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O Pico do Facho situa-se a leste da Vila de Machico, através da estrada para o Caniçal. Antes de chegar à entrada do túnel, viramos à direita e encontramos uma estrada alcatroada que nos leva quase até ao alto do Pico.

Localização[editar | editar código-fonte]

Primeiramente, o nome Machico não é derivado nem de Machim, nem de Monchique, porque segundo os “linguistas não haver segurança etimológica para tal e ir contra todas as leis da fonética[1]" Está confirmada a existência de um Machico, mestre de navio que consta de uma ordem do Almirante da Esquadra do Oeste, do Rei Eduardo III de Inglaterra.

A Ilha foi dividida em duas capitanias ou jurisdições, por uma linha de águas vertentes que unia, pelo seu interior, dois pontos estabelecidos, a Ponta da Oliveira, na costa sul e a Ponta de Tristão, na costa noroeste. Partindo da Ponta da Oliveira…”dez passos como se vai pela ribeira cima”, essa linha subiria “ligando os Picos da Silva, Poiso e Areeiro, inflectindo para a frente , pelos do Cidrão, Galo, Torres, Cagada e Ruivo, virando neste para Oeste e seguindo pelos Picos do Coelho, Eirinhas e São Jorge, já sobre a Boca da Encumeada, alcança o da Bica da Cana, desce pelos da Fonte do Juncal e talvez pela beira Sul do Paul, e vai atingindo, seguidamente, os da Urze, Gordo, Remal e outros de menos altura que em linha decrescente, mas continuada, ficam atrás do Pico da Fonte do Barro, logra o da Roseira, chega ao das Covas passa na capela de Santa Maria Madalena (Santa) para cair, por fim na ribeira a leste a leste da Ponta do Tristão”.[2]

A capitania de Machico ocupava a área a norte desta linha de águas vertentes e é nesta área que se situam os Concelhos de Machico, Santana, São Vicente e Porto Moniz e neles, além de outros, situam-se os povoados, Seixal, São Vicente, Ponta Delgada, Boaventura, Arco de São Jorge, São Jorge, Faial, São Roque do Faial, Porto da Cruz, Santo da Serra, Caniçal, Água de Pena, e também, Santa Cruz, Gaula e Camacha.

Antes de ser Machico, a terra continha uma vida exuberantíssima de seres vegetais: os tis, os cedros, os folhadeiros, os lourais, todo um correr de seiva que explodia na expansão de força criadora através do formoso vale que se dessedentava com as chuvas diluvianas (…)[3]


[1] TEIXEIRA, Manuel Rufino, Um Olhar pelos Primórdios da Capitania de Machico e das suas gentes.

[2] SANTOS, Rui, Divisão das Capitanias da Madeira (Estudo), 1953.

[3] BENTO DE GOUVEIA, Dr. Horácio, Vida e História de Machico,1978.

História[editar | editar código-fonte]

O Pico do Facho “merecia que lhe construíssem um miradouro[4]”. A sua panorâmica é superior à do Miradouro Álvares de Nóbrega [5], por ficar ainda mais alto e porque as perspectivas paisagísticas são mais vastas para o lado do mar e da Ponta de São Lourenço. [6]


Na ilha do Porto Santo existe também um Pico do Facho, cujo o nome teve a mesma origem, isto é, no tempo dos corsários o povo de Machico acendiam uma fogueira ou facho, no alto do Pico, de maneira a prevenir que eles se dirigiam para o Porto Santo e vice-versa, os habitantes do Porto Santo faziam o mesmo no seu Pico para prevenirem os madeirenses.

No alto do Pico do Facho de Machico, existe uma espécie de abrigo circular de pedra e cal e a ele somos levados, por uma escadaria “caprichosa”, toda ela feita de pedras de basalto lisas e de diferentes dimensões. Este pequeno edifício de planta circular foi construído no século XVII ou XVIII, e a sua função era vigiar os perigos que vinham dos mares. Os facheiros, homens que de guarda olhavam cuidadosamente o Atlântico, acendiam um facho para alertar as populações, quer da Madeira, quer da ilha vizinha do Porto Santo sempre que as investidas dos piratas se aproximavam assustadoramente da costa. Recentemente este singular edifício foi tristemente adulterado, evidenciando um total descuido e desrespeito pelo património.

Os Fachos[editar | editar código-fonte]

Como tal, e devido ao nome designado de Pico do Facho, ocorre todos os anos na Vila de Machico uma cerimónia denominada os Fachos. É no último fim-de-semana do mês de Agosto que tem lugar a festa do Santíssimo Sacramento na freguesia de Machico. Desde sempre associada a esta manifestação religiosa, ao cair da noite de sábado, o vale abrilhanta-se com as mais variadas tochas ou fachos, que se acendem ao longo das encostas.

Os fachos, segundo a etimologia, poderiam expressar a vida, fogueira, união, fogo e comunicação, sendo actualmente uma “simbiose de espiritualidade e beleza.[7] Nos séculos XV e XVI, as primeiras fogueiras serviam como meio de comunicação e de aviso inter-ilhas (Madeira e Porto Santo), alertando para a aproximação dos corsários. Seguiu-se a sobre naturalização dessas fogueiras, tendo os habitantes de Machico, criado figuras alegóricas como custódias, barcos, corações, cruzes, letras e outros desenhos, de forma a mostrar o louvor e ação de graças.

“Ano após ano os fachos multiplicam-se atingindo durante décadas um esplendor inigualável”.[8] Com a divisão de Machico em paróquias, os fachos deixaram de ter a força de então. Houve anos em que estes perderam a sua beleza, mas como o povo não perde as suas tradições na totalidade, “ há sempre carolas que continuam esta atividade”. É de realçar o entusiasmo daqueles que insistem em manter viva esta tradição.

Com o evoluir dos tempos, o material foi alterado e o modo de feitura dos fachos diminui significativamente a participação das pessoas no acender dos mesmos. Nas encostas são feitas as armações dos desenhos que serão utilizados. Às 22 horas, os fachos estão prontos para serem acesos.


Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Teixeira, Manuel Rufino (2004). Um Olhar pelos Primórdios da Capitania de Machico e das suas gentes. [S.l.]: edição Câmara Municipal de Machico, Patrimónios - Nº2, Machico, 
  2. Santos, Rui (1953). Divisão das Capitanias da Madeira (Estudo). [S.l.: s.n.] 
  3. Gouveia, Horácio (1978). Vida e História de Machico. [S.l.: s.n.] 
  4. Cristóvão, Carlos (1981). Elucidário de Machico. [S.l.]: Edição da Câmara Municipal de Machico 
  5. O Miradouro Francisco Alvares Nóbrega, em Machico, deve o seu nome ao “Camões Pequeno”. Este nome foi dado em homenagem ao poeta Francisco Álvares Nóbrega, conhecido como o Camões Pequeno, que nasceu em Machico em 1773. Este poeta foi perseguido pelo Tribunal da Inquisição e acabou por falecer pouco depois de ser libertado do cárcere, em Lisboa, no ano de 1806.
  6. Cristóvão, Carlos (1981). Elucidário de Machico. [S.l.]: Edição da Câmara Municipal de Machico 
  7. Cardoso, Zita (1996). Cidade Histórica. [S.l.]: Edição de ACAPORAMA- Associação Casas do Povo da R.A.M e Casa do Povo de Machico 
  8. Cardoso, Zita (1996). Cidade Histórica. [S.l.]: Edição de ACAPORAMA- Associação Casas do Povo da R.A.M e Casa do Povo de Machico