Espécie em anel

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Neste esquema, populações que se cruzam estão representadas por blocos coloridos. Variação ao longo de um clino pode ser dobrada de modo a formar um anel.

Em biologia, espécies em anel apresentam um problema interessante para aqueles que procuram dividir o mundo vivo em espécies discretas.

Explicação do esquema

A barra colorida à direita representa um número de populações naturais, cada população sendo representada por uma cor diferente, variando ao longo de um clino (uma variação gradual nas condições que dão origem a características ligeiramente diferentes predominantes em organismos que vivem ao longo dele). Tais variações podem ocorrer numa linha recta (por exemplo, ao longo de uma encosta) como aparece em A, ou pode estar dobrado à volta (por exemplo, à volta da margem de um lago) como aparece em B.

No caso em que o clino é curvo, populações vizinhas no clino podem cruzar-se entre si, mas no ponto onde o princípio da curva encontra o fim novamente, como se mostra no C, as diferenças genéticas que se acumularam ao longo do clino são suficientemente grandes para prevenir os cruzamentos (representado pela lacuna entre o rosa e o verde no esquema). As populações que se conseguem cruzar neste círculo são então chamadas de espécie em anel.

Problema da definição

Quando se fala de espécies em anel, o problema é se se deve definir o anel inteiro como uma espécie única (apesar do facto de que nem todos os indivíduos se poderem cruzar) ou se se deve classificar cada população como uma espécie distinta (apesar de cada uma se poder cruzar com os seus vizinhos mais próximos). As espécies em anel ilustram que o conceito de espécie não é tão taxativo como muitas vezes se pensa que é.

Gaivotas Larus

As gaivotas do género Larus cruzam-se num anel à volta do Ártico
A gaivota-prateada, Larus argentatus (frente) e a gaivota-d'asa-escura, Larus fuscus (trás) na Polónia: duas espécies com claras diferenças.

Um examplo clássico de espécie em anel são as gaivotas do género Larus que ocupam um "anel" circumpolar. A área de distribuição destas gaivotas formam um anel à volta do Pólo Norte. A gaivota-prateada, que vive principalmente na Grã-Bretanha, pode hibridizar com Larus smithsonianus (que habita a América do Norte), que também se pode cruzar com Larus vegae (Sibéria), cujas sub-espécie ocidental se pode cruzar com Larus heuglini, que se pode cruzar com a "Siberian Lesser Black-backed Gull" (todas estas quatro epécies vivem na Sibéria). A última é a representante das "Lesser Black-backed Gull" no noroeste da Europa, incluindo a Grã-Bretanha. Contudo, esta e a gaivota-prateada são suficientemente diferentes para normalmente não se conseguirem cruzar; assim este grupo de gaivotas forma um contínuo excepto na Europa onde as duas linhagens se encontram. Um estudo genético recente mostrou que este exemplo é mais complexo do que apresentado aqui (Liebers et al, 2004). Este exemplo fala apenas das clássicas espécies do complexo e não inclui várias outros exemplos taxonomicamente pouco claros que pertencem à mesma superespécie.

Outros examplos

Outros exemplos incluem:

Ver também

Referências

  • Alström, Per (2006): Species concepts and their application: insights from the genera Seicercus and Phylloscopus. Acta Zoologica Sinica 52(Supplement): 429-434. PDF fulltext
  • Irwin, D.E., Irwin, J.H., and Price, T.D. (2001): "Ring species as bridges between microevolution and speciation." Genetica. 112-113: 223-243. PubMed
  • Futuyma, D. (1998) Evolutionary Biology. Third edition. Sunderland, MA, Sinauer Associates.
  • Moritz, C., C. J. Schneider, et al. (1992) "Evolutionary relationships within the Ensatina eschscholtzii complex confirm the ring species interpretation." Systematic Biology 41: 273-291.
  • Nova Scotia Museum of Natural History: Birds of Nova Scotia [1]
  • Adriaens, P. "Hybrid Gulls Breeding in Belgium" [2]

Ligações externas