Usuário(a):Caladusp/Pholoidae

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaPholoidae
[[Imagem:
Pholoe minuta
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Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Annelida
Classe: Polychaeta
Subclasse: Errantia
Ordem: Phyllodocida
Subordem: Aphroditiformia
Família: Pholoidae

Pholoidae é uma família contida dentro de Aphroditiformia e, portanto, dentro de poliquetas escamosos. Esse grupo foi descrito pela primeira vez por Kinberg em 1858 [1]. O ambiente no qual esses organismos são encontrados é o marinho. Dividida em 5 gêneros, a família possuía um total de 24 espécies descritas em 2013 [2] [3].

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Organismos pertencentes à família Pholoidae encontram-se amplamente distribuídos pelo globo, habitando desde águas intersticiais até grandes profundidades porém, de forma geral, encontram-se em abundância em bentos marinhos. No Brasil, até 2013, foi identificada a presença de três espécies: Pholoe minuta, nas regiões Sul e Sudeste; Pholoe inornata, no Sudeste e Taylorpholoe hirsuta, encontrada no Nordeste [2].

Morfologia[editar | editar código-fonte]

A posição filogenética de Pholoidae ainda é tema de discussão no meio científico. Atualmente, embora tipicamente classificada como uma família de Aphroditiformia, diversos estudos a colocam como subfamília pertencente aos sigalionideos [4]. De forma geral, organismos da família Pholoidae são pequenos, apresentando corpo achatado, com relativamente poucos segmentos (até 90). A superfície dorsal pode apresentar tubérculos adesivos, já a ventral pode ou não apresentar papilas. Os élitros podem ser leves e delicados ou rígidos com anéis concêntricos, apresentando papilas superficiais e marginais e estando ligados aos elitróforos em segmentos específicos: 2,4,5,7, seguindo alternadamente até o final do corpo (ou podem ser contínuos a partir do 23° segmento). Em caso de não haver élitros, outras estruturas semelhantes podem ter distribuição similar, como por exemplo lobos nodulares com papilas extensas (em Metaxypsamma). Os élitros podem ainda cobrir por completo o dorso, ou não estarem presentes na parte média do mesmo [4]. Os tubérculos dorsais proeminentes e nodulares se localizam em segmentos onde não há élitros. Cirros dorsais e brânquias estão ausentes. O prostômio apresenta formato circular, é fundido com o peristômio, podendo possuir uma antena lateral pequena. Geralmente estão presentes dois pares de olhos; tentaculóforos (bases dos tentáculos) se encontram nas porções laterais e anteriores do prostômio, com ou sem quetas, se ligando a um ou dois pares de cirros tentaculares, com palpos ao lado destes. Este primeiro segmento tentacular forma o lábio anterior da boca, o segundo segmento (bucal) apresenta um par de élitros, parapódios birremes e longos cirros bucais ventrais, formando os lábios anteroposteriores da boca. Por fim, a faringe eversível apresenta nove papilas ventrais e outras nove dorsais e um par de mandíbulas em formato de gancho [4]. Os parapódios desta família são birremes e aciculados; notopódio cônico podendo apresentar estilódios; notoquetas simples e espinhosas dispostas em forma de leque; neuropódios largos podendo apresentar papilas distais. Em oposição à notoqueta, a neuroqueta é grossa e composta, com sua porção proximal lisa ou espinhosa e a distal falcada e unidentada. Os cirros ventrais são afunilados [4].

Embora Iphionidae tenha sido um grupo recentemente promovido à família, falta ainda uma gama de caracteres morfológicos para suportar sua posição, que é mantida até então por análises moleculares [5]. No entanto, um estudo recente encontrou um caráter apomórfico: a presença de notoquetas empilhadas. Outros dois caracteres, homoplásticos, são: perda da antena média e presença de aréolas nos élitros [6].

Comportamento[editar | editar código-fonte]

Membros da família Pholoidae normalmente estão associados à rochas, substratos lamacentos, conchas e detritos. Estudos em certas espécies constataram uma certa pegajosidade no corpo destes organismos, provavelmente por conta da presença de glândulas adesivas, que ajudariam o animal a se manter em contato com os sedimentos [7]. Além disso, são animais carnívoros que utilizam sua faringe eversível para capturar suas presas, dentre elas outros poliquetas sedentários (normalmente Spionida) e pequenos crustáceos [7].

Reprodução e Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

No final da década de 1980, estudos conduzidos em Pholoe minuta puderam elucidar como a reprodução e o desenvolvimento se dão em Pholoidae [8]. Inicialmente, os oócitos são produzidos e formam agregados ligados às paredes do celoma (incluindo regiões intestinais e parapódios, normalmente nos segmentos anteriores) das fêmeas, crescendo à medida que estas amadurecem fisiologicamente. Estas células (oócitos) estão conectadas às células foliculares por meio de plasmodesmos que permitem a comunicação intercelular [8]. O ciclo reprodutivo se estende por quase um ano, iniciando-se no fim do inverno no Hemisfério Norte e tendo fim em Abril do ano seguinte, no início do Outono. A espermatogênese segue intervalos parecidos e é considerada anual, com os espermatócitos inicialmente ligados ao peritôneo dos machos da espécie [8]. Curiosamente, a desova do grupo de fêmeas grávidas ocorre num curto período de tempo, por volta de 7 dias, onde todo o conteúdo de oócitos é liberado através de estruturas chamadas de mixonefrídios, localizados na porção abdominal dos parapódios [8]. Os mixonefrídios se conectam com o celoma através de um celomostoma (duto celômico)ciliado, e através de outro duto ciliado, abrem-se para o exterior, liberando os gametas [8].

