Hipersensibilidade do tipo III

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A hipersensibilidade de tipo III ocorre quando existe um acúmulo de imunocomplexos (complexos antígeno-anticorpo) que não foram depurados adequadamente pelas células imunes inatas, levando a um aumento da resposta inflamatória e atraindo leucócitos. Tais reações podem dar origem a doenças mediadas por imunocomplexos. 

Fisiopatología[editar | editar código-fonte]

A sensibilidade de tipo III ocorre quando existe excesso de antígeno, levando a formação de imunocomplexos que não são depurados da circulação. Envolve antígenos solúveis que não estão unidos à superficie ceular (em oposição a hipersensibilidade de tipo II). Quando estes antígenos se unem aos anticorpos, se formam imunocomplexos de tamanhos variáveis. Os imunocomplexos maiores podem ser depurados por macrófagos, mas estas células tem dificuldade em eliminar os imunocomplexos menores. Estes imunocomplexos se depositam em pequenos vasos sanguíneos, articulações e glomérulos, provocando sintomas. 


O depósito em tecidos frequentemente induz uma resposta inflamatória, o que pode provocar lesões nos lugares de precipitação. A causa das lesões é resultado da ação das anafilotoxinas do componente clivadas C3a e C5a, as quais, respectivamente, mediam a indução da liberação dos grânulos dos mastocitos (dos quais a histamina liberada pode provocar urticária) e o recrutamento de células inflamatórias no tecido (principalmente aquelas com ação lisossomal, levando ao dano tissular através de fagocitose frustrada dos polimorfonucleares e macrófagos)..[1]

Glomerulonefrite por depósito de imunocomplexos, como visto na púrpura de Henoch-Schonlein; este é um exemplo do envolvimento de IgA em uma nefropatía.  

A reação pode levar horas, dias ou mesmo semanas para desenvolver-se, dependendo da existencia ou não de uma memória imunológica para o antígeno. Tipicamente as características clínicas se evidenciam uma semana após o desafio antigênico inicial, quando os imunocomplexos depositados podem precipitar uma resposta inflamatória. Por causa da natureza da agregação de anticorpos, os tecidos que estão associados com a filtração sanguínea em um gradiente osmótico e hidrostático considerável (por exemplo, lugares de formação de liquido urinário e sinovial, glomérulos renais e articulaçoes, respectivamente) sofrem o maior dano. Logo, vasculite, glomerulonefrite e artrite são comumente condições associadas à hipersensibilidade de tipo III.[2]

Como se pode observar através de métodos histopatológicos, vasculite necrotizante aguda nos tecidos afetados é observada concomitantemente com infiltrado neutrofílico e com um notável depósito eosinofílico (necrose fibrinóide). As respostas cutâneas a este tipo de hipersensiblidade são conhecidas como reação de Arthus, e são caracterizadas por eritema local e algum grau de induração. Agregação plaquetária, especialmente na microvasculatura, pode provocar a formação de trombos localizados, levando a hemorragias grumosas. Isso exemplifica a resposta à injeção de antígenos estranhos suficiente para levar a condição de doença do soro. [1]

Exemplos[editar | editar código-fonte]

Alguns exemplos clínicos

Doença Antigeno Clínica
Lupus Eritematoso Sistemico Antigenos Nucleares
  • Nefrite
  • Lesões cutaneas
  • Artrite
Artrite Reumatóide Complexos de anticorpos (IgM e IgG)
  • Artrite
Glomerulonefrite pós-estreptocócica Antigenos da parede celular do estreptococo
  • Nefrite
Poliarterite Nodosa Antigeno de superfície do vírus da Hepatite B (HBV)
  • Vasculite Sistemica
Artrite reativa Vários antigenos bacterianos
  • Artrite aguda
Doença do soro Varias
  • Artrite
  • Vasculite
  • Nefrite
Reação de Arthus Varias
  • Cutaneous vasculitis
Pulmão de fazendeiro Antigenos inalados (pó de feno)
  • Inflamação alveolar
Purpura de Henoch-Schonlein Desconhecida, provavelmente patógeno respiratório
  • Purpura
  • Glomerulonefrite

Outros exemplos são

  • Endocardite bacteriana subaguda
  • Sintomas de malaria

References[editar | editar código-fonte]

  1. a b Parham, Peter (2009). «12». The Immune System 3rd ed. New York, NY: Garland Science. p. 389 
  2. Kumar, Vinay (2010). «6». Robbins and Cotran Pathologic Mechanisms of Disease 8th ed. Philadelphia: Elsevier. pp. 204–205