundas-feiras, às 8 da noite, com o nome de "Chespirito". Nessa época, Chespirito já era um êxito, e assim seguiu sendo. Por 25 anos ininterruptamente, todas as segundas-feiras, às 20 horas, Chespirito estava em quase todos os lares mexicanos.
 As séries de Chespirito chegaram a tal êxito que por toda a América Latina lançaram vários produtos com seus personagens como: discos, bonecos, lancheiras, e brinquedos em geral, além de fitas de vídeo etc... realmente é um sucesso. E ainda vem mais por aí!
 Atualmente, a série segue sendo transmitida em toda a América Latina e na Espanha, com seu áudio original, mas também é transmitida em diferentes dublagens em outros idiomas em mais de dez países: os programas de Chespirito podem ser vistos tanto no Brasil, como em Angola. Por isso, talvez, Homer, o personagem da série canadense "Os Simpsons", inclui entre seus personagens favoritos o Chapolin Colorado.
 Em 1978, Roberto Gómez Bolaños "Chespirito" produziu, escreveu e atuou no filme "El Chanfle", o mesmo rompeu todos os recordes de bilheteria existentes até essa data no México. Posteriormente fez El Chanfle 2, Don Ratón y Don Ratero, El Charrito e Música de Viento. Roberto já tem mais de 50 filmes escritos e adaptados por ele.
 Gómez Bolaños também escreveu roteiros para cinema e telenovelas, assim como uma comédia musical chamada "Títere" (1984), uma adaptação livre do conto de Coccioli:
 "Pinochio", "Silencio, recámara, acción" (1964). Tem, ainda, em seu arquivo teatral, mais seis obras, exemplo disso é a peça "La Reina Madre", baseada na vida da progenitora de Charlie Chaplin,outra estupenda peça teatral que ainda não foi encenada,porém ganhou o prêmio de literatura da SOGEM (Sociedad General de Escritores de México).
 Atualmente, Gómez Bolaños interpreta no teatro a obra de sua autoria "11 y 12". Tal obra é um recorde a mais ao seu ver, já que desde 1992, data em que foi estreada, permanece ainda em cartaz na Cidade do México no mesmo teatro. Sem interrupções, "11 y 12" é um sucesso.
 Chespirito também já dirigiu a novela "Milagro y Magia" com Florinda Meza,além de compor canções como tema para as novelas de Florinda como: "Contigo Todo" tema da novela "La Dueña" e "Alguna vez tendremos Alas" tema da novela de mesmo nome. Sua faceta como compositor de músicas foi destaque nos discos: "La Vecindad Del Chavo" (1978), Chespirito y sus Canciones e "Así Cantamos y Vacilamos en la Vecindad del Chavo'. Todos cantados com os atores de "Chaves".
 Chespirito também é escritor de belíssimos poemas como: "Mi mejor amigo" y Poema "Minero" e "A mi Madre", que breve vão estar em um livro só de poemas.
 Roberto Gómez Bolaños "Chespirito" foi diretor geral de Televicine, companhia produtora de cinema da empresa Televisa, e levou a cabo exelentes projetos cinematográficos, que entre os quais se destacam os sucessos: "Elisa antes del fin del mundo", "Ultima llamada", "Un baúl lleno de miedo", "La primera noche", "La paloma de Marsella" e "En un claro oscuro de la luna". Hoje, ainda trabalha na Televisa e está desenvolvendo vários projetos para Televisão.
 É comum que um cantor de Rock encha um estádio de futebol, tal é o caso de Tina Turner, Sting, Madonna, etc; Mas não é comum que um comediante e seu grupo consigam o mesmo com um espetáculo teatral.
 Em 1977, o "Show de Chespirito" lotou duas vezes no mesmo domingo o estádio de futebol de Santiago, no Chile, cuja capacidade é de 80.000 pessoas. Em Buenos Aires, Argentina, no Auditório Luna Park, com uma capacidade de 25.000 pessoas, Chespirito deu quatorze apresentações consecutivas com capacidade esgotada. Na cidade de Nova Iorque, no Madison Square Garden, um espetáculo latino surpreende com 2 seções lotadas em um só domingo do ano de 1983: "El Show de Chespirito". "La quinta Vergara" obtém ótimo público somente no festival de canções de Viña del Mar, onde há muitos tipos de espetáculo. Em 1977, tiveram lotação esgotada novamente com o "Show de Chespirito"...
 Em 2000 as séries Chaves e Chapolin voltaram a ser exibidas no México, e distribuídas por 3 canais da Televisa, e mais, são lideres absolutos de audiência. O sucesso se repete. Calcula-se que em 43 anos escrevendo, Chespirito acumulou algo como 60.000 folhas (não conto o que um escritor apaga, tira, corrige e repete). Isso equivale a 2.400.000 linhas e aproximadamente, 168 milhões de letras.