Larvas trocóforas já se encontravam presentes na água, nadando, após dois dias de fertilização e, quatro dias depois, já estavam alimentando-se [7]. Entende-se que estas larvas apresentem comportamentos de alimentação diversos, variando de planctotrófico (plânctons) a lecitotrófico (reserva de vitelo)[7]. No entanto, estudos conduzidos em Pholoe swedmarki reportaram a existência de um desenvolvimento direto dos indivíduos, dentro do celoma da fêmea [7].

Filogenia[editar | editar código-fonte]

A posição de Pholoidae na filogenia de Aphroditiformia e sua classificação como família permanecem incertas. Até ser classificada como família, suas espécies foram distribuídas em diversos grupos, como por exemplo Sigalionidae, Acoetidae, Peisidicinae, Polyodontidae, Peisidicidae e Pholoididae. O gênero Pholoe, que possui dois terços da diversidade da família e originou o nome da mesma [2] [4], foi previamente incluído na família Sigalionidae, tendo sido posteriormente considerado um grupo distinto, criando-se a família Pholoidae. Atualmente, pesquisadores apontam que esse grupo é provavelmente de fato parte da família Sigalionidae, sugerindo que seja rebaixado à subfamília Pholoinae, uma vez que sua classificação como uma família própria torna esse grupo parafilético. No entanto, por falta de suporte suficiente, Pholoidae é mantida como família e Sigalionidae segue sendo parafilético [9] [6].

Gêneros[3]:

Imajimapholoe Pettibone, 1992

Laubierpholoe Pettibone, 1992

Metaxypsamma Wolf, 1986

Pholoe Johnston, 1939

Tylorpholoe Pettibone, 1992

  1. Kinberg, J. G. H. (1857). Annulater [scale worms]. Kongliga Svenska Fregatten Eugenies Resa omkring jorden under befal af C.A. Virgin aren 1851 - 1853. Zoology. 1(2): 132. Vetenskapliga Iakttagelser. Almquist & Wicksells. Uppsala & Stockholm. page(s): 1 [as Pholoidea]
  2. a b c PADOVANNI, N., & AMARAL, A. C. Z. (2013).New species of the scale worm genus Pholoe (Polychaeta: Pholoidae) from southeast Brazil. Zootaxa, 3710(5), 485. doi:10.11646/zootaxa.3710.5.6
  3. a b Read, G.; Fauchald, K. (Ed.) (2020). World Polychaeta database. Pholoidae Kinberg, 1858. Accessed through: World Register of Marine Species at: http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=941 on 2020-06-28
  4. a b c d e PETTIBONE, Marian H. Contribution to the Polychaete Family Pholoidae Kinberg. Smithsonian Institution Press. ed. 532, 24 p., Washington D.C, 1992.
  5. Norlinder, E., Nygren, A., Wiklund, H., Pleijel, F., 2012. Phylogeny of scale‐worms (Aphroditiformia, Annelida), assessed from 18SrRNA, 28SrRNA, 16SrRNA, mitochondrial cytochrome c oxidase subunit I (COI), and morphology. Mol. Phylogenet. Evol. 65, 490–500. https://doi.org/10.1016/j.ympev.2012.07.002
  6. a b Gonzalez, Brett C.; Martínez, Alejandro; Borda, Elizabeth; Iliffe, Thomas M.; EibyeJacobsen, Danny; Worsaae, Katrine (2018). «Phylogeny and systematics of Aphroditiformia». Cladistic s (em inglês). 34 (3): 225–259. ISSN 10960031. doi:10.1111/cla.12202
  7. a b c d e Beesley, P.L; Ross, G.J.B. & Glasby, C.J.. Fauna of Australia: Polychaeta and Allies. Australian Biological Resources Study/CSIRO Publishing, v. 4, 465 p., 2000
  8. a b c d e Heffernan, P., Keegan, B.F. Quantitative and ultrastructural studies on the reproductive biology of the polychaete Pholoe minuta in Galway Bay. Mar. Biol. 99, 203–214 (1988). https://doi.org/10.1007/BF00391982
  9. Wiklund, H., Nygren, A., Pleijel, F., & Sundberg, P. (2005). Phylogeny of Aphroditiformia (Polychaeta) based on molecular and morphological data. Molecular Phylogenetics and Evolution, 37(2), 494–502. doi:10.1016/j.ympev.2005.07.005