Orientalismo

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As mulheres de Argel por Eugène Delacroix

Orientalismo é um termo polissêmico utilizado tanto para definir os estudos orientais - ou seja, o estudo das civilizações orientais atuais ou históricas, especialmente do Oriente Médio e, em menor medida, do Extremo Oriente - como para designar a representação, imitação ou mistificação, segundo uma visão eurocêntrica, de determinados aspectos das culturas orientais, por parte de escritores e artistas plásticos ocidentais, que acabaram por convertê-los em estereótipos.

Popularizado como um campo de estudo desde o século XVIII, mas tendo adquirido particularidades institucionais a partir do colonialismo moderno do século XIX, o orientalismo estudava, sem distinções, um vasto grupo de civilizações que incluem o Extremo Oriente, a Índia, a Ásia Central, o Médio Oriente (vulgarizado pela designação Mundo Árabe) e mesmo a África, em alguns casos.

O orientalismo serviu com uma ferramenta legitimadora da exploração colonial através de um trabalho de pesquisa pautado, antes de tudo, na hipótese da inferioridade racial e cultural de todas as civilizações não europeias. O seu objectivo, não assumido, foi a busca da justificação do processo imperialista através do discurso de redenção dos "primitivos, inferiores e subdesenvolvidos".

Tal prática mostrou-se amplamente nociva e eficaz em criar um desinteresse absoluto em conhecer mais profundamente as civilizações asiáticas e africanas, bem como de trabalhar o medo e a desconfiança em relação aos dominados, cujas sociedades eram tidas como "incultas, irracionais e perigosas".

Somente num período recente tal postura foi revista pelo intelectual Edward Said, em cujo livro "Orientalismo" ficam explícitos como tais expedientes actuam, até os dias de hoje, na construção da imagem do mundo islâmico. Algumas áreas com mais tradição em estudos asiáticos, como a sinologia e a indologia, conseguiram de algum modo superar parte desta carga de preconceito, mas a crítica de como as culturas orientais e africanas são recebidas pelo público ocidental em geral continua válida e actual, como bem demonstraram as reacções aos eventos do 11 de Setembro e da Guerra do Iraque.

Pode-se, portanto, afirmar que o orientalismo – em sua tendência ortodoxa – foi uma das teorias criadas em meio as ciências humanas que maior êxito obtiveram em deturpar a mentalidade ocidental sobre o que seria o "oriente", tornando-o exótico, misterioso, problemático e perigoso.

Bibliografia

Said, Edward, "Orientalismo – a Invenção do Oriente pelo Ocidente", Schwabe, Raymond: La Renaissance Orientale, 1950.

No Brasil o orientalismo, seja na sinologia, da indologia, ou ambas, conta com as obras de, entre outros, Ricardo Gonçalvez, japanólogo e historiador do budismo japonês; Bruno Sproviero, filósofo e sinólogo; Ricardo Joppert, sinólogo; Jesualdo Correia, linguista e orientalista (sinólogo e indólogo), Joaquim Monteiro, budólogo, assim como mais recentemente André Bueno, sinólogo.

Ver também

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