Serrasalmus spilopleura

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A piranha-doce (Serrasalmus spilopleura) é uma espécie de piranha que habita os rios amazônicos da bacia do rio Guaporé, mas também foi relatada, provavelmente como espécie invasora introduzida acidentalmente, em rios da bacia do Prata Paraguai e Argentina, do rio Tietê, em São Paulo, bem como o rio São Francisco. Tais peixes chegam a medir 26 cm de comprimento, possuindo o corpo ovalado com dorso cinza-escuro e ventre esbranquiçado. [1]

ETIMOLOGIA[editar | editar código-fonte]

Nome científico: Serrasalmus spilopleura.

Nomes Comuns: Piranha Amarela/Doce — Inglês: Speckled piranha.

Nomes populares: pirambeba; palometa; catirina.

Origem: Serrasalmus; latim, serran, serranus, serra um peixe do gênero Serranus + Latim, salmo = salmão. (FRICKE et al, 2023).

TAXONOMIA E SISTEMÁTICA[editar | editar código-fonte]

Ordem: Characiformes.

Família: Serrasalmidae.

Subfamília: Serrasalminae.

Status atual: Válido como Serrasalmus spilopleura, Rudolf  Kner 1858. (FRICKE et al,  2023).

Relações filogenéticas:  Estudos morfológicos e moleculares concordam com a hipótese de que os gêneros de piranhas Serrasalmus, constitui uma unidade monofilética da família Serrasalmidae (BIGNOTTO, 2010).

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA[editar | editar código-fonte]

Bacias hidrográficas naturais: De acordo com o catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil, ocorrem naturalmente na Bacia do Rio Guaporé e na Bacia do Rio Paraguai (BUCKUP; MENEZES; GHAZZI, 2007).

Outras bacias de ocorrência:

Bacia do Rio Grande, Bacia do Rio Piracicaba no reservatório de Salto Grande em Americana - SP, bem como ambientes lênticos de outras bacias como, a Bacia hidrográfica do Atlântico Norte/Nordeste, principalmente em Lagoas e Reservatórios da região da Sub-bacia do Rio Grande do Norte, como,  Lagoa de Extremoz, reservatório de Porto Colômbia, entre outras que vêm sendo introduzidas (COSTA et al., 2005; RAPOSO; GURGEL, 2003)

Tipo de ambiente: Encontradas principalmente em ambientes lênticos, as S. spilopleura vêm sendo beneficiadas com a construção de barragens ao longo dos rios onde ocorrem, também, se estabelecem muito facilmente quando introduzidas em reservatórios podendo ser invasora de outras bacias (FERREIRA et al., 1998; SAMPAIO; SCHMIDT, 2013, p. 18).

BIOLOGIA E HISTÓRIA NATURAL[editar | editar código-fonte]

Reprodução: Na Amazônia, Leão (1996) menciona para Serrasalmus, a coincidência entre o período de desova e a elevação do nível das águas.

Setembro, Outubro e Novembro, meses de baixas profundidades e de seca, são usados para o desenvolvimento das gônadas da espécie. Nesse caso é sugerido que o aumento do nível de água nos lagos possa exercer influência no ciclo gonadal, acelerando a maturação dos ovócitos que daria início a desova dos peixes.

Na Amazônia Central, a reprodução dos peixes tem sido relacionada com a flutuação do nível d'água, que apresenta média anual em torno de 10 m, regulando o ciclo biológico dos peixes principalmente no desenvolvimento dos órgãos sexuais, sendo considerado estímulo para o desencadeamento da desova (SANTOS 1982, LEÃO et al. 1991).

Essas condições normalmente estão associadas ao início da época de chuvas e da alagação, quando a alta disponibilidade de alimentos favorece o desenvolvimento e crescimento das larvas e juvenis (MENENZES & VAZZOLER 1992, SÁNCHEZ-BOTERO & ARAÚJO-LIMA 2001, LEITE et al. 2006). Para as espécies migradoras, a época de desova coincide com a enchente.

Comportamento: Sazima e Machado (1990) indicam algumas estratégias de predação da espécie, observadas em ambiente natural para a região do Estado do Mato Grosso, apontando que a preferida são ataques furtivos por trás das vitimas ou em comportamento de dissimulação aguardando o melhor momento para o ataque com uma aproximação sutil. A estratégia pode estar relacionada também às águas claras.

