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Usuário(a):Passosrpb03/amefricanidade

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Amefricanidade é um conceito que designa a identidade étnica do povo negro americano, nascida a partir da resistência colonial. A amefricanidade existe desde o início da presença negra no continente americano. O termo foi criado por Lélia Gonzalez, professora, filósofa e antropóloga brasileira pioneira nos estudos sobre Cultura Negra no Brasil.

Conceito[editar | editar código-fonte]

Amefricanidade, para Lélia Gonzalez, é a construção de uma identidade étnica com a incorporação de dinâmicas culturais, especialmente aquelas que vão na contramão do sistema de dominação chamado racismo.[carece de fontes?]

Em 1988, Lélia Gonzalez, pensando nas marcas que evidenciam a presença negra na construção cultural do continente americano, refletiu sobre a necessidade de elaboração de uma categoria ampla e interdisciplinar, que ela chamou de amefricanidade. O termo evidencia a influência negra na formação histórico-cultural do continente: nas manifestações culturais, nos falares, nas músicas, nas danças, nos sistemas de crenças, entre outros.[1]

O termo amefricanidade também engloba os negros que habitam o continente americano de forma democrática, na tentativa de escapar de limitações de caráter territorial, linguístico e ideológico. É um conceito que busca abarcar todo um processo histórico de intensa dinâmica cultural (adaptação, resistência, reinterpretação e criação de novas formas) que é afrocentrada para a construção de toda uma identidade étnica.[carece de fontes?]

É um conceito que incorpora a realidade vivida pelos negros na América como um todo, que floresceu e se estruturou no decorrer dos séculos e demonstra que é uma vivência diferenciada da experiência dos africanos que permaneceram em seu próprio continente. Conceito que se manifestava nas revoltas, na elaboração de estratégias de resistência cultural, no desenvolvimento de formas alternativas de organização social livre, como os quilombos, por exemplo.[carece de fontes?]

Motivação[editar | editar código-fonte]

No texto, Lélia Gonzalez também afirma que o racismo por denegação possui um lugar privilegiado na América Latina. A América Latina foi herdeira histórica das ideologias de classificação social (racial e sexual) das metrópoles ibéricas. Dispensando formas abertas de segregação, a hierarquização garantiu a superioridade dos grupos dominantes (Da Mata,1984). O racismo latino-americano estabeleceu o mito da superioridade branca, que se demostrou muito eficiente fragmentando identidades raciais e internalizando o desejo de embranquecer. Já o racismo no formato de segregação explícita, ao contrário do racismo por denegação, provocou efeitos que reforçaram a identidade racial dos grupos discriminados. Por exemplo, nos Estados Unidos, onde existia o racismo em formato de segregação, o Movimento Negro alcançou conquistas sociais e políticas bem mais amplas que os Movimentos Negros da Colômbia, do Peru e do Brasil. Isso se deve ao fato da produção científica dos negros desses países ter logrado mais destaque, sendo considerada mais avançada, além de possuir autonomia, inovação, diversificação e credibilidade nacional e internacional.[carece de fontes?]

Segundo Walter Rodney, que escreveu Como a Europa Subdesenvolveu a África (1972), esse avanço mais significativo dos países nos quais predominou o racismo por segregação, ocorreu devido à consciência objetiva desse racismo e ao conhecimento de suas práticas. Isso acabou despertando um nível de empenho que buscou veementemente resgatar e afirmar a competência de todo um grupo étnico. Devido à dureza do sistema, esse grupo étnico, se uniu e lutou contra todas as formas de opressão. No Brasil, onde predominou o racismo por denegação, a força cultural se apresentou como forma de resistência. Lélia também afirmou que o Brasil continua passivo em face da postura política e ideológica dos Estados Unidos, potência imperialista dominante da região. Nos EUA, os africanos escravizados sofreram uma repressão muito dura. O puritanismo do colonizador anglo-saxão forçou os escravizados à conversão e evangelização, provocando o esquecimento de suas raízes. A luta desse povo discriminado gerou o famoso Movimento pelos Direitos Civis nos EUA, que inspirou negros de todo mundo a lutarem por seus direitos. Isso também fez com que os EUA tenham aceitado e rejeitado vários termos de autoidentificação. Um dos termos foi o "Afro-Americano" que chamou a atenção por conter contradições. Esse termo gera o seguinte questionamento: em todo o continente, só existem negros nos EUA? Os Estados Unidos costumam regularmente se autodenominarem "A América", como se a América do Sul, Insular e Central não existissem. Lélia acredita que os negros latino-americanos não podem atingir uma consciência efetiva enquanto reproduzirem termos de uma linguagem racista e por isso propôs o termo Amefricano, que designaria os negros de todo o continente americano. Ela considera esse termo mais democrático e sem caráter geográfico.[carece de fontes?]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  1. O que é amefricanidade? (https://www.sescsp.org.br/amefricanidade/) [2]
  2. Lélia Gonzalez e o conceito de amefricanidade (https://www.mulheresdeluta.com.br/lelia-gonzalez-e-o-conceito-de-amefricanidade/) [3]
  3. Amefricanidade e a luta contra a opressão racista (https://esquerdaonline.com.br/2021/01/26/amefricanidade-e-a-luta-contra-a-opressao-racista/) [4]
  4. A Amefricanidade enquanto categoria de resistência para um projeto decolonial latinoamericano (https://www.fg2021.eventos.dype.com.br/trabalho/view?ID_TRABALHO=2366) [5]

Referências

  1. Sofia Maria C. Nicolau; Steffane P. Santos. A CATEGORIA POLÍTICO CULTURAL DE AMEFRICANIDADE COMO TENSIONAMENTO AFRODIÁSPORICO À IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA. Revista de Ciências do Estado, Belo Horizonte, Vol. 7, N. 1, 2022. e-ISSN 2525-8036 | ISSN 2595-6051
  2. «O que é amefricanidade?». Sesc São Paulo. 18 de janeiro de 2022. Consultado em 18 de julho de 2023 
  3. Luta, Mulheres de (29 de outubro de 2022). «Lélia Gonzalez e o conceito de amefricanidade». Mulheres de Luta. Consultado em 18 de julho de 2023 
  4. em: 26/01/2021 02h29, Modificado (26 de janeiro de 2021). «Amefricanidade e a luta contra a opressão racista». Esquerda Online. Consultado em 18 de julho de 2023 
  5. Fernanda Cardoso Fonseca. A Amefricanidade enquanto categoria de resistência para um projeto decolonial latino-americano. In: Seminário Internacional Fazendo Gênero, 12., 19 a 30 de julho de 2021.