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[[Ficheiro:Manuel de Azevedo .jpg|miniaturadaimagem|321x321px|Manuel de Azevedo]]Nasceu em [[Vila Real]] e cedo órfão, ficou a residir na morada da sua avó materna, no [[Porto]] vindo a realizar, nesta mesma cidade, a maioria dos seus estudos. Frequentou o ''[[Colégio Internato dos Carvalhos|Colégio Internato dos Carvalho]]'' (1931-1933) e, posteriormente, integra a secção do Curso de Ciências do ''[[Escola Secundária Rodrigues de Freitas|Liceu Rodrigues de Freitas]]'' e do ''[[Liceu Alexandre Herculano]]'' (1933 - 1935), onde cedo se envolveu com as causas políticas e culturais. Nesses liceus, Manuel de Azevedo conheceu aqueles que se tornaram o seu grupo de amigos e que o irão acompanhar ao longo da sua vida e em vários projectos culturais e profissionais, como o [[Carlos Espaín]], o Carlos Barroso, o [[António Lobão Vital]], o [[Dilermano Marinho]] e o [[José Soares Lopes]]. Alguns destes estudantes que se haviam conhecido no [[Escola Secundária Rodrigues de Freitas|Liceu Rodrigues de Freitas]] e que conviviam diariamente nos cafés da baixa Portuense estarão na origem da [[Revista Sol Nascente]].<ref>''Cf.'' Andrade, Luís, Intelectuais, Utopia e Comunismo, A inscrição do marxismo na cultura portuguesa, Lisboa: FCG, FCT, 2010, p.11.</ref>
[[Ficheiro:Manuel de Azevedo .jpg|miniaturadaimagem|321x321px|Manuel de Azevedo]]Nasceu em [[Vila Real]] e cedo órfão, ficou a residir na morada da sua avó materna, no [[Porto]] vindo a realizar, nesta mesma cidade, a maioria dos seus estudos. Frequentou o ''[[Colégio Internato dos Carvalhos|Colégio Internato dos Carvalho]]'' (1931-1933) e, posteriormente, integra a secção do Curso de Ciências do ''[[Escola Secundária Rodrigues de Freitas|Liceu Rodrigues de Freitas]]'' e do ''[[Liceu Alexandre Herculano]]'' (1933 - 1935), onde cedo se envolveu com as causas políticas e culturais. Nesses liceus, Manuel de Azevedo conheceu aqueles que se tornaram o seu grupo de amigos e que o irão acompanhar ao longo da sua vida e em vários projectos culturais e profissionais, como o [[Carlos Espaín]], o Carlos Barroso, o [[António Lobão Vital]], o [[Dilermano Marinho]] e o [[José Soares Lopes]]. Alguns destes estudantes que se haviam conhecido no [[Escola Secundária Rodrigues de Freitas|Liceu Rodrigues de Freitas]] e que conviviam diariamente nos cafés da baixa Portuense estarão na origem da [[Revista Sol Nascente]].<ref>''Cf.'' Andrade, Luís, Intelectuais, Utopia e Comunismo, A inscrição do marxismo na cultura portuguesa, Lisboa: FCG, FCT, 2010, p.11.</ref>


No ano lectivo de 1935-1936, Manuel de Azevedo ingressou na [[Faculdade de Ciências da Universidade do Porto|Faculdade de Ciências, da Universidade do Porto]], no Curso de Engenharia Civil, curso esse que nunca foi concluído. Durante a sua frequência universitária pertenceu à [[Tuna Académica do Porto]] e ao [[Orfeão Académico do Porto]], vindo a ser também membro do [[Orfeão Lusitano da Sociedade Artística]].
Ingressou na [[Faculdade de Ciências da Universidade do Porto|Faculdade de Ciências, da Universidade do Porto]], no Curso de Engenharia Civil, no ano lectivo de 1935-1936, curso esse que nunca foi concluído. Durante a sua frequência universitária pertenceu à [[Tuna Académica do Porto]] e ao [[Orfeão Académico do Porto]], vindo a ser também membro do [[Orfeão Lusitano da Sociedade Artística]].