Humor

A comicidade de Roberto Gómez Bolaños pode ser analisada de diferentes ângulos, desmembrada, disseccionada, criticada,enaltecida, mas de qualquer ponto de vista ou postura, sempre encentraremos um resultado em comum: nos arranca a potente e inevitável gargalhada, e é impossível ignorá-la. A maioria o citam com orgulho, outros confessam entre dentes e, uns poucos, o negam acaloradamente. Porém o certo é que, sem importar as palavras, Roberto Gómez Bolaños, "Chespirito", o provoca sorriso.
 Sem deixar de lado os sentimentos, como os motores de toda emoção perdurável, a comédia por definição desde os clássicos, apela ao intelecto, razão pela qual é tão raro que existam na atualidade boas peças deste gênero, porque para realizá-las, se necessita um método criativo que sem falar, provoque este riso espontâneo, sim, mas inteligente e nitidamente reflexivo. Roberto Gómez Bolaños consegue como ninguém esta proeza e sustêm ainda, a teoria de que o riso é uma manifestação inequívoca de triunfo. Ao obter essa reação, ele consegue o verdadeiro sucesso, compartilhado com seu público.
 Por outro lado, algo que também maneja "Chespirito" como escritor, é a comicidade de ação e reação. Essa que por mais que fale, se vê, tanto na tela como em qualquer espetáculo. Ao dizer isto seguramente todos recordamos aquelas magistrais cenas da vila do Chaves, produto de "maus entendidos" físicos, nas que os golpes e pancadas eram dados "sem querer querendo" ao se agachar um personagem para recolher um objeto, golpear com uma vassoura no ombro ou bem se topar simplesmente com o atuante em questão; sem falar dos baldes cheios d'água, que falham sempre em seu objetivo, molhando ao mais incauto. Por vez, rememoramos ao super herói latino, o inigualável Chapolin Colorado, com suas famosas caídas, trancos, tropeços e confusões. Para alcançar o efeito desejado, sem cair na "bobeirada", é necessário ter um domínio absoluto do ritmo na situação, coisa que este genial cômico faz como por arte de magia. Nisso, como em muitas coisas mais, é comparável aos grandes mestres da comédia mundial, como Chaplin; ou o Gordo e o Magro, para citar só alguns. - Chaves : Você é o máximo, Chapolin Colorado.
 Não obstante, cabe recalcar que a riqueza deste prolífico autor radica em seu conteúdo. A consistência de seus personagens, o perfil psicológico claramente delineado com valores universais, os diálogos ingênuos, inesperados e naturais.
 Assim, podemos situar a análise de seus textos em vários níveis ou camadas, semelhantes a uma cebola, nas que cada telespectador obtêm o que necessita. Se alguém se mantém na superfície, chegará ao riso explosivo e simplesmente recreativo.
 Se queres ir mais fundo, se desprende outra camada e se chega a impecável estrutura dos parlamentos, sempre com um depurado manejo do idioma. A maestria das idéias se faz patente com estórias completas, de planejamento, desenvolvimento, clímax e final, enriquecidas por anedotas tanto auditivas, como visuais que dão cor a narração e justificam o entorno.  
 E, para a degustação acadêmica, pode-se aprofundar no espaço da análise semântica, onde temos muito bem desenhado a mensagem semiótica, que contém implícito um micro-universo, reflexo de várias realidades complexas; como, por exemplo, uma sociedade inteira e bem constituída, como os estrados de classe, os marginais, os intelectuais, os grupos do poder, a política, as batalhas campais, as alianças e as tréguas; todo ele, operando dentro de uma vila comum e corrente.
 A maravilha deste processo, é que o criador não se detém a planejar deliberadamente todos estes elementos, senão que chega a conjugá-los como conseqüência de sua capacidade, disciplina e autenticidade, fruto do desejo legítimo e apaixonado de fazer bem seu trabalho.
 O anterior é impossível de se medir baixo de nenhum dos parâmetros científicos ou metodologias estatísticas com as que se tem na atualidade, pois é algo intangível e inexplicável. Se chama talento... e reflete claramente na tela. Graças a isso, o meio televisivo perde sua frieza eletrônica e consegue a proximidade afetiva com o telespectador, o mesmo que gera, além do simples entretenimento, a transcendência e o reconhecimento tão declarados por muitos, porém reservado para alguns.
 Por ele, e por todos os bons momentos que nos tem presenteado, Roberto Gómez Bolaños é, sem dúvida alguma, o amo da alegria.