Verão Quente de 1975

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 Nota: Para outros significados, veja Verão quente (desambiguação).

O período ficou conhecido em Portugal por Verão Quente de 1975 e teve em sequência crescentes tensões entre grupos de esquerda e de direita, nessa época.

História

O general António de Spínola, como outros militares, teve um papel determinante nesse período. Durante o PREC, as facções de direita e a Igreja Católica receavam uma evolução mais radical do processo político iniciado com a Revolução dos Cravos e actuaram para a impedir. Em resposta às expropriações e ocupações de terras promovidas pela esquerda no Sul do país [1], foram assim perpetrados actos violentos, como o assalto a sedes de partidos de esquerda e atentados bombistas, que tiveram lugar em várias localidades, sobretudo no Norte[2]. Como contra-resposta, as associações de esquerda incendiaram terrenos por todo o país perto das povoações, com o intuito de instituir medo nas populações rurais. Os interesses estratégicos dos EUA fizeram-se então sentir pela acção do seu embaixador Frank Carlucci, dirigente da CIA, nessa altura destacado para Lisboa, e pelos propósitos pouco pacíficos de Henry Kissinger, que não excluía a hipótese de uma intervenção armada norte-americana, de que foi dado sinal pelo envio do porta-aviões Saratoga, que fundeou no Tejo. Mário Soares, ao lado de Carlucci, teve papel importante nesse processo[3].

Como consequência disso, seguiu-se a demissão do IV Governo Provisório, coligação entre partidos de esquerda e direita, dando azo à crise governamental que levaria à queda deste Governo e, logo a seguir, à contestação ao V Governo Provisório e à demissão de Vasco Gonçalves[4].

Outro dos eventos que marcou o Verão Quente, foi o caso que ficou conhecido por "O saneamento dos 24", situação que envolveu o despedimento de 24 jornalistas do Diário de Notícias - metade da redacção do Jornal- no seguimento de os mesmos terem entregue à direcção um abaixo assinado em que defendiam a revisão da linha editorial. Um dia depois, na recusa da sua publicação no DN, o abaixo assinado foi publicado no Expresso e enviado à BBC[5].

Referências

  1. http://www.infopedia.pt/$verao-quente-de-1975
  2. «Verão Quente de 1975». CITI Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas. Consultado em 11 de agosto de 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  3. Álvaro Cunhal (1999). A verdade e a mentira na Revolução de Abril: A contra-revolução confessa-se. Lisboa: Edições Avante!. ISBN 972-550-272-8. Consultado em 11 de agosto de 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  4. «Verão Quente de 1975». Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. Consultado em 11 de agosto de 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. Carla Aguiar (19 de junho de 2010). «O director que marcou o 'verão quente' de 1975». Diário de Notícias. Consultado em 11 de agosto de 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)

Bibliografia

Artigos

Livros

  • Revolução das Flores, Do 25 de Abril ao Governo Provisório (Documentos), Pedro Seobreiro e Raúl Nascimento, Lisboa, Editorial Aster, 1975.
  • A Resistência. O Verão Quente de 1975 , José Gomes Mota, Lisboa, Edições jornal Expresso, Junho de 1976.
  • Congeminações: 25 de Novembro, a data que não se comemora: O Verão Quente de 1975, Edições jornal Expresso, Junho de 1976
  • A Resistência. O Verão Quente de 1975, José Gomes Mota, Lisboa, Edições jornal Expresso, 1976
  • Contos Proibidos – Memórias de um PS Desconhecido, Rui Mateus, Lisboa, Dom Quixote (ver referências e passagens do livro artigo)
  • Perspectivas e Realidades, Lisboa, Dom Quixote, 1996 (Ver referência)
  • Verdade e Mentira na Rev. de Abril (Ver: O 25 de Novembro, cap. 8), Álvaro Cunhal, Lisboa, Edições Avante, 1999
  • Igreja Católica, Estado e Sociedade, 1968-1975: o Caso Rádio Renascença, Paula Borges Santos, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais, 2005
  • Carlucci vs. Kissinger - Os EUA e a Revolução Portuguesa, Bernardino Gomes e Tiago Moreira de Sá, Dom Quixote, Lisboa, 2008 (Recensão: As Memórias Secretas de Washington no PREC, Maria Inácia Rezol, em Scielo Portugal, 22-06-2009)

Outros documentos

Ver também


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