História de Ghanem, o Escravo do Amor

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História de Ghanem, o Escravo do Amor[1] é um conto cheio de surpresas e reviravoltas de As Mil e Uma Noites. Inclui duas sub-histórias logo no começo, dos negros eunucos sudaneses.[2]

História principal[editar | editar código-fonte]

Um rico comerciante chamado Ayub tinha um filho chamado Ghanem (ou Ganem, ou Ganim), que acabou ficando conhecido como El-Molim El-Massloub, O Escravo do Amor,[3] e uma filha chamada Fetnah. Quando ele morreu, deixou uma carga de mercadorias valiosas que pretendia vender em Bagdá. Ghanem decidiu realizar o plano paterno e seguiu até lá.

Uma noite em Bagdá, voltando de um funeral fora da cidade, encontrando seus portões já fechados, precisou se abrigar num mausoléu. Lá flagrou, escondido no alto de uma palmeira, três negros eunucos sudaneses enterrando uma caixa misteriosa. Quando os negros se afastaram, desenterrou e abriu a caixa, e lá deparou com uma jovem entorpecida por uma substância, que havia sido enterrada viva.

Levou-a para casa e, embora se apaixonassem e se entregassem a diversas carícias e jogos amorosos, a moça não permitia que tivessem relações sexuais. Uma noite, quando ele tentou forçar a barra, ela revelou ser Kut al-Kulub (ou Qut Alqulub, “força dos corações”)[4], a concubina favorita do sultão Harum al-Rashid. Dali em diante, Ghanem passou a tratá-la com o máximo de respeito.

A esposa do sultão, Zobeida, enciumada, havia tentado se livrar da rival dopando-a, encerrando-a numa caixa e ordenando que os três escravos a enterrassem. Mas o sultão acabou descobrindo o paradeiro da sua favorita, e Ghanem teve de fugir e acabou caindo na extrema miséria. Sua mãe e irmã, alvos da ira do califa, também caíram na miséria. Kut al-Kulub foi encerrada numa câmara obscura sob a guarda de uma velha. Um dia o califa a ouviu falando sozinha, acusando-o de ter cometido uma injustiça. Mandou chamá-la e, convencido de que Ghanem jamais atentara contra a honra da moça, permitiu que ela fizesse diligências para localizá-lo e viesse a se casar com ele. No final feliz, todos se reencontram, Ghanem casa-se com Kut al-Kulub e o califa casa-se com a irmã de Ghanem.

História do negro Sauab, o primeiro eunuco sudanês[editar | editar código-fonte]

O primeiro negro deflorou a filha de seu proprietário, junto com quem foi criado, e como castigo foi castrado e se tornou eunuco da moça, quando esta se casou.

História do negro Kafur, o segundo eunuco sudanês[editar | editar código-fonte]

O segundo negro tinha o mau hábito de pregar uma mentira uma vez por ano. Não uma mentirinha qualquer, mas uma mentira destrutiva, como anunciar à esposa a morte de seu marido, e ao marido a morte de sua esposa, sem que ninguém tivesse morrido, causando assim graves danos.

Referências

  1. Na edição ilustrada de capa dura da Editora Saraiva de 1961, baseada no texto francês de Mardrus. Na tradução de Alberto Diniz a partir do texto francês de Galland, “A história se Ganem, filho de Abu Airu, Escravo do Amor”. A história consta do quinto volume do ‘’Livro das Mil e Uma Noites’’ (pp. 376-422) traduzido do árabe por Mamede Mustafa Jarouche sob o título "Ganim, o cativo do amor, e sua amada Qut Alqulub". Na tradução de Jarouche, feita sobre manuscritos antigos, essa história está dentro da história do rei Umar Annuman e seus descendentes, é narrada pelo vizir Darandan e apresenta conteúdo sensivelmente diverso dos textos da vulgata.
  2. O que seria a terceira sub-história, do terceiro eunuco sudanês, é apenas esboçada e logo interrompida.
  3. Le Livre des mille nuits et une nuit, Traduction par Joseph-Charles Mardrus. Eugène Fasquelle, éditeur, 1918.
  4. Idem.