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Ilhas Desertas: diferenças entre revisões

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Revisão das 14h07min de 8 de julho de 2004

Território Português, fazendo parte integrante do arquipélago da Madeira. Embora apelidadas de ilhas, este pequeno arquipélago é constituído por três ilhéus (Ilhéu Chão, Deserta Grande e Bugio), situados a SE da ilha da Madeira, no prolongamento para Sul da Ponta de São Lourenço, distando desta 11 milhas marítimas e do Funchal 22 milhas. A sua latitude é limitada pelos paralelos 32º e 24´05´´N e 32º 35´20´´N, e a longitude pelos meridianos 16º 27´45´´W e 16º32´50´´W.

De origem vulcânica, na constituição geológica das Ilhas Desertas predominam as cinzas de cor avermelhada e amarelada, que em geral formam camadas mais ou menos definidas e são, por vezes, atravessadas, no sentido vertical, por filões de basaltos. As Ilhas Desertas possuem uma extensa faixa litoral (cerca de 37700m) quase toda muito rochosa, formada por escarpas muito inclinadas e quase a pique, o que as torna praticamente inacessíveis.

O relevo acidentado, principalmente devido à acção marinha e eólica, e a ausência de água doce foram os factores que contribuíram para que este espaço não fosse colonizado, embora se tenha tentado. Existem registos históricos que referem que no final do século XVI se semeava trigo e cevada, na Deserta Grande, com o objectivo de manter pastos para o gado que ali foi introduzido. Na Deserta Grande ainda existe uma eira em perfeito estado e no Ilhéu Chão restam os vestígios de outra.

Mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial foram construídos 5 postos de vigia para o controlo de submarinos, que vieram a ser utilizados depois pelos caçadores de baleias, para o avistamento destes cetáceos.

Este espaço foi protegido em Maio de 1990, através do Decreto Legislativo Regional n.º 14/90/M, que criou a Área de Protecção Especial das Ilhas Desertas, passando a Reserva Natural, em 1995, através do Decreto Legislativo Regional n.º 9/95/M. Embora a protecção destas ilhas tenha sido motivada pela urgência de tomada de medidas para a conservação do Lobo Marinho, o seu objectivo é a protecção e preservação de todo um conjunto de fauna e flora únicos e que englobam várias espécies raras e endémicas. Como reconhecimento do valor natural e ecológico destas ilhas, em 1992 o Conselho da Europa classificou-as como Reserva Biogenética.

A Reserva Natural das Ilhas Desertas, com uma área de 9.672 ha, é delimitada pela batimétrica dos 100m e inclui todas as ilhas ou ilhéus. A área marinha está dividida em Reserva Parcial - a Norte, e Reserva Integral - a Sul.

As Ilhas Desertas constituem um dos últimos redutos do Lobo-marinho, ali residindo uma colónia estimada em 23 animais que se encontra em recuperação populacional. Como tal, é considerada a espécie emblemática da Reserva.

Este espaço é também um importante centro de nidificação de aves marinhas, tais como a Cagarra, Calonectris diomedea borealis, o Roque de Castro, Oceanodroma castro, a Alma-Negra, Bulweria bulwerii, e a rara Freira do Bugio, Peterodroma feae, esta última com uma distribuição mundial que se restringe à Ilha do Bugio e Cabo Verde.

As aves residentes resumem-se a 2 passariformes, o Canário da terra , Serinus canarius, e o Corre Caminhos, Anthus berthelotii, à Gaivota, Laurus argentatus, e as rapinas, Manta, Buteo buteo, o Francelho, Falco tinunculus, e Coruja Tyto alba. No Norte da Deserta Grande, no vale da Castanheira, reside a Tarântula das Desertas, Lycosa ingens, uma espécie endémica desta ilha.

Das tentativas de colonização ficaram os coelhos, cabras e ratos, responsáveis pela vegetação pouco abundante. Apesar desta panorâmica, as Ilhas Desertas apresentam uma grande variedade de plantas, tendo sido assinaladas 201 espécies, incluindo 33 endemismos do arquipélago da Madeira e dois exclusivos das Ilhas Desertas, Sinapidendron sempervivifolium e a Frullania sergiae. Em 1996 foi realizado um trabalho para a eliminação dos herbívoros da Deserta Grande, após o qual se tem registado a recuperação da cobertura vegetal e espera-se a regeneração da flora original.