O pintor de batalhas (Pérez-Reverte)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O pintor de batalhas
O pintor de batalhas (PT)
Autor(es) Arturo Pérez-Reverte
Idioma castelhano
País Espanha
Assunto Guerra, Pintura
Género Romance
Edição portuguesa
Tradução Helena Pitta
Editora ASA
Lançamento 2007
Páginas 224
ISBN 978-972-41-9000-0
Cronologia
A rainha do Sul
O assédio

O Pintor de Batalhas é um romance escrito por Arturo Pérez-Reverte, publicado pela primeira vez em 2006.

Um velho combatente emerge do passado para pedir contas a um fotógrafo de guerra. A literatura está cheia de encontros decisivos, de histórias que derivam do face a face entre dois personagens que se auto descobrem. O que foi o décimo sexto romance de Arturo Pérez-Reverte poderia ser considerado nesta linha de ficções a duas vozes, de personagens que se avaliam mutuamente. Através da complexa geometria do caos do século XXI: arte, ciência, guerra, amor, lucidez e solidão se combinam no vasto mural de um mundo que agoniza.[1]

Resumo[editar | editar código-fonte]

O personagem principal, Faulques, foi um repórter fotográfico de guerra que agora vive sozinho numa antiga torre de vigia num penhasco sobre uma praia de uma ilha no Mediterrâneo, em cuja parede circular está a pintar um mural com imagens de guerras antigas e modernas que se inspiram quer das suas experiências pessoais como fotógrafo quer das inúmeras pinturas sobre guerra que viu em muitos museus ao longo do tempo.[2]:contracapa

Um dia recebe a visita de um homem que o quer matar. Este homem é uma sombra do passado, o sujeito de uma das inúmeras fotografias de guerra que publicou e que foi premiada. Com o desenrolar do enredo, conhece-se a história da vida do fotógrafo/pintor em que emerge o relacionamento amoroso com uma bela mulher, também fotógrafa, que o acompanhou em zonas de guerra, com pausas em locais aprazíveis como Veneza.[2]:contracapa

O visitante tem a oportunidade de contar a história terrível da sua vida que se desenrolou na recente Guerra de Independência da Croácia.

-Já sabe por que razão o ser humano tortura e mata os da sua espécie?... Nesses trinta anos de fotografias, obteve uma resposta?

Faulques desatou a rir-se. Um riso curto, sem vontade.

-Não são precisos trinta anos. Qualquer um pode comprová-lo, por pouco atento que esteja... O homem tortura e mata porque é assim. Agrada-lhe.

-Lobo para o homem, como dizem os filósofos?

-Não insulte os lobos. São assassinos honrados: matam para viver.
(Capítulo 7, pag. 77[2])

Apreciação[editar | editar código-fonte]

O historiador da ciência e académico José Manuel Sánchez Ron considera O Pintor de Batalhas um parente próximo de Território Comanche, considerando-o como o livro mais desanimador, mais difícil e triste de Pérez-Reverte. E certamente também o mais lúcido, além de ser o mais ambicioso, intelectual e literariamente. Nele, não há vestígios de esperança, ou de uma visão amável e compassiva do mundo, do mundo habitado por nós, humanos, que muitas vezes são caracterizados em suas páginas com frases como: "Quando o desastre devolve ao homem o caos de onde ele procede, todo esse verniz civilizado fica em pedaços, e é novamente o que foi, o que sempre foi: um rigoroso filho da puta".[3]

O único consolo, prossegue Sánchez Ron, doloroso e insignificante consolo, é "o alívio de saber, quando tudo arde, que não há pessoas queridas ardendo nas ruínas do mundo". Claro que a esse consolo apenas alguns poucos têm acesso; não, por exemplo, aquelas mulheres vestidas de luto que são mencionadas em algum momento, ajoelhadas diante de caixões miseráveis contendo os corpos - os restos, melhor dito - de seus filhos ou maridos, cantarolando, como se fosse uma oração, uma das frases mais tristes que eu recordo: "É escura a casa onde agora vives".[3]

Prémios[editar | editar código-fonte]

Prémio Gregor von Rezzori 2008 (Florença, Italia) - Melhor obra de narrativa estrangeira [4]

Repercussão[editar | editar código-fonte]

Em 2016, o escritor Antonio Álamo criou uma peça de teatro com a adaptação de O pintor de batalhas.[5]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Carles Barra, "Ninguna foto es inocente", La Vanguardia, 30-04-2006, Disponível em http://www.perezreverte.com/articulo/criticas/463/ninguna-foto-es-inocente/
  2. a b c Arturo Pérez-Reverte, O Pintor de Batalhas, 2007, ASA Editores, SA, ISBN 978-972-41-5000-0, pag. 224.
  3. a b José Manuel Sánchez Ron, El pintor de batallas, El País, 04-11-2010, Disponível em https://elpais.com/diario/2010/11/04/cultura/1288825206_850215.html
  4. «www.premiovonrezzori.org/2008-vincitori» 
  5. 'El pintor de batallas' sube a los escenarios, www.laverdad.es, consultado el 04/12/2016.