Teatro Online

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O Teatro Online, Teatro Digital ou e-Teatro, é um formato de apresentação de espetáculos teatrais pensado especificamente para a execução no universo digital e apresentado no mesmo. O Teatro Online pode ser concebido e transmitido em diversas plataformas digitais, dependendo da proposta da peça.

Muitos entendem Teatro Online como o Teatro presencial tradicional gravado e postado na internet. O termo específico se refere à criação de um conteúdo desenvolvido com a intenção de apresentá-lo na internet, e não ao ato de simplesmente gravar um espetáculo presencial e colocá-lo em plataformas digitais.

O Teatro Online usa de ferramentas do audiovisual e as aplica na performance ao vivo, utilizando recursos como por exemplo programas de transmissão, as câmeras como condutoras da narrativa, 3D e interação com o público.[1][2]

Origem[editar | editar código-fonte]

Não se sabe ao certo quando o termo surgiu, porém começou a ser utilizado com mais força no Brasil após a pandemia da COVID-19, que obrigou artistas a repensarem o Teatro e descobrir formas de mantê-lo vivo com o fechamento dos estabelecimentos não essenciais[3]. Sem a possibilidade de apresentações com público, vários artistas começaram a se direcionar para a internet e pensar em formas de adaptar o Teatro a ela.

O primeiro registro de Teatro Online no Brasil, ainda que não se utilizasse este termo na época, foi a transmissão virtual do espetáculo "Os Sertões"[4] do Teatro Oficina em 2007 através do portal UOL. O grupo de Teatro já havia feito transmissões ao vivo de peças em 2001 no Festival Teatro Oficina[5], mas por conta da visão de direção de José Celso Martinez Corrêa e sua ideia de usar as câmeras como parte da contação da história, este foi o primeiro espetáculo pensado especificamente para ser apresentado online.

Possibilidades no Teatro Online[editar | editar código-fonte]

A inclusão da interatividade com o público é uma das ferramentas que têm sido exploradas pelos artistas que migraram para a internet. Conforme a plataforma utilizada, é possível se comunicar com os espectadores por videochamadas, por enquetes, comentários, entre outros, permitindo que quem assiste ajude a contar a história direta ou indiretamente.[1]

Além de permitir o acesso de pessoas de outros estados e até mesmo de outros países, o Teatro Online permite que muito mais pessoas consigam assistir espetáculos por conta do limite geralmente maior de pessoas por sessão, sua facilidade, acessibilidade e pela possibilidade do barateamento de ingressos.[2]

Artistas no Online[editar | editar código-fonte]

Além da apresentação de "Os Sertões" pelo Teatro Oficina, não era grande a presença da classe teatral na internet. A migração para o digital começou a acontecer em maior escala[6] com o início do isolamento social causado pela pandemia do COVID-19.

Os Satyros adaptaram o espetáculo "Todos os Sonhos do Mundo"[7], de Ivam Cabral, para o formato online em março de 2020[8].

A Inquieta Cia organizou em abril e maio de 2020 um projeto de "pílulas dramatúrgicas" com cenas curtas e em julho do mesmo ano, começaram uma temporada de apresentações pela Instagram com o espetáculo "Metrópole"[9], anteriormente apresentado de forma presencial e adaptado para o online, estrelando Silvero Pereira e Gyl Giffony.

A partir de Julho, há um aumento das produções, como a Armazém Companhia de Teatro que iniciou temporada online com a peça "Parece Loucura Mas Há Método".[10] Em seguida o Núcleo Pequeno Ato estreou o espetáculo "Caso Cabaré Privê"[11], com direção de Pedro Granato, e o núcleo WeDo! apresentou "Fala Comigo"[12] e "Os Príncipes e o Tesouro"[13], com direção de Carolina Guimarães.

Recepção[editar | editar código-fonte]

A recepção do Teatro Online tem sido mista. A opinião da classe artística parece mais negativa, enquanto a opinião do público tem sido mais positiva[14]. Muitos artistas acreditam que o Teatro Online não é Teatro pois não possui os elementos de contato com o público e da presença ao vivo, e afirmam ser uma resolução temporária.[15][16] Já os espectadores tem mostrado recepção positiva aos espetáculos digitais. Muitos acreditam que o acesso à cultura na internet tem sido democratizado desde o início da pandemia do COVID-19[17] e mostram interesse em continuar consumindo conteúdo teatral pela internet mesmo após a retomada de espetáculos presenciais.[18]

Referências

  1. a b Lima Muniz, Mariana. «A Relação Entre Teatro e Internet: tensionamento do tempo e do espaço do acontecimento teatral» 
  2. a b «O Teatro na Internet – Revista Partes». Consultado em 5 de agosto de 2021 
  3. «Peças online dominam o 'novo normal' enquanto teatros engatinham na retomada». Guia Folha. 5 de novembro de 2020. Consultado em 5 de agosto de 2021 
  4. Line, A. TARDE On. «Teatro Oficina inova com transmissão virtual». Portal A TARDE. Consultado em 5 de agosto de 2021 
  5. «Teatro Oficina grava Os Sertões em DVD – Teat(r)o Oficina». Consultado em 5 de agosto de 2021 
  6. «Agenda de teatro online tem mais de 40 peças gratuitas nesta semana». O Globo. 19 de março de 2021. Consultado em 5 de agosto de 2021 
  7. «Todos os Sonhos do Mundo - Teatro». Guia Folha. Consultado em 5 de agosto de 2021 
  8. «Todos os Sonhos do Mundo inicia temporada online – Terras de Cabral». Consultado em 5 de agosto de 2021 
  9. Povo, O. (14 de julho de 2020). «Silvero Pereira e Gyl Giffony driblam pandemia com apresentação online de peça». ShowseEspetaculos. Consultado em 5 de agosto de 2021 
  10. «Jogo de cena: Cia Armazém cria batalha de personagens de Shakespeare em espetáculo on-line». O Globo. 17 de julho de 2020. Consultado em 5 de agosto de 2021 
  11. «Plateia investiga assassinato do filho do presidente no espetáculo virtual 'Caso Cabaré Privê'». Fotografia - Folha de S.Paulo. 25 de agosto de 2020. Consultado em 5 de agosto de 2021 
  12. «TEMPORADA - Fala Comigo». WeDo! Entretenimento. Consultado em 5 de agosto de 2021 
  13. «Os príncipes e o tesouro». Teatro Hoje. 7 de maio de 2021. Consultado em 5 de agosto de 2021 
  14. «Teatro feito pela internet agrada público, mas gera críticas de atores». Folha de S.Paulo. 12 de junho de 2020. Consultado em 2 de setembro de 2021 
  15. «Teatro on-line não é teatro: é uma maneira de lamentar sua ausência - Internacional». Estadão. Consultado em 2 de setembro de 2021 
  16. Guedes, Castro. «Não há teatro fora da vida, a vida não é teatro». PÚBLICO. Consultado em 2 de setembro de 2021 
  17. «Para 67% dos brasileiros, pandemia democratizou acesso à cultura na internet». Folha de S.Paulo. 20 de outubro de 2020. Consultado em 2 de setembro de 2021 
  18. «Após retomada, público ainda pretende assistir a espetáculos virtuais». Agência Brasil. 22 de julho de 2021. Consultado em 2 de setembro de 2021