Em 1935, aos 18 anos, Manuel de Azevedo é detido, pela primeira vez, juntamente com [[Carlos Espaín]] e [[António Augusto Zuzarte Cortesão]], para averiguações, a 16 de Fevereiro, ''“por ter sido apanhado a pintar inscrições contra o fascismo nas paredes”''.<ref>Ana Aranha e Carlos Ademar, ''No limite da dor'', série de programas com testemunhos de vários ex-presos políticos, torturados pela PIDE, consultado em, http://www.rtp.pt/programa/radio/p5797#sthash.scgPag55.dpuf (Julho 2016)</ref> Manuel de Azevedo ''“é preso por esta polícia (…) por propaganda subversiva e entregue no T.M.E. que o condenou a 500$00 de multa e perda de direitos políticos por 5 anos.”'', sendo restituída a sua liberdade a 25 de Abril de 1935.<ref>Documento da PIDE - Processo 1018/35.</ref>
Em 1935, aos 18 anos, Manuel de Azevedo é detido, pela primeira vez, juntamente com [[Carlos Espaín]] e [[António Augusto Zuzarte Cortesão]], para averiguações, a 16 de Fevereiro, ''“por ter sido apanhado a pintar inscrições contra o fascismo nas paredes”''.<ref>Ana Aranha e Carlos Ademar, ''No limite da dor'', série de programas com testemunhos de vários ex-presos políticos, torturados pela PIDE, consultado em, http://www.rtp.pt/programa/radio/p5797#sthash.scgPag55.dpuf (Julho 2016)</ref> Manuel de Azevedo ''“é preso por esta polícia (…) por propaganda subversiva e entregue no T.M.E. que o condenou a 500$00 de multa e perda de direitos políticos por 5 anos.”'', sendo restituída a sua liberdade a 25 de Abril de 1935.<ref>Documento da PIDE - Processo 1018/35.</ref>


=== Revista Quinzenal ''Sol Nascente'' (1937-1940) ===
=== Revista Quinzenal ''Sol Nascente'' (1937-1940) ===
O envolvimento de Manuel de Azevedo na [[Revista Quinzenal Sol Nascente]], um quinzenário de Ciência, Arte e Crítica (1937-1940) fica patente no facto de Manuel de Azevedo participar em todos os números da revista, de 30 de Janeiro de 1937 e até 15 de Abril de 1940. Essa participação deu-se a vários níveis, enquanto redactor, escritor, paginador, gravurista e, igualmente, na responsabilidade assumida pela impressão da revista, no jornal ‘[[O Primeiro de Janeiro]]’.
O envolvimento de Manuel de Azevedo na [[Revista Quinzenal Sol Nascente]], um quinzenário de Ciência, Arte e Crítica (1937-1940) fica patente no facto de ter participado em todos os números da revista, de 30 de Janeiro de 1937 e até 15 de Abril de 1940. Essa participação deu-se a vários níveis, enquanto redactor, escritor, paginador, gravurista e, igualmente, na responsabilidade assumida pela impressão da revista, no jornal ‘[[O Primeiro de Janeiro]]’. A sede de redacção e de administração da ''Sol Nascente'' foi também, durante um período muito significativo da vida do quinzenário, na Rua do Bonjardim, nº629, morada de família de Manuel de Azevedo, ''“(…) como foi igualmente a inclinação de Manuel de Azevedo que apareceu indicado, nas três primeiras edições, como administrador da publicação e o factótum do quinzenário, ao longo dos três anos e três meses da sua edição.”''<ref>''Cf.'' Andrade, Luís, Intelectuais, Utopia e Comunismo, A inscrição do marxismo na cultura portuguesa, Lisboa: FCG, FCT, 2010, p.63.</ref>


