Filossemitismo

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O filossemitismo[1] é um fenómeno cultural caracterizado pelo interesse ou afeição pelo povo judeu e pela sua cultura, história ou língua, quer da parte dos gentios ou não-judeus, quer dentro das comunidades judaicas.

O termo filossemitismo surgiu como pejorativo na Alemanha nazista, por grupos antissemitas para designar o preconceito positivo em relação aos judeus ou à amizade de gentios ou não-judeus para com os judeus.[2][3]

Filossemitismo e antissemismo[editar | editar código-fonte]

Uma corrente dos estudos judaicos tem se dedicado a estudar como o filossemitismo pode por vezes reproduzir traços do antissemitismo, notadamente quando abraçado por setores de extrema-direita. Para Michel Gherman, um fenômeno desse tipo se verificaria no bolsonarismo.[4] Segundo essa perspectiva, a partir de um estudos dos discursos de Jair Bolsonaro e Olavo de Carvalho, a proclamada simpatia de setores da extrema-direita ao Estado de Israel e aos judeus, muitas vezes apresentados sem distinção, reverberaria tropos antissemitas de duas formas. Em primeiro lugar, ao descrever os judeus como um grupo rico e poderoso. Nesse sentido, os judeus são apresentados de forma estereotipada como pilares do capitalismo, e portanto inerentemente hostis à esquerda.[5] A segunda e mais importante expressão de antissemitismo na simpatia da extrema-direita pelo judaísmo seria inspirada em autores como o rabino Marvin Stuart Antelman, e reafirma teorias da conspiração que apresentam os judeus de esquerda como um grupo em busca de domínio mundial, mas que em última análise minaria a própria nação judaica.[6] Nesse contexto, pesquisadores mostram como o filossemitismo da extrema-direita tem sido instrumentalizado para cindir a própria comunidade judaica. Reservaria-se assim o rótulo de verdadeiros judeus apenas àqueles que apoiam políticas conservadoras ou reacionárias, sendo os judeus de esquerda tratados como apóstatas ou traidores.[7]

Referências

  1. «filossemitismo». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 5 de março de 2020 
  2. Karp, Adam (2011). With Friends Like These Review of Philosemitism in History in the New Republic
  3. Edelstein, Alain (1982). An Unacknowledged Harmony, Philosemitism and the Survival of European Jewry, Greenwood Press, London (em inglês), pp. 11 e 13
  4. Gherman, Michel (2022). O não-judeu judeu: A tentativa de colonização do judaísmo pelo bolsonarismo. São Paulo: Fósforo. p. 9. ISBN 9786584568471 
  5. Gherman, p. 132
  6. Gherman, pp. 142, 145
  7. Gherman, p. 149
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