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Thelema: diferenças entre revisões

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Revisão das 17h08min de 26 de fevereiro de 2004

Introdução à Thelema A filosofia conhecida como Thelema teve seu início em 1904, quando da escritura do Liber AL vel Legis (o Livro da Lei) no Cairo pelo poeta, pintor, alpinista e ocultista inglês Aleister Crowley. Aqueles que seguem esta filosofia são chamados de telemitas.

Filosofia e Metodologia

A filosofia telêmica postula que toda existência manifesta surge da interação de dois princípios cósmicos: o Contínuo Espaço-Temporal, infinitamente extenso e perpétuo, e o Princípio da Vida e Sabedoria, atômico e individual. Desta interação surge o Princípio da Consciência, o qual governa a existência. No Livro da Lei estes princípos divinos são personificados através de três divindades egípcias: Nuit, a deusa do espaço infinito, Hadit, a Serpente Alada da Luz, e Hórus, o deus solar com cabeça de falcão e senhor do Cosmo.

O sistema filosófico telêmico utiliza divindades de várias culturas e religiões como personificações de forças cósmicas arquetipicas — ou seja, estas personificações não são encaradas como divindades externas ao ser humano e sim como componentes do próprio espírito de cada homem e mulher. A doutrina telêmica sustenta que todas as diversas religiões humanas baseiam-se em princípios fundamentais verdadeiros (verdades universais em suas simbologias, ainda que não absolutas) e o estudo comparativo, desapaixonado e crítico, destas religiões é uma atividade de grande importância para muitos telemitas.

Respeitando os conceitos de cada indivíduo, Thelema segue o Hermetismo tradicional na doutrina de que cada pessoa possui um Corpo de Luz, uma alma organizada em "camadas" anexas ao corpo físico. Da mesma forma considera-se que cada indivíduo possui um Augoeides, ou Sagrado Anjo Guardião (SAG), o qual pode ser considerado como sendo o Self Superior. No que tange aos conceitos de pós-morte, a própria vida é considerada como um continuum, sendo a morte parte integrante da mesma. A vida termina para que a vida continue. O SAG, entretanto, é imortal, não estando submetido aos ciclos de vida e morte.

Tal como na doutrina budista, o Corpo de Luz é considerado como sendo passível de mentempsicose (reencarnação) após a morte do corpo físico. Considera-se que Corpo de Luz evolui em sabedoria, consciência e poder espiritual através de tais ciclos de reencarnação, para aqueles que assim decidem proceder, até o ponto em que se encontra a Verdadeira Vontade daquele espírito e o indivíduo está capacitado a partir em direção à execução de sua Grande Obra, o objetivo máximo de sua existência enquanto parte do Todo representado por Nuit.

Thelema incorpora a idéia da evolução cíclica da Consciência Cultural, bem como da Consciência Pessoal. A História é considerada como sendo dividida em uma série de Æons, cada um dominado por um conceito de divindade e com sua própria forma de redenção e avanço espiritual. O Æon é o de Horus. O anterior foi o de Osíris e antes deste foi o de Isis. O Æon neolítico de Isis é considerado como tendo sido dominado pela idéia matriarcal de divindade, sua fórmula envolvendo a devoção à Deusa-Mãe para a obtenção da nutrição que ela providenciava. O Æon clássico/medieval de Osiris teve como dominante o princípio patriarcal, cuja formula de redenção era o auto-sacrifício e a submissão ao Deus-Pai. O contemporâneo Æon de Horus é centrado no Princípio da Criança, da sobrevivêcia individual, cuja fórmula é o crescimento, da consciência e do amor universal (Agapé), levando à auto-realização.

De acordo com a doutrina telêmica a expressão da Lei Divina no Æon de Hórus é o "Faze o que tu queres será o todo da Lei". Esta é a chamada Lei de Thelema e não deve ser interpretada como uma licença à realização de qualquer ato ou capricho e sim como uma missão divina de se encontrar sua Verdadeira Vontade, o propósito da vida de cada um, e ao cumprimento desta; permitindo a todos o trilhar de seus caminhos individuais. A aceitação (e verdadeira compreensão) da Lei de Thelema é o que define um telemita; e a descoberta de sua Verdadeira Vontade sua maior motivação. Alcançar "o Conhecimento e a Conversação com o Sagrado Anjo Guardião" é considerado parte integrante deste processo. Os métodos e práticas para se alcançar tal feito são vários e encontram-se agrupados no conceito de "Magick".

Nem todos os telemitas utilizam todas as práticas disponíveis; é considerado que cada um deva escolher as práticas que mais enquadrem-se às suas necessidades individuais. Algumas destas práticas são as mesmas ou bem similares às de várias religiões ou outras tradições ocultistas ou místicas, tanto do passado quanto do presente, tais como meditação, Yoga, estudo de textos religiosos, estudos de simbolismos, rituais, exercícios devocionais, auto-disciplina, Tantra, etc..

A filosofia telêmica considera que qualquer ato que vá contra a descoberta e o cumprimento da Verdadeira Vontade como sendo negativo. Isto inclui a interferência também no trilhar de terceiros. Reza a doutrina de Thelema que a desarmonia e o desequilíbrio causados por tais atitudes resultam em uma resposta compensatória do Universo, em busca de equilíbrio — um pensamento semelhante ao conceito oriental do Karma. Thelema não possui um conceito semelhante ao conceito judaico-cristão do Diabo ou Satã, ou mesmo do Mal. Contudo, uma pseudo-personificação do estado de confusão mental, ilusão e ignorância egoísta é referido pelo nome do demônio Chorozon.

Práticas Usuais

Quase todos os telemitas mantém um registro de suas práticas pessoais e de seu progresso em um "diário mágico". Muitos telemitas praticam diariamente o ritual descrito no Liber Resh vel Helios e/ou o banimento chamado Rubi Estrela. telemitas também costumam adotar nomes mágicos (ou "motes"), como forma de determinar um objetivo, trabalhar um arquétipo determinado ou homenagear algo ou alguém e costumeiramente utilizam como cumprimento a Lei de Thelema.

Textos Telêmicos Fundamentais

O livro "The Holy Books of Thelema" inclui a maioria dos livros considerados por Crowley como "inspirados", os quais formam o cânon das escrituras sagradas telêmicas. O principal destes é o Liber AL vel Legis, sub figura CCXX, comumente denominado o Livro da Lei. O conteúdo desta obra é bastante críptico e Crowley deixou alguns comentários para ajudar na sua compreensão (a maioria deles inclusa no livro "The Law is for All"). Entretanto considera-se que cada telemita interprete o Liber AL à sua maneira particular, sem jamais forçar esta interpretação a outra pessoa. Um dos principais objetivos telêmicos é sempre evitar qualquer forma de dogma. Outro livro que forma um par importante com o cânon telêmico, apesar de não estar incluso no "The Holly Books of Thelema" por motivos técnicos é o Liber XXX Aerum vel Saeculi, sub Figura CDXVII, comumente chamado "The Vision and The Voice". O I Ching e o Tarot, apesar de pré-telêmicos, são considerados como parte do cânon telêmico informal. Outra obra fundamental para o conhecimento da filosofia telêmica são o Liber OZ, sub figura LXXVII, talvez a primeira carta de direitos do Ser Humano. Nele é exposta a filosofia de liberdade telêmica.