Aquando da alteração da sede da ''Sol Nascente'' para [[Coimbra]][[Coimbra (Minas Gerais)|,]] Manuel de Azevedo pediu transferência, no ano lectivo de 1938-1939, para a [[Faculdade de Ciências de Coimbra|Faculdade de Ciências de Coimbra.]]Nesta cidade, partilhou morada, na Couraça de Lisboa, nº38, com [[Jorge de Mendonça Torres]], também ligado à mesma revista. Nessa morada, veio a funcionar, na prática, a redacção, administração e distribuição da Revista.<ref>''Cf''. Esteves, João,  consultado em: <nowiki>http://silenciosememorias.blogspot.pt/2016/04/1437-manuel-de-azevedo-i.html</nowiki> (Julho 2016).</ref>
A sede de redacção e de administração da ''Sol Nascente'' foi também, durante um período muito significativo da vida do quinzenário, na Rua do Bonjardim, nº629, morada de família de Manuel de Azevedo, ''“(…) como foi igualmente a inclinação de Manuel de Azevedo que apareceu indicado, nas três primeiras edições, como administrador da publicação e o factótum do quinzenário, ao longo dos três anos e três meses da sua edição.”''<ref>''Cf.'' Andrade, Luís, Intelectuais, Utopia e Comunismo, A inscrição do marxismo na cultura portuguesa, Lisboa: FCG, FCT, 2010, p.63.</ref>


Durante este período, em [[Coimbra]] (1938 – 1939) deu-se uma nova detenção, a 25 de maio de 1939, pela ''[[Polícia de Vigilância e Defesa do Estado]]'' (PVDE), sob a acusação de os ''“arguidos professarem ideias comunistas, informação esta colhida pela Inspecção desta Polícia em Coimbra, onde se encontram a estudar. Não se provou no decorrer das averiguações terem feito propaganda, mantido ligações ou desenvolverem qualquer actividade revolucionária, motivo porque foi ordenada a sua liberdade condicional”''.<ref>Informação constante dos documentos da acusação da Polícia Política (PIDE).</ref>
Aquando da alteração da sede da ''Sol Nascente'' para [[Coimbra]][[Coimbra (Minas Gerais)|,]] Manuel de Azevedo pediu transferência, no ano lectivo de 1938-1939, para a [[Faculdade de Ciências de Coimbra|Faculdade de Ciências de Coimbra.]]Nesta cidade, partilhou morada, na Couraça de Lisboa, nº38, com [[Jorge de Mendonça Torres]], também ligado à mesma revista. Nessa morada veio a funcionar, na prática, a redacção, administração e distribuição da Revista.


==== Período de vida no Porto ====
Durante este período, em [[Coimbra]] (1938 – 1939) deu-se uma nova detenção, a 25 de maio de 1939, pela ''[[Polícia de Vigilância e Defesa do Estado]]'' (PVDE), sob a acusação de os ''“arguidos professarem ideias comunistas, informação esta colhida pela Inspecção desta Polícia em Coimbra, onde se encontram a estudar. Não se provou no decorrer das averiguações terem feito propaganda, mantido ligações ou desenvolverem qualquer actividade revolucionária, motivo porque foi ordenada a sua liberdade condicional”''.
De regresso ao [[Porto]], Manuel de Azevedo retoma a ligação iniciada em 1937, quando aderiu ao núcleo dos Cineclubes, com o cartão de identidade nº21, através da relação estabelecida com [[Henrique Alves Costa]], existindo uma carta que faz menção a um encontro na ''Brasileira'', entre [[Henrique Alves Costa]] e Manuel de Azevedo, sobre a colaboração de Alves Costa, na ''Sol Nascente''.<ref>''Cf.'' Torgal, Luís, O Cinema sob o olhar de Salazar, Temas e Debates, Coimbra: Círculo de Leitores, 2001. Ponto 6: «Cinema em Marcha», Manuel de Azevedo. pp.57-59.</ref>


Durante os anos 40 e 50, Manuel de Azevedo veio a fazer parte da Direcção do CPC-CCP e, em Setembro de 1947, enquanto representante dos Cineclubes Portugueses, participou no I Congresso Internacional dos Cineclubes, em Cannes, para a formação da Federação Internacional dos Cineclubes. A respeito deste envolvimento no cineclubismo disse [[Manuel Carvalheiro]], no [[Diário de Lisboa]]: ''“Manuel de Azevedo é certamente o pai (o tio seria Alves Costa…) do cineclubismo em Portugal”''.<ref>''Cf.'' Carvalheiro, Manuel, ‘A Ideo-cine-logia de Manuel de Azevedo’, DL, cultura & espectáculos, 26.07.1984 .</ref>
De regresso ao Porto, Manuel de Azevedo continuou uma actividade política clandestina associada ao Partido Comunista, sendo companheiro de muitas lutas de personalidades ímpar da sua geração como, António Lobão Vital e de Virgínia Moura, esta última que o refere inúmeras vezes no seu livro Mulher de Abril [Edições Avante!, 1996].


Interessado pelo cinema, pela Comunicação e Divulgação da 7ª Arte, Manuel de Azevedo participou no filme [[Aniki-Bobó]] [1942] de [[Manoel de Oliveira]], onde canta uma canção. A sua dedicação, nesta área, fizeram com que Manuel de Azevedo se tenha destacado no movimento cineclubista: <blockquote>“Na realidade, nos anos de 45 a 47, o Clube Português de Cinematografia teve certa actividade, mas sempre de modo irregular dadas as divergências existentes no seu seio sobre o rumo a seguir e os prejuízos materiais que se acumulavam devido o número reduzido de associados. (…) Era necessário dar uma volta à situação. Foi então que me encontrei com o jornalista Manuel de Azevedo para discutirmos o caminho que se deveria seguir no Cineclube. Concluímos que era necessário «revitaliza-lo» (…). Foi assim que entraram em actividade como sócios, primeiro, e logo em seguida como dirigentes do Clube Português de Cinematografia (a que se acrescentaria daqui em diante a designação mais abreviada e mais precisa de [[Cineclube do Porto]]) Manuel de Azevedo, [[Henrique Alves Costa]] (…)”.<ref>''Cf.'' Conceição, Manuel, Um Cineclube exemplar. O Cineclube do Porto, Latitudes, nº17, Maio 2003.</ref></blockquote>
Também em 1937, aderiu ao núcleo dos Cineclubes, com o cartão de identidade nº21, através da relação estabelecida com Alves Costa (pai), existindo uma carta que faz menção a um encontro na Brasileira, entre Alves Costa e Manuel de Azevedo, sobre a colaboração de Alves Costa, na Sol Nascente.


A sua iniciativa e participação associativista e cívica, durante os anos 40 e 50, foram consideráveis. Damos conta do seu na [[Delegação da Associação Feminina Portuguesa para a Paz]] (AFPP''')''' (1942), como sócio auxiliar, com a sua mulher, [[Maria Natália Maia]] (sócia). No grupo [[Fenianos]], do Porto ou ainda como sócio fundador da [[Sociedade Editora Norte]] (SEN), entre 1942 e 1959.
Interessado pelo cinema, pela Comunicação e Divulgação da 7ª Arte, Manuel de Azevedo participou no filme Aniki-Bobó [1942] de Manoel de Oliveira, onde canta uma canção. A sua dedicação, nesta área, fizeram com que Manuel de Azevedo se tenha destacado no movimento cineclubista: <blockquote>“Na realidade, nos anos de 45 a 47, o Clube Português de Cinematografia teve certa actividade, mas sempre de modo irregular dadas as divergências existentes no seu seio sobre o rumo a seguir e os prejuízos materiais que se acumulavam devido o número reduzido de associados. (…) Era necessário dar uma volta à situação. Foi então que me encontrei com o jornalista Manuel de Azevedo para discutirmos o caminho que se deveria seguir no Cineclube. Concluímos que era necessário «revitaliza-lo» (…). Foi assim que entraram em actividade como sócios, primeiro, e logo em seguida como dirigentes do Clube Português de Cinematografia (a que se acrescentaria daqui em diante a designação mais abreviada e mais precisa de Cineclube do Porto) Manuel de Azevedo, Alves Costa (…)”. <ref>''Cf.'' Conceição, Manuel, Um Cineclube exemplar. O Cineclube do Porto, Latitudes, nº17, Maio 2003.</ref></blockquote>Durante os anos 40 e 50, Manuel de Azevedo veio a fazer parte da Direcção do CPC-CCP e, em Setembro de 1947, enquanto representante dos Cineclubes Portugueses, participou no I Congresso Internacional dos Cineclubes, em Cannes, para a formação da Federação Internacional dos Cineclubes. A respeito deste envolvimento no cineclubismo disse Manuel Carvalheiro, no Diário de Lisboa: “Manuel de Azevedo é certamente o pai (o tio seria Alves Costa…)do cineclubismo em Portugal”.

Manuel de Azevedo continuou uma actividade política clandestina associada ao [[Partido Comunista Português|Partido Comunista]], sendo companheiro de muitas lutas de personalidades ímpar da sua geração como, [[António Lobão Vital]] e de [[Virgínia Moura]], esta última que o refere inúmeras vezes no seu livro Mulher de Abril [Edições Avante!, 1996].<ref>''Cf''. Esteves, João,  consultado em: http://silenciosememorias.blogspot.pt/2016/04/1437-manuel-de-azevedo-i.html (Julho 2016).</ref>


A sua iniciativa e participação associativista e cívica, durante os anos 40 e 50, foram consideráveis. Damos conta do envolvimento de Manuel de Azevedo na Delegação da Associação Feminina Portuguesa para a Paz AFPP (1942), como sócio auxiliar, com a sua mulher, Maria Natália Maia (sócia). No grupo Fenianos, do Porto ou ainda como sócio fundador (sócio, nº10), da Sociedade Editora Norte SEN, entre 1942 e 1959.
Do ponto de vista profissional, Manuel de Azevedo ficou sobretudo ligado ao jornalismo, à crítica e ao cinema com a Carteira Profissional nº238. Pertenceu à Delegação do Século, no Porto (1942 - 1943) onde exerceu a função de Repórter/Redactor e, no ano seguinte, passou para O Primeiro de Janeiro, onde se manteve por 17 anos e até 1961, como repórter. Em 1943 integra o Sindicato Nacional dos Jornalistas. Manteve, simultaneamente, actividade no jornal O Norte Desportivo (1953-1961) e envolvimentos menos sistemáticos noutros jornais regionais ou temáticos, sobretudo na área do cinema, com artigos e crónicas.
Do ponto de vista profissional, Manuel de Azevedo ficou sobretudo ligado ao jornalismo, à crítica e ao cinema com a Carteira Profissional nº238. Pertenceu à Delegação do Século, no Porto (1942 - 1943) onde exerceu a função de Repórter/Redactor e, no ano seguinte, passou para O Primeiro de Janeiro, onde se manteve por 17 anos e até 1961, como repórter. Em 1943 integra o Sindicato Nacional dos Jornalistas. Manteve, simultaneamente, actividade no jornal O Norte Desportivo (1953-1961) e envolvimentos menos sistemáticos noutros jornais regionais ou temáticos, sobretudo na área do cinema, com artigos e crónicas.
A par da sua actividade jornalística, coube a Manuel de Azevedo, em 1941, a Direcção da 1ª Edição dos Cadernos Azuis, cuja morada retorna à Rua do Bonjardim, nº 629, Porto. Da colecção Cadernos Azuis, o primeiro título publicado será da autoria do próprio, com O Cinema em Marcha (Ensaio) [1941], uma Edição do Autor. A Direcção do nº 2, 3 e 4, dos Cadernos Azuis (1942), ficou igualmente à responsabilidade de Manuel de Azevedo, entretanto publicado pela Editora Livraria Joaquim Maria da Costa, Porto. A colecção será reeditada em 1944/45 com Manuel de Azevedo como coordenador, dos nºs de 1 a 11.
A par da sua actividade jornalística, coube a Manuel de Azevedo, em 1941, a Direcção da 1ª Edição dos Cadernos Azuis, cuja morada retorna à Rua do Bonjardim, nº 629, Porto. Da colecção Cadernos Azuis, o primeiro título publicado será da autoria do próprio, com O Cinema em Marcha (Ensaio) [1941], uma Edição do Autor. A Direcção do nº 2, 3 e 4, dos Cadernos Azuis (1942), ficou igualmente à responsabilidade de Manuel de Azevedo, entretanto publicado pela Editora Livraria Joaquim Maria da Costa, Porto. A colecção será reeditada em 1944/45 com Manuel de Azevedo como coordenador, dos nºs de 1 a 11.

