Parélio
Um parélio[1] ou falso sol[2], na meteorologia, é um fenómeno óptico atmosférico que consiste num ou mais pontos luminosos, que ladeiam o Sol de cada lado, normalmente inseridos dentro de um halo luminoso, que dá pelo nome de «círculo parélico»[3]. Dois parélios solares geralmente flanqueiam o Sol dentro de um halo de 22°.[4]
O parélio é um membro da família de halos e é causado pela refração da luz solar através de cristais de gelo na atmosfera, provenientes de nuvens cirrus ou cirrostratus. Os parélios geralmente afiguram-se como um par de manchas de luz ligeiramente coloridas, que se podem situar a cerca de 22°, à esquerda e à direita, do Sol, encontrando-se, ainda, à mesma altura acima da ,linha do horizonte que o Sol.[3] Podem ser avistados em qualquer lugar do mundo durante qualquer estação, mas nem sempre são claramente visíveis ou brilhantes. Os parélios são mais facilmente avistáveis e mais nítidos, quando o Sol está mais próximo do horizonte.
O fenómeno óptico lunar correspondente chama-se parasselénio[5] ou parasselene.[3]
Formação e características
[editar | editar código-fonte]Os parélios são comummente causados pela refração e dispersão de luz em cristais ou lâminas de gelo cristalinas hexagonais[2], as quais se podem encontrar tanto em suspensão em nuvens cirros ou cirrostratos altas, como em cirrostratos ou à deriva no ar húmido e gelado a baixos níveis de altitude. [6] Os cristais atuam como prismas, reflectindo os raios de luz, que por eles passam, com uma deflexão mínima de 22 °. À medida que os cristais pairam lentamente para baixo, com as faces maior quase horizontais, a luz atravessa as lâminas de gelo hexagonais, através das suas faces, as quais formam um ângulo de 60º entre si, o que, por seu turno, faz com que os parélios se tornem visíveis à esquerda e à direita do Sol.[2] Os cristais de gelo maiores ondulam mais e, por conseguinte, projectam parélios em posições mais altas. [7]
Os mesmos cristais de gelo em forma de lâmina hexagonal, que causam os parélios, também são responsáveis pela formação de um anel circunzenital colorido a que se dá o nome de «círculo parélico»[3], o que significa que estes dois tipos de halo tendem a concorrer. [8]
O circulo parélico é um halo de 22° à volta do Sol, sendo que os pontos luminosos, que compõem o parélio, amiúde aparentam interceptá-lo. Por outras palavras, imaginando-se uma linha horizontal que trespassasse o centro do Sol, de um lado ao outro, os dois pontos em que essa linha cruzasse o círculo parélico seriam os parélios.[2]
Com efeito, a luz refratada nestes dois pontos é, por sinal, muito mais intensa do que aquela que dá origem ao círculo parélico, o que se traduz na maior facilidade em avistar os dois pontos parélios, do que o círculo parélico.[2]
Ao contrário do círculo parélico, os parélios não se encontram sempre a 22º do Sol. Em rigor, conforme o Sol assume uma posição mais alta no céu, os parélios tendem a afastar-se do círculo parélico, uma vez que os raios que os formam se vão tornando progressivamente mais inclinados, em relação ao eixo do cristal.[2][9]
Os parélios, quanto mais próximos do sol, maior é a tendência para assumirem uma coloração avermelhada, ao passo que, quanto mais longe fiquem do sol, maior é a variedade de cores que podem assumir, variando entre matizes de cor-de-laranja e azul. No entanto, as cores tendem a sobrepor-se, consideravelmente, umas às outras, pelo nunca são puras ou saturadas.[10] Por conseguinte, as cores do parélio fundem-se no branco do círculo parélico, caso este seja visível. [11]
É possível prever as formas que os parélios assumem noutros planetas e luas. Marte pode ter parélios formados por gelo de água e de dióxido de carbono. Nos planetas gasosos gigantes - Júpiter, Saturno, Urano e Netuno - outros cristais formam nuvens de amoníaco, metano e outras substâncias que podem produzir halos com quatro ou mais parélios.[12]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Parélio vem do grego antigo: παρήλιον (parēlion, "ao lado do sol"; de παρά (para, 'ao lado') e ἥλιος (helios, 'sol')).[13]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Leitura adicional
[editar | editar código-fonte]- Minnaert, Marcel (1993), Light and Color in the Outdoors, ISBN 978-0-387-97935-9, Springer
Referências
- ↑ Infopédia. «parélio | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Porto Editora. Consultado em 18 de abril de 2022
- ↑ a b c d e f Carvalho Martins, Pedro (Outubro 2016). «"Fenómenos Óticos Observáveis na Atmosfera» (PDF). Universidade do Minho. Escola de Ciências: 65. Consultado em 18 de abril de 2022
- ↑ a b c d L. da Silva, Luis Augusto (Janeiro 1980). «Alguns Fenômenos Meteorológicos e Astronômicos Curiosos» (PDF). National Space Society. Ad Astra. 2 (5). Consultado em 18 de abril de 2022
- ↑ «Arco circunzenital». astrosurf.com. Consultado em 21 de fevereiro de 2018
- ↑ S.A, Priberam Informática. «parasselénio». Dicionário Priberam. Consultado em 18 de abril de 2022
- ↑ «Diamond dust». www.atoptics.co.uk. Consultado em 21 de fevereiro de 2018
- ↑ «Sundog formation». www.atoptics.co.uk. Consultado em 21 de fevereiro de 2018
- ↑ «Circumzenithal Arc». www.atoptics.co.uk. Consultado em 21 de fevereiro de 2018
- ↑ «Sundogs & Sun Altitude». www.atoptics.co.uk. Consultado em 21 de fevereiro de 2018
- ↑ «Sundog Colours». www.atoptics.co.uk. Consultado em 21 de fevereiro de 2018
- ↑ «Parhelic Circle». www.atoptics.co.uk. Consultado em 21 de fevereiro de 2018
- ↑ «Halos on other worlds». www.atoptics.co.uk. Consultado em 21 de fevereiro de 2018
- ↑ «parhelion | Definition of parhelion in English by Oxford Dictionaries». Oxford Dictionaries | English. Consultado em 3 de julho de 2018