Alimentação: Os serrasalmídeos são predadores e se alimentam, principalmente, de pedaços de nadadeiras, escamas e outras partes do corpo de suas presas (NORTHCOTE et al., 1986; POMPEU, 1999; AGOSTINHO e MARQUES, 2001; POMPEU e GODINHO, 2003; COSTA et al., 2005).

CONSERVAÇÃO[editar | editar código-fonte]
  • A piranha amarela Serrasalmus spilopleura é consumida pela população ribeirinha, ocasionalmente comercializada nos mercados e feiras da região e começa a ser explotada (Extraídas como proveito econômico) como peixe ornamental (ISAAC et aI., 2004; SOARES et aI., 2007).
  • Classificado na categoria ‘menos preocupante’ no livro vermelho de 2018
  • Presente na RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL DONA ARACY
    • Localizada no município de Miranda, no portal do Pantanal Sul, entre os rios Miranda e Aquidauana
    • Antiga fazenda que foi investida no ecoturismo. Hoje só se tem a presença do ecoturismo e estudos científicos
  • Presente no Parque Estadual do Morro do Diabo
  • A Serrasalmus spilopleura na Represa do Beija-flor encontra um bom local para se alimentar sem entrar em competição direta com outras espécies carnívoras (FERNANDES, 2010).
ASPECTOS CULTURAIS[editar | editar código-fonte]

Apesar de possuírem má reputação em decorrência de ataques a seres humanos e outros vertebrados terrestres, e serem consideradas tipicamente carnívoras, as mesmas podem explorar, diferentes recursos alimentares, principalmente em decorrência de sazonalidade e ontogenia (COSTA et al., 2005; RAPOSO; GURGEL, 2003). É uma importante fonte de proteína para  povos ribeirinhos e fonte de renda em feiras e mercados (SILVA, 2023).

Como ler uma infocaixa de taxonomiaSerrasalmus spilopleura

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Família: Characidae
Gênero: Serrasalmus
Espécie: S. spilopleura
Nome binomial
Serrasalmus spilopleura

Referências

2. AGOSTINHO, C.S.; MARQUES, E.E. Selection of netted prey by piranhas, Serrasalmus marginatus (Pisces, Serrasalmidae). Acta Sci. Biol. Sci., Maringá, v. 23, n. 2, p. 461-464, 2001.

3. BIGNOTTO, S,T. Comparação molecular de piranhas dos gêneros Serrasalmus e Pygocentrus (Characiformes, Serrasalmidae) das bacias do alto rio Paraná, alto rio Paraguai, rio Tocantins e rio São Francisco, 2010. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E MELHORAMENTO. Disponível em: <http://repositorio.uem.br:8080/jspui/bitstream/1/1338/1/000195176.pdf>. Acesso em: 05 jan de 2024.

4. BUCKUP, P. A.; MENEZES, N. A.; GHAZZI, M. S. (ed.). Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil. 23. ed. Rio de Janeiro: MUSEU NACIONAL - Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007. 195 p.

5. CARNEIRO, S.C. Aspectos anatômicos relacionados à natação e à alimentação de nove espécies de peixes Characiformes coletados nos rios Piracicaba e Mogi-Guaçu. Estado de São Paulo. Tese (Doutorado em Zoologia)-Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2003.

6. COSTA, A.C. et al. Alimentação da pirambeba Serrasalmus spilopleura Kner, 1858 (Characidae; Serrasalminae) em um reservatório do Sudeste brasileiro Acta Sci. Biol. Sci., Maringá, v. 27, n. 4, p. 365-369, 2005.

7. FERNANDES, D. Caracterização biológica da ictiofauna carnívora da Represa do Beija-flor, Estação Ecológica de Jataí, Luiz Antônio, SP. Tese (Mestre em Ecologia e Recursos Naturais) - na Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2010.

8. FERREIRA, L. I. et al. Distribuição, reprodução e alimentação de Serrasalmus Spilopleura no reservatório de Salto Grande - Americana, SP, Brasil. Revista Bioikos, PUC-Campinas, v. 12, n. 1, p. 20-28, 1998. Disponível em: https://periodicos.puc-campinas.edu.br/bioikos/article/view/951. Acesso em: 5 fev. 2024.

9.FRICKE, R., ESCHMEYER, WN & R. van der Laan (eds) 2023. CATÁLOGO DE PEIXES DE ESCHMEYER: GÊNEROS, ESPÉCIES, REFERÊNCIAS. Disponível em: <http://researcharchive.calacademy.org/research/ichthyology/catalog/fishcatmain.asp>. Acesso em: 05 jan de 2024.

