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Das muitas construções terminadas na cidade de Lisboa durante o ano de 1903, a mais sonante talvez seja a Casa Ventura Terra, a casa construída no terreno localizado na rua Alexandre Herculano, lado sul entre a rua do Vale e o largo do Rato. O proprietário do terreno e da casa, era o arquitecto Miguel Ventura Terra, e foi o mesmo que projectou o edifício, que por satisfazer de modo geral as cláusulas estabelecidas impostas durante o legado do Visconde de Valmor, e por ser um objecto considerado belo e artístico, digno de uma capital como era Lisboa. Admirado pela sua rigorosidade na composição de linhas e de um original efeito decorativo resultante da harmonia entre a mancha dos suas intenções e motivos de várias cores e em relevo, que formavam uma perfeita composição juntamente com os menores detalhes que se dispõem em toda a construção. A obra teve uma especial atenção do júri, porque estava evidente neste edifício técnicas novas de construção, assim como utilização de materiais ou produtos nacionais, promovendo assim o azulejo que é muito utilizado nesta casa, factores que valeram ao arquitecto e a sua obra o Prémio Valmor em 1903. 


A Casa Ventura Terra, foi uma das primeiras construções da recente Avenida Alexandre Herculano, eixo de grande importância do engenheiro Frederico Ressano Garcia, que na altura era o engenheiro da Câmara Municipal de Lisboa. É um prédio de habitação projectado em 1902, e foi inaugurado em 1903. Um projecto do arquitecto Miguel Ventura Terra, onde o mesmo era o proprietário, ocupando o primeiro piso do edifício como sua própria residência, é uma obra única, apenas reproduzida pelo próprio arquitecto em posteriores trabalhos.


O Projecto[editar | editar código-fonte]

O edifício foi construído num terreno trapezoidal com um ligeiro declive, composto por quatro pisos e uma cave alta, tinha uma escala impositiva na época, a nível volumétrico, que de forma assumida tentava rentabilizar a exigência do solo, que serviria de aluguer económico elevado, a arquitectura atinge este objectivo, através da racionalidade funcional da planta dos fogos, um por cada piso, e particularidade da fachada que de imediato, espelha o seu destino social, forrada de blocos rectangulares, apresenta algum dinamismo dispondo-se de forma assimétrica, jogando subtilmente entre o ritmo horizontal, salientado pela sucessão linear das varandas de ferro forjado, e o impulso vertical dos grandes vãos, que desenham uma série de arcos que no seu ponto mais alto interrompem a linha recta da cimalha, a parte mais alta da cornija. Esta intenção formulada de forma teórica, é reforçada pela presença de diversos frisos decorativos azulejados. O que se evidencia em toda composição, é o controlo do desenho, que é pouco destacado na superfície dos vãos estreitos e alongados, protegidas por grades de madeira que modulam por diversas partes do edifício uma luz filtrada, e a expressão do plano de parede, liso e seco, animado pelas marcações de cor, pelos referidos grandes vãos que correspondem às salas principais, sem nunca comprometer a função e racionalidade do programa habitacional. A organização da planta revela um eixo da fachada posterior, fazendo uma ligação entre espaços colectivos do salão e da sala de jantar, dividido ortogonalmente em madeira, sendo que, os materiais que mais predominam neste edifício são: Alvenaria, pedra, ferro, madeira e azulejo. Este edifício foi vencedor do Prémio Valmor em 1903, no ano em que foi inaugurado. Sofreu algumas alterações mais tarde, em 1911, propôs-se umas trapeiras para dar mais luz ao sótão, no telhado. Em 1917, surge uma nova porta na cave; em 1936 houve pela escada de acesso e o corredor que isolam e fazem ligação entre as áreas de serviço e os quartos. E com este gesto cruciforme de elevada clareza, que lateralizava o lugar tradicionalmente utilizado para a escadaria, Miguel Ventura Terra incutia à cidade uma nova forma de habitar, onde a representação do interior leva vantagem como valor de intimidade. No piso 0 é enfatizado pela horizontalidade das guardas em ferro e pelos azulejos, os vãos são em grande parte estreitos e altos com venezianas. O piso 1 conta com um pé direito superior aos outros, e como já foi mencionado em cima, foi usado como residência própria do arquitecto. Remata a fachada uma cornija de pedra com dois grandes mísulas que disfarçam as descargas do arco. As fachadas, lateral direita, e posterior são revestidas com reboco e são pintadas. A fachada lateral esquerda foi construída um imóvel que tapa as suas frestas. A entrada do edifício é feita a meio piso, e apresenta as paredes feitas de gesso e cola, com melhor qualidade que os espaços da cave e da escada de serviço, a presença do elevador ocupam parte da bomba da escada. A cave dá acesso a um piso enterrado onde era armazenada a lenha para aquecimento. Cada piso tem um fogo com acesso vertical pela escada principal e pela escada de serviço, com excepção do piso 0. O interior dos fogos conta com um corredor paralelo à rua e ao longo do mesmo se distribuem os aposentos, deixando assim as zonas húmidas junto a fachada posterior. O tecto das salas de jantar e de estar, e do escritório em estuque, simulando vigamento de madeira, com friso vegetalista e para os azulejos da cozinha e da casa de banho, e por fim o sótão divide-se em dois fogos. As paredes do edifício são autoportantes em alvenaria, e com estrutura em ferro, e elementos estruturais e decorativos em pedra também, Pavimentação e cobertura ou telhados necessidade de reparar as paredes e pintura do edifício; em 1938 foram feitas obras com fim de conservar o exterior do edifício; em 1956 foi realizada uma pintura na fachada posterior; em 1957 nova pintura da empena da entrada; em 1994/1995, foi substituída as redes de água, gás e electricidade, instalação de contadores, limpeza da fachada principal e consolidação e restauro de inúmeras partes do edifício, neste mesmo ano foi instalado um elevador.[1]

Prémio Valmor 1903[editar | editar código-fonte]

Das muitas construções terminadas na cidade de Lisboa durante o ano de 1903, a mais sonante talvez seja a Casa Ventura Terra, a casa construída no terreno localizado na rua Alexandre Herculano, lado sul entre a rua do Vale e o largo do Rato. O proprietário do terreno e da casa, era o arquitecto Miguel Ventura Terra, e foi o mesmo que projectou o edifício, que por satisfazer de modo geral as cláusulas estabelecidas impostas durante o legado do Visconde de Valmor, e por ser um objecto considerado belo e artístico, digno de uma capital como era Lisboa. Admirado pela sua rigorosidade na composição de linhas e de um original efeito decorativo resultante da harmonia entre a mancha dos suas intenções e motivos de várias cores e em relevo, que formavam uma perfeita composição juntamente com os menores detalhes que se dispõem em toda a construção. A obra teve uma especial atenção do júri, porque estava evidente neste edifício técnicas novas de construção, assim como utilização de materiais ou produtos nacionais, promovendo assim o azulejo que é muito utilizado nesta casa, factores que valeram ao arquitecto e a sua obra o Prémio Valmor em 1903. [2]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. VV, AA (2006). Miguel Ventura Terra - A Arquitectura enquanto Projecto de Vida. Lisboa: Câmara Municipal de Esposende. 220 páginas 
  2. Bairrada, Eduardo Martins (1988). Prémio Valmor 1902-1952. Lisboa: [s.n.] pp. 55–57