Meruzanes I Arzerúnio

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Meruzanes I Arzerúnio
Morte 380/381
Bagrauandena
Etnia Armênio
Progenitores Pai: Savaspes
Ocupação Nobre
Religião Zoroastrismo

Meruzanes I Arzerúnio[1] (em armênio/arménio: Մերուժան Ա Արծրունի) foi um nacarar armênio do século IV da família Arzerúnio que foi citado em duas ocasiões nas fontes do período, em 363 e 381.

Vida[editar | editar código-fonte]

Dinar de ouro de Sapor II (r. 309–379)

Nenhum documento dá seu parentesco, mas sabe-se que ca. 350 Savaspes era o único membro da família Arzerúnio a sobreviver ao massacre encabeçado pelo rei Tigranes VII (r. 339–350) e se casou com uma filha de Bassaces I. Cronologicamente, Meruzanes só poderia ser filho desse casal.[2] Embora a Armênia se converteu ao cristianismo desde 302 com Tirídates III (r. 298–330), Meruzanes permaneceu zoroastrista. Quando o Sapor II (r. 309–379) invadiu o país, Meruzanes apoiou o invasor pelo fato de compartilharem a mesma fé e inclusive relevou suas tentativas de converter o país. O rei Ársaces II (r. 350–368) fugiu, mas a invasão foi repelida pelo asparapetes (generalíssimo) Bassaces I.[3]

Para muitos historiadores é tido como um traidor, a quem Sapor II prometeu propriedades e o governo do país. Mas outros veem-o como líder legítimo e que suas ações lhe permitiriam lutar contra o cristianismo. Segundo o historiador Tomás Arzerúnio, Meruzanes foi morto durante a restauração do rei Papas (r. 370–374), filho de Ársaces II, pelo general armênio Simbácio II Bagratúnio que depositou em sua cabeça uma coroa de ferro vermelha.[4] Segundo Moisés de Corene, na invasão sitiou a rainha Paranzém em Artogerassa.[5] Christian Settipani dá a data de 381 para sua morte[6] e Cyril Toumanoff dá a data de 380.[7] Essa diferença se dá por associarem-o ao homônimo que lutou com Manuel Mamicônio.

Segundo Fausto, o Bizantino, em 378 invejando o apreço que Sapor nutria por ele, bem como dos inúmeros presentes que recebia da Pérsia, tramou um plano contra Manuel. Fez com que acreditasse que o marzobã Surena planejava matá-lo, o que levou Manuel a atacar e destruir o destacamento de 10 000 cavaleiros persas na Armênia, embora permitiu que Surena fugisse.[8] Em resposta, vários oficiais persas foram enviados contra a Armênia, mas todos foram derrotados.[9] Essas vitórias garantem 7 anos de paz à Armênia[10] que só terminaria com nova invasão, desta vez sob o comando de Meruzanes, que rebelou-se contra o rei, convertendo-se ao zoroastrismo e pondo-se a disposição persa à captura ou destruição de Manuel. Muitas vezes guiou tropas persas contra o país, trazendo grandes males. Sem autorização do xá, organizou grande exército e marchou contra o país. Uma grande batalha ocorreu no distrito de Bagrauandena, onde Manuel mais uma vez saiu vitorioso e Meruzanes foi decapitado.[11]

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Adontsʻ, Nikoghayos (1970). Armenia in the period of Justinian: the political conditions based on the Naxarar system. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian 
  • Grousset, René (1947). História da Armênia das origens à 1071. Paris: Payot 
  • Moisés de Corene (1978). Thomson, Robert W., ed. History of the Armenians. Cambrígia, Massachusetts; Londres: Harvard University Press 
  • Settipani, Christian (2006). Continuidade das elites em Bizâncio durante a idade das trevas. Os príncipes caucasianos do império dos séculos VI ao IX. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 
  • Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle: Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila