Salão do Bar Brasil

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Salão do Bar Brasil ou Exposição de Arte Moderna (1936), foi o evento que marcou o início do Modernismo no campo das artes plásticas em Minas Gerais.

História[editar | editar código-fonte]

Nos idos de 1936, realizou-se em Belo Horizonte o segundo Congresso Eucarístico Nacional. A iniciativa levou para a capital mineira um conjunto de eclesiásticos e de personalidades políticas de cunho conservador. Os tempos eram de tensão, pois que o Golpe de 1937 já se anunciava e as atenções se dirigiram todas então à cidade. Como parte das atividades relacionadas ao Congresso, foi programada a exposição do artista Aníbal Mattos, um pintor academicista que era então completamente contrário à Arte Moderna.

Concomitante a isso, um grupo de artistas mineiros programou uma segunda exposição, de cunho diretamente oposto a de Mattos. Realizado nos porões do Edifício Cine Brasil, na Praça Sete, centro de Belo Horizonte, o evento reunia artistas plásticos e ilustradores adeptos da Arte moderna. A maioria deles era autodidata, alguns tinham contato com o Rio de Janeiro e com São Paulo. Jeanne Louise Milde era a única que vinha do exterior.[1] Seu objetivo era protestar e exigir mais espaço e investimento para as artes no estado de Minas. Por isso mesmo a exposição foi feita em um Bar, um ambiente em si mesmo alternativo e boêmio.

"A mostra de arte é inaugurada no dia 10 de setembro. No dia 15, uma comissão de jurados, formada por artistas e intelectuais, reuniu-se para julgar os trabalhos, para os quais a Prefeitura Municipal instituiu prêmios de estímulo aos primeiros colocados. O prêmio, na categoria caricatura, coube a Delpino Junior e Monsã, ambos com auto-caricatura e João Baptista de Alvarenga pela caricatura do Presidente Dorinato Lima, receberam menção honrosa. O prêmio para arquitetura foi dividido entre Virgílio de Castro, pelo seu "Restaurante Popular e Hermínio Gauzzi pela Casa do Jornaleiro, tendo sido conferida menção honrosa a Shakespeare Gomes pela sua Piscina. Genesco Murta com o óleo Igreja do Rosário e observatório e Renato Lima com uma aquarela denominada Fazenda do Leitão receberam o primeiro lugar em pintura. Foram ainda premiados, com menção honrosa, Delpino Junior e Érico de Paula, por dois retratos que expuseram. O primeiro lugar em desenho coube à obra Miséria de Fernando Pierucetti, jovem e brilhante artista que pela primeira vez expunha os seus trabalhos, todavia sob o pseudônimo de Luiz Alfredo" [2].

Participantes[editar | editar código-fonte]

Repercussão[editar | editar código-fonte]

A exposição obteve não só enorme sucesso mas também uma grande repercussão midiática. Como parte dos artistas envolvidos no projeto trabalhava na imprensa local, fazendo ilustrações e caricaturas, eles mesmos conseguiram mobilizar os principais veículos da cidade e obter para a Exposição uma cobertura tão abrangente quanto a dada ao Congresso Eucarístico[2].

Uma das principais consequências do evento foi a abertura do Salão Municipal de Belas Artes de Belo Horizonte, receptivo às obras da modernidade que até então eram banidas da academia.A partir daí dois grupos—academicistas e modernistas—passaram a coexistir dentro dos círculos mineiros. Algum tempo mais tarde, em 1938, Jeanne Louise Milde organizou na Fazenda Petrópolis em Santa Luzia um final de semana de artistas, que buscava conciliar os modernos e os acadêmicos [3].

Referências

  1. VIEIRA, Ivone Luzia. «Exposições de arte moderna no Brasil do século XX: a dialética dos ciclos» (PDF). Anais XXVI Colóquio· 
  2. a b Fonseca, Monica (2006). «O salão Bar Brasil de 1936: antevisões do modernismo nas artes plásticas em Belo Horizonte» (PDF). II Encontro de História da Arte -- IFCH/ UNICAMP 
  3. RODRIGUES, Rita Lages (2001). Eu sonhava viajar sem saber aonde ia- Entre Bruxelas e Belo Horizonte: itinerários da escultora Jeann e Louise Milde de 1900 a 1997.2001. Belo Horizonte: Dissertação de Mestrado em História, FAFICH, UFMG. 162 páginas 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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