10. LEÃO, E.L.M. 1996. Reproductive biology of piranhas (Teleostei, Characiformes). In Physiology and Biochemistry of the fishes of the Amazon (A.L. Val, V.M.F. Almeida-Val & D.J. Randall, eds.). INPA, Manaus, p.31-41.

11. LEÃO, E.L.M., LEITE, R.G., CHAVES, P.T.C. & FERRAZ, R. 1991. Aspectos da reprodução, alimentação e parasitofauna de uma espécie rara de piranha, Serrassalmus altuvei Ramirez, 1965 (Pisces Serrasalmidae) do baixo rio Negro. Rev. Bras. Biol. 51(3):545-553.

12. LEITE, R.G., SILVA, J.V.V. & FREITAS, C.E. 2006. Abundância e distribuição das larvas de peixes no Lago Catalão e no encontro dos rios Solimões e Negro, Amazonas, Brasil. Acta Amaz. 36(4):557-562. http://dx.doi.org/10.1590/S0044-59672006000400018

13. MACIEL, H.M. et al. Reprodução da piranha-amarela Serrasalmus spilopleura Kner, 1858, em lagos de várzea, Amazonas, Brasil

14; MARINS, R.V. Biologia e auto-ecologia das piranhas do pantanal Mato-grossense. Cuiabá: Efrimat, 1982.

15. MENEZES, N.A. & VAZZOLER, A.E.A. 1992. Reproductive characteristics of Characiformes. In Reproductive biology of South American vertebrates: aquatic and terrestrial (W.C. Hamlett, ed.). Springer-Verlag, p.60-70.

16. NORTHCOTE, T.G. et al. Differential cropping of the caudal fin lobes of prey fishes by the piranha, Serrasalmus spilopleura Kner. Hydrobiologia, The Netherlands, v. 141. n. 3, p. 199-205, 1986.

17. POMPEU, P.S. Dieta da pirambeba Serrasalmus brandtii Reinhardt (Teleostei, Characidae) em quatro lagoas marginais do rio São Francisco, Brasil. Rev. Bras. Zool., Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 19-26, 1999.

18. POMPEU, P.S.; GODINHO, H.P. Dieta e estrutura das comunidades de peixes de três lagoas marginais do médio São Francisco. In: GODINHO, H.P.; GODINHO, A.L. (Ed.). Águas, peixes e pescadores do São Francisco das Minas Gerais. Belo Horizonte: PUC Minas, 2003. cap. 2, p. 183- 194.

19. RAPOSO, R. M. G.; GURGEL, H. C. B. Variação da alimentação natural de Serrasalmus spilopleura Kner, 1860 (Pisces, Serrasalmidae) em função do ciclo lunar e das estações do ano na lagoa de Extremoz, Rio Grande do Norte, Brasil. Acta Scientiarum. Animal Sciences, Maringá, v. 25, n. 2, p. 267-272, 2003. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/6e76/c692650e994d25df460505d7f93ae4978146.pdf. Acesso em: 1 jan. 2024.

20. SAMPAIO, A. B.; SCHMIDT, I. B. Espécies Exóticas Invasoras em Unidades de Conservação Federais do Brasil. Revista Biodiversidade Brasileira, Brasília/DF, v. 3, n. 2, p. 1-18, 2013. DOI https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v3i2.351.

21. SANTOS, G.M. 1982. Caracterização, hábitos alimentares e reprodutivos de quatro espécies de "aracus" e considerações sobre o grupo no lago Janauacá, AM. (Characoidei). Acta Amaz. 12(4):713-739.

22. SAZIMA, I. MACHADO, F.A.1990. Underwater observations of piranhas in western Brazil. Environ. Biol. Fish, 28: 17-31.

23. SAZIMA, I.; POMBAL JUNIOR, J.P. Mutilação de nadadeiras em acarás Geophagus brasiliensis por piranhas Serrasalmus spilopleura. Rev. Bras. Biol., Rio de Janeiro, v. 48, n. 3, p. 477-483, 1988.

24. SILVA, V. A. G. Bioacumulação de Mercúrio Total em Tecido Muscular de Peixes e Avaliação de Risco à Saúde Pública em Áreas Impactadas por Atividades de Mineração na Serra de Carajás – PARÁ. 2023. 43 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém - Pará, 2023. Disponível em: http://bdta.ufra.edu.br/jspui/handle/123456789/3342. Acesso em: 10 fev. 2024.

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