Revolução Bolchevique

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A Revolução Comunista Russa de 1917 foi um dos acontecimentos mais importantes da história do século XX, dando novos caminhos à humanidade. Vivia-se o período auge do capitalismo selvagem. Londres, a então “capital do mundo”, era um exemplo dessa época. De um lado os ricos, de outro a grande massa pobre. Este End, o bairro miserável, era o quadrante dos explorados e dos sem esperanças. Deve-se entender a tomada do poder pelos comunistas russos como um acontecimento de significado dual. Na Rússia, a instalação de um governo em nome dos trabalhadores; nas potências capitalistas, o temor que isso provocou. O resultado foi que a revolução comunista suavizou o capitalismo, com uma melhor repartição das riquezas produzidas pela sociedade. Se os operários e camponeses russos passaram a ter expectativa de um melhor nível de vida, os trabalhadores da Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha, França e outros países realmente conseguiram esse direito. No Brasil, o governo começou a perceber que os problemas sociais não poderiam ser resolvidos pela polícia. A revolução soviética foi importante para a história da humanidade, porém ela também teve o seu lado bárbaro. Canibalizou tanto seus opositores como alguns revolucionários. Logo após Lênin assumir o poder, os inimigos dos bolcheviques foram prontamente eliminados, a começar pela família imperial, os Romanov. Nicolau II ficou aprisionado em Ekaterinburgo até julho de 1918, quando foi executado com toda sua família. Mas foi a partir de 1924 que o terror se intensificou. Stálin assumiu o comando do país com poderes ditatoriais. Expulsou do partido e do exército todos os seus possíveis inimigos ou rivais. Milhões foram presos, executados ou deportados para campos de trabalho na Sibéria. Estima-se que mais de 6 milhões de pessoas foram mortas. Os números são eloqüentes: o censo de 1937 revelou que a população havia caído em oito milhões de pessoas, por causa da reforma agrária, da repressão política e das execuções. Entre 1937 e 1938, foram presos cerca de um milhão e meio de “inimigos do povo” e, oficialmente, realizadas “só” 681.692 execuções, uma média de quase mil por dia. Ninguém estava livre da paranóia do ditador vermelho. De 1924 a 1926, o poder do Partido e do país estava nas mãos da tróika formada por Stalin, Liev Kamenev e Gregory Zinoviev, criada quando da doença de Lênin. A segunda tróika, que teve vida do final de 1926 até o final de 1928, era composta por Stalin, Nikolai Ivanovitch Bukarin e Alexei Rykov. Zinovyev e Kamenev, foram executados em 1936. Burkarin e Rykov, foram executados em 1938. Karl Radek, integrante do Comintern, faleceu na prisão. A stalinização do exército vermelho prendeu e eliminou três marechais, 14 comandantes-de-exército, 8 almirantes, 60 comandantes-de-corpos-de-exército, 136 comandantes-de-divisão, 221 comandantes-de-brigada, 11 vice-comissários de defesa, 75 membros do soviete militar e mais 528 outros altos oficiais e funcionários do setor militar. Cientistas e intelectuais também foram atingidos pelo expurgo. Andrei Nikolaevitch Tupolev, projetista do avião que leva seu nome e do primeiro túnel aerodinâmico russo, e Sergei Korolev, que em 1933 construiu o primeiro foguete experimental soviético movido a combustível líquido, foram presos e enviadas para a Sibéria. Também foram presos (e muitos deportados para prisões siberianas ou executados) quase todos os astrônomos do Observatório de Pulkovo, os estatísticos que tabularam o recenseamento de 1937, centenas de lingüistas e de biólogos, que refutaram a lingüística e a biologia “oficial”, e cerca de 2 mil membros da União dos Escritores. Entre as vítimas mais famosas estão os escritores Isaac Babel (fuzilado em 1940), Boris Pilniak (fuzilado em 1938) e Iuri Olecha, Panteleimon Romanov, os poetas Nikolai Kliuev (provavelmente morreu em um campo de prisioneiros, em 1937), Nikolai Zabolotsky (preso durante oito anos), o polonês Ossip Mandelstam (morto na Sibéria, em 1938), o armênio Gurgen Maari, os georgianos Paolo Iashvili, Mikheil Javakhishvili e Titsian Tabidze (os dois últimos mortos em 1937) e o compositor Dmitri Shostakovich (jogado no limbo do ostracismo). Porém a vítima emblemática do stalinismo foi Leon Trotski, o fundador do exercito vermelho. Em 1927, foi expulso do partido e do país. Em 1940 foi assassinado no México, onde estava exilado, a mando de Stalin. Os crimes de Stalin foram denunciados por Nikita Khrutchev, no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1953, quando ele assumiu o cargo de secretário-geral do partido. Tempos depois, já como primeiro-ministro do país, quando participava de uma conferencia com membros do Partido Comunista, pediu que lhe fizessem perguntas por escrito. Uma das indagações, feita por um dos integrantes da platéia, pedia que ele explicasse porquê não denunciou o terror de Stalin, quando o ditador ainda estava vivo. Vermelho de raiva, o então chefe do governo soviético gritou: “Quem fez está pergunta?”. Ninguém respondeu. Já calmo, ele prossegui: “Pela mesma razão que você não se apresenta agora; simplesmente por medo”. Calcula-se que de 1917 a 1953, ano da morte de Stalin, os expurgos, a fome, as deportações em massa, o trabalho forçado no Gulag e os fuzilamentos mataram algo em torno de 20 milhões de pessoas na antiga URSS. - Tomislav R. Femenick