Problema de Galton

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O problema de Galton, que leva o nome de Sir Francis Galton, é o problema de fazer inferências a partir de dados transculturais, devido ao fenômeno estatístico agora chamado de autocorrelação. O problema é agora reconhecido como geral e que se aplica a todos os estudos não experimentais e também a projetos experimentais. É simplesmente descrito como o problema de dependências externas ao fazer estimativas estatísticas quando os elementos amostrados não são estatisticamente independentes. Perguntar a duas pessoas na mesma casa se elas assistem TV, por exemplo, não dá respostas estatisticamente independentes. O tamanho da amostra, n, para observações independentes neste caso é um, não dois. Uma vez que os ajustes apropriados sejam feitos para lidar com dependências externas, os axiomas da teoria da probabilidade relativos à independência estatística serão aplicados. Esses axiomas são importantes para derivar medidas de variância, por exemplo, ou testes de significância estatística.

Origem[editar | editar código-fonte]

Em 1888, Galton estava presente quando Sir Edward Tylor apresentou um artigo no Royal Anthropological Institute. Tylor compilou informações sobre instituições de casamento e descendência para 350 culturas e examinou as correlações entre essas instituições e as medidas de complexidade social. Tylor interpretou seus resultados como indicações de uma sequência evolutiva geral, na qual as instituições mudam o foco da linha materna para a linha paterna à medida que as sociedades se tornam cada vez mais complexas. Galton discordou, apontando que a semelhança entre as culturas poderia ser devido ao empréstimo, poderia ser devido à descendência comum ou poderia ser devido ao desenvolvimento evolucionário; ele sustentou que, sem controlar o empréstimo e a descendência comum, não se pode fazer inferências válidas a respeito do desenvolvimento evolutivo. A crítica de Galton tornou-se o homônimo Problema de Galton, [1] :175 como nomeado por Raoul Naroll, [2] [3] que propôs as primeiras soluções estatísticas.

No início do século 20, o evolucionismo unilinear foi abandonado e, com ele, a inferência direta de correlações para sequências evolucionistas. As críticas de Galton provaram-se igualmente válidas, entretanto, para inferir relações funcionais a partir de correlações. O problema da autocorrelação permaneceu.

Soluções[editar | editar código-fonte]

O estatístico William S. Gosset em 1914 desenvolveu métodos para eliminar a correlação espúria devida a como a posição no tempo ou no espaço afeta as semelhanças. As pesquisas eleitorais de hoje têm um problema semelhante: quanto mais perto da eleição, menos indivíduos se decidem independentemente e maior será a falta de confiabilidade dos resultados das pesquisas, especialmente a margem de erro ou os limites de confiança. O n efetivo de casos independentes de sua amostra cai conforme a eleição se aproxima. A significância estatística cai com o tamanho efetivo da amostra menor.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Stocking, George W. Jr. (1968). "Edward Burnett Tylor." International Encyclopedia of the Social Sciences. David L. Sills, editor, New York, Mcmillan Company: v.16, pp. 170–177.
  2. Raoul Naroll (1961). «Two solutions to Galton's Problem». Philosophy of Science. 28: 15–29. doi:10.1086/287778 
  3. Raoul Naroll (1965). «Galton's problem: The logic of cross cultural research». Social Research. 32: 428–451