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O Cineteatro Éden é um edifício do arquitecto Cassiano Branco, localizado em Lisboa, situado na zona nobre dos Restauradores, separado do palácio Foz Travessa do Anuário Comercial, no final da década de 1920, uma casa de espectáculos, gerida por Luís Galhardo (personalidade do meio teatral), que possuía uma fachada de desenho eclético, com projecto de Guilherme Edmundo Gomes, arquitecto e de Augusto Pina, cenógrafo e decorador. Com montras de lojas abertas para praça de Restauradores, o edifício albergava uma típica sala de espetáculos, com plateia, balcão e um bar, que havia sido inaugurada em 1914. [1]

Cassiano Branco é chamado a realizar desenhos inicias para a renovação do teatro existente em 1929, que consistia na introdução de pavimentos em betão nos 1º e 2º piso e na reformulação da fachada imprimindo um estilo arte decorativa. Propunha-se também alteração da localização da entrada, o que provocava uma certa perturbação na leitura geral do edifício. As grandes alterações dão-se com o primeiro estudo de ampliação do edifício, proposta que viria a ser realizada um ano depois (em 1930), estabelecendo uma ruptura de escala, pelo aumento do volume de construção e introdução de novo desenho de fachada, mantendo contudo toda a estrutura e lojas do piso térreo. Esta alteração pressupunha a ideia de construção de um grande contentor que no interior abria a possibilidade de recriação, a par com o teatro, do novo mundo cinematográfico. [2]

O segundo estudo de ampliação produzido por Cassiano Branco, em 1931, é de todos o mais arrojado. Cassiano propõe algo mais abstrato, sintonizado com a problemática da luz e do vidro tal como debatiam os expressionistas alemães. Cassiano compunha agora uma arquitectura de sólidos puros, cilindros de luz, que intersectavam uma superfície plana, coroada nas extremidades por altas lanternas. A escala ampliava-se e a nova proposta acentuava ainda mais o aumento de cércea. Os desenhos de Cassiano são afirmativos do espírito do movimento gerado pelas novas salas de espectáculo, em particular as de cinema. A localização do Eden era grande centralidade, no eixo modernos da capital, enfatizando a ideia de um Lisboa em sintonia com os tempos modernos e preparada para o futuro. Esta fachada dinâmica e espectacular, não evidenciava que o edifício se destinaria a um cinema, não existindo por exemplo painéis de divulgação das películas, os quais apenas mais tarde foram equacionados como alternativa à opacidade da construção, já sem a participação de Cassiano Branco. Nesta fase do processo, o ingresso principal diluía-se numa faixa quase contínua de montras, rematada por um friso saliente, com espessura acentuada e revestida a pedra. [3]

Em 1933 o projecto final foi entregue na Câmara Municipal de Lisboa. Contudo, Cassiano Branco havia-se desvinculado do processo. Carlos Dias assinou e terminou o projecto, conservando alguma relação com as propostas anteriores. O edifício foi mantido na escala, incluindo os espaços comerciais ao nível do piso térreo, as lanternas laterais, o corpo de janelas acima do piso de entrada e ainda uma vaga memória dos pujantes cilindros de luz que compunham a fachada de Cassiano de 1931. A grande sala de espectáculos de Lisboa viria a ser inaugurada a 1 de Abril de 1937. O autor do projeto foi dada á Cassiano Branco. [4]

A solução que Cassiano Branco havia estudado para a funcionalidade interna foi apesar de tudo mantida na generalidade, nomeadamente os acessos à sala de espectáculos. Existia já na proposta de 1930 um problema de dimensionamento das entradas e saída para o elevado número de pessoas que poderia comportar uma sessão; havia ainda a questão da separação do custo dos bilhetes, que deveria ser efectuada logo no átrio de entrada dirigindo todos os espectadores para os assentos e respectivas áreas, tudo isto pela necessidade inicial de manter os estabelecimentos do rés-do-chão cujos proprietários não se disponibilizaram a um entendimento. foi desenhado um sistema de escadas de grande complexidade. O átrio de ingresso, com duplo pé-direito, tinha á partida pouco volume para uma entrada tão monumental quanto se desejava. Lançou-se então um dinâmico e artificioso jogo de acessos que, desde a porta de entrada, dirigem os espectadores aos vários sectores o cineteatro. [5]

Do piso de entrada partem cinco escadas, uma central, geminada, que se desdobra quando chega à fachada norte e quatro laterais, duas a sul e duas a norte. A primeira é de acesso directo directo ao 1º balcão (244 lugares) e camarotes, as duas do lado sul de acesso à plateia (814 lugares) através do grande bar do andar intermédio (frente da sala de espectáculos). O balcão geral (454 lugares) é servido por duas escadas de dois metros de largura. Esta duas escadas desenvolvem-se dentro de dois corpos cilíndricos nos extremos da fachada norte. As entradas de serviço são criadas nos extremos da fachada da praça dos Restauradores e no fundo da passagem da Rua do Anuário Comercial a fachada resultante em pedra é tratada com despojamento, sem ornamento, mas com um carácter estilizadamente moderno de grande verticalidade, enquandrando-se no conjunto, como reminiscência do último desenho de Cassiano para Eden. As circulações, colocadas nas margens do planta, permitiam ganhar o máximo espaço para a sala de espectáculos com plateia, três balcões e palco. [6]

Na actualidade o Eden apresenta uma arquitectura modificado, ao projecto inicial de Cassiano Branco. Planta rectangular. Acentuada horizontalidade, cobertura em terraço. Fachada principal, amplas entradas revestidas a mármore, encimadas por um conjunto horizontal de janelas abertas num pano de parede em ressalto. Fenestração disposta sobretudo na vertical. A fachada desenvolve-se de forma simétrica dividida por 3 altas janelas, de vão rectangular, que a seccionam, sendo as laterais mais altas que a central. São janelas trifacetadas com os vãos preenchidos por uma quadrícula de ferro e vidro. A ladeá-las, pilastras coroadas por máscaras. Os espaços entre as janelas são preenchidos por 2 grandes panos sensivelmente quadrados e recuados, onde são afixados os cartazes de cinema. Na prumada da janela central, o pano de parede projecta-se, de forma escalonada, acima da cimalha, quebrando-a. Neste, e a coroar o painel esculpido, o nome do cinema em letras estilizadas. O seu interior, com 3 salas de cinema.[7]

  1. Pinto, P. T. (2015). Cassiano Branco (1897-1970). Casal de Cambra, Portugal: Caleidoscópio, p. 113.
  2. Pinto, P. T. (2015). Cassiano Branco (1897-1970). Casal de Cambra, Portugal: Caleidoscópio., p. 113
  3. Pinto, P. T. (2015). Cassiano Branco (1897-1970). Casal de Cambra, Portugal: Caleidoscópio, p. 116.
  4. Pinto, P. T. (2015). Cassiano Branco (1897-1970). Casal de Cambra, Portugal: Caleidoscópio, p. 116.
  5. Pinto, P. T. (2015). Cassiano Branco (1897-1970). Casal de Cambra, Portugal: Caleidoscópio, p. 119.
  6. Pinto, P. T. (2015). Cassiano Branco (1897-1970). Casal de Cambra, Portugal: Caleidoscópio, p. 121.
  7. Silva, J. (1992). Monumentos. Obtido em 20 de Abril de 2016, de Sistema de Informação para Património Arquitectónico: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6228