Revisão das 15h19min de 5 de agosto de 2016

Manuel de Azevedo

Manuel de Azevedo (Manuel Rodrigues Monteiro de Azevedo), Folhadela, 06.08.1916 – 06.07.1984, foi um Jornalista Cultural e de Intervenção, um Cinéfilo e firme na militância Associativa, Sindical e Cívica. Um cidadão dedicado à luta Antifascista e aos valores da Liberdade e defesa da Cultura Democrática.

Biografia

Manuel de Azevedo

Nasceu em Vila Real e cedo órfão, ficou a residir na morada da sua avó materna, no Porto vindo a realizar, nesta mesma cidade, a maioria dos seus estudos. Frequentou o Colégio Internato dos Carvalho (1931-1933) e, posteriormente, integra a secção do Curso de Ciências do Liceu Rodrigues de Freitas e do Liceu Alexandre Herculano (1933 - 1935), onde cedo se envolveu com as causas políticas e culturais. Nesses liceus, Manuel de Azevedo conheceu aqueles que se tornaram o seu grupo de amigos e que o irão acompanhar ao longo da sua vida e em vários projectos culturais e profissionais, como o Carlos Espaín, o Carlos Barroso, o António Lobão Vital, o Dilermano Marinho e o José Soares Lopes. Alguns destes estudantes que se haviam conhecido no Liceu Rodrigues de Freitas e que conviviam diariamente nos cafés da baixa Portuense estarão na origem da Revista Sol Nascente.[1]

Ingressou na Faculdade de Ciências, da Universidade do Porto, no Curso de Engenharia Civil, no ano lectivo de 1935-1936, curso esse que nunca foi concluído. Durante a sua frequência universitária pertenceu à Tuna Académica do Porto e ao Orfeão Académico do Porto, vindo a ser também membro do Orfeão Lusitano da Sociedade Artística.

Em 1935, aos 18 anos, Manuel de Azevedo é detido, pela primeira vez, juntamente com Carlos Espaín e António Augusto Zuzarte Cortesão, para averiguações, a 16 de Fevereiro, “por ter sido apanhado a pintar inscrições contra o fascismo nas paredes”.[2] Manuel de Azevedo “é preso por esta polícia (…) por propaganda subversiva e entregue no T.M.E. que o condenou a 500$00 de multa e perda de direitos políticos por 5 anos.”, sendo restituída a sua liberdade a 25 de Abril de 1935.[3]

Revista Quinzenal Sol Nascente (1937-1940)

O envolvimento de Manuel de Azevedo na Revista Quinzenal Sol Nascente, um quinzenário de Ciência, Arte e Crítica (1937-1940) fica patente no facto de ter participado em todos os números da revista, de 30 de Janeiro de 1937 e até 15 de Abril de 1940. Essa participação deu-se a vários níveis, enquanto redactor, escritor, paginador, gravurista e, igualmente, na responsabilidade assumida pela impressão da revista, no jornal ‘O Primeiro de Janeiro’. A sede de redacção e de administração da Sol Nascente foi também, durante um período muito significativo da vida do quinzenário, na Rua do Bonjardim, nº629, morada de família de Manuel de Azevedo, “(…) como foi igualmente a inclinação de Manuel de Azevedo que apareceu indicado, nas três primeiras edições, como administrador da publicação e o factótum do quinzenário, ao longo dos três anos e três meses da sua edição.”[4]

