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Spray (futebol)

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Uso do spray em uma partida entre o Achilles '29 e o Sparta Rotterdam, na Holanda.

No futebol, o spray é usado pela arbitragem para manter a barreira a 9,15m do local da cobrança de falta. O árbitro conta a distância regulamentar faz uma marcação na grama, ajudando-o a ver se a barreira andou ou não.

O spray foi batizado comercialmente de Spuni no Brasil, e 9-15 na Argentina.[1] [2]

O spray é feito de uma espuma volátil biodegradável que pode durar por até um minuto sobre a grama.[1]

O adiantamento da barreira sempre gerou reclamações da equipe adversária, uma vez que, ao andar, a mesma não respeitava a distância delimitada nas regras do esporte. Assim, para tentar eliminar esse problema, em 2000, Heine Allemagne, um inventor brasileiro, criou o spray (batizado por ele de Spuni) inspirado em uma espuma de barbear.

Durante a Taça BH de Juniores de 2000, o spray foi usado em caráter experimental. Ainda no mesmo ano, a CBF autorizou o uso do spray na Copa João Havelange, mas os árbitros deveriam fazer um relatório. Em 2002, uma circular assinada por Armando Marques, presidente da Comissão de Árbitros da CBF, oficializou o uso obrigatório da ferramenta em todos os jogos promovidos pela entidade.[3] A partir de 2011, o spray passou a ser usado em competições organizadas pela Conmebol, como a Copa Libertadores da América e a Copa América.[4]

Em 2012, a FIFA aprovou o uso do equipamento.[1] O spray foi usado como teste no Campeonato Mundial de Futebol Sub-17 de 2013 e no Campeonato Mundial de Futebol Sub-20 de 2013. Como seu uso foi bem-sucedido, foi também empregado na Copa do Mundo de Clubes da FIFA de 2013 e aprovado para Copa do Mundo FIFA de 2014.[5]

Em 2009, o jornalista argentino Pablo Silva alegou para si a invenção do equipamento.[2] Embora suas patentes nunca tenham sido concedidas[6], o inventor Heine Allemagne, que patenteou o spray em 44 países[7], propôs uma parceria: “Eu liguei, conversei e o convenci de que o melhor era a gente se unir. Para que o projeto chegasse na Fifa com a força da CBF e da AFA. Ou seja, Brasil e Argentina jogando juntos”, disse. Essa decisão pavimentou o caminho até a Fifa porque o spray passou a ser um projeto com o carimbo de CBF e AFA.[3]

Disputa judicial

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Apesar reconhecimento da patente em 44 países[7] e do sucesso da invenção em campo, o inventor Heine Allemagne nunca recebeu uma reparação da FIFA pelo uso do spray. Em 2021, a entidade foi condenada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro por má-fé nas negociações para compra da patente. O desembargador Francisco de Assis Pessanha Filho apontou que a entidade "atuou em flagrante má-fé negocial, violando o nome da empresa autora e quedando-se inerte na concretização do negócio jurídico". O magistrado lembrou que a federação adotou medidas contraditórias, ao usar reiteradamente o produto de graça, enquanto a Spuni se colocou à disposição para transferência de expertise. "Não restou oferecida uma contrapartida condizente com a natureza da tecnologia", ressaltou.[8]

Referências

  1. a b c d «Após 12 anos, spray inventado por mineiro é aprovado pela FIFA». globoesporte.com. 28 de março de 2012. Consultado em 24 de outubro de 2023 
  2. a b «"El aerosol me cambió la vida"». La Nueva (em espanhol). Consultado em 24 de outubro de 2023 
  3. a b «Spuni x Fifa: conheça a história do brasileiro que briga para ser reconhecido como inventor do spray do futebol». ge. 7 de julho de 2020. Consultado em 24 de outubro de 2023 
  4. «Conmebol mantém formato das eliminatórias e aprova spray na Libertadores - 25/11/2010 - UOL Esporte - Futebol». www.uol.com.br. Consultado em 24 de outubro de 2023 
  5. «Fifa aprova spray no Mundial de Clubes e quer levar ideia à Copa». Globoesporte.com. 19 de Novembro de 2013 
  6. Patente del aerosol evanescente - Pablo Cesar Silva (AR) Latipat - Espacenet
  7. a b Patente del aerosol evanescente - CHEMIKER DO BRASIL PRODUTOS AU (BR); DIAS HEINE ALLEMAGNE VILARINHO (BR) Latipat - Espacenet
  8. «TJ-RJ condena Fifa a indenizar inventor do spray de barreira». Consultor Jurídico. 28 de outubro de 2021. Consultado em 24 de outubro de 2023