Aquando da alteração da sede da Sol Nascente para Coimbra, Manuel de Azevedo pediu transferência, no ano lectivo de 1938-1939, para a Faculdade de Ciências de Coimbra.Nesta cidade, partilhou morada, na Couraça de Lisboa, nº38, com Jorge de Mendonça Torres, também ligado à mesma revista. Nessa morada, veio a funcionar, na prática, a redacção, administração e distribuição da Revista.[5]

Durante este período, em Coimbra (1938 – 1939) deu-se uma nova detenção, a 25 de maio de 1939, pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), sob a acusação de os “arguidos professarem ideias comunistas, informação esta colhida pela Inspecção desta Polícia em Coimbra, onde se encontram a estudar. Não se provou no decorrer das averiguações terem feito propaganda, mantido ligações ou desenvolverem qualquer actividade revolucionária, motivo porque foi ordenada a sua liberdade condicional”.[6]

Período de vida no Porto

De regresso ao Porto, Manuel de Azevedo retoma a ligação iniciada em 1937, quando aderiu ao núcleo dos Cineclubes, com o cartão de identidade nº21, através da relação estabelecida com Henrique Alves Costa, existindo uma carta que faz menção a um encontro na Brasileira, entre Henrique Alves Costa e Manuel de Azevedo, sobre a colaboração de Alves Costa, na Sol Nascente.[7]

Durante os anos 40 e 50, Manuel de Azevedo veio a fazer parte da Direcção do CPC-CCP e, em Setembro de 1947, enquanto representante dos Cineclubes Portugueses, participou no I Congresso Internacional dos Cineclubes, em Cannes, para a formação da Federação Internacional dos Cineclubes. A respeito deste envolvimento no cineclubismo disse Manuel Carvalheiro, no Diário de Lisboa: “Manuel de Azevedo é certamente o pai (o tio seria Alves Costa…) do cineclubismo em Portugal”.[8]

Interessado pelo cinema, pela Comunicação e Divulgação da 7ª Arte, Manuel de Azevedo participou no filme Aniki-Bobó [1942] de Manoel de Oliveira, onde canta uma canção. A sua dedicação, nesta área, fizeram com que Manuel de Azevedo se tenha destacado no movimento cineclubista:

“Na realidade, nos anos de 45 a 47, o Clube Português de Cinematografia teve certa actividade, mas sempre de modo irregular dadas as divergências existentes no seu seio sobre o rumo a seguir e os prejuízos materiais que se acumulavam devido o número reduzido de associados. (…) Era necessário dar uma volta à situação. Foi então que me encontrei com o jornalista Manuel de Azevedo para discutirmos o caminho que se deveria seguir no Cineclube. Concluímos que era necessário «revitaliza-lo» (…). Foi assim que entraram em actividade como sócios, primeiro, e logo em seguida como dirigentes do Clube Português de Cinematografia (a que se acrescentaria daqui em diante a designação mais abreviada e mais precisa de Cineclube do Porto) Manuel de Azevedo, Henrique Alves Costa (…)”.[9]

A sua iniciativa e participação associativista e cívica, durante os anos 40 e 50, foram consideráveis. Damos conta do seu na Delegação da Associação Feminina Portuguesa para a Paz (AFPP) (1942), como sócio auxiliar, com a sua mulher, Maria Natália Maia (sócia). No grupo Fenianos, do Porto ou ainda como sócio fundador da Sociedade Editora Norte (SEN), entre 1942 e 1959.

Manuel de Azevedo continuou uma actividade política clandestina associada ao Partido Comunista, sendo companheiro de muitas lutas de personalidades ímpar da sua geração como, António Lobão Vital e de Virgínia Moura, esta última que o refere inúmeras vezes no seu livro Mulher de Abril [Edições Avante!, 1996].[10]

Do ponto de vista profissional, Manuel de Azevedo ficou sobretudo ligado ao jornalismo, à crítica e ao cinema com a Carteira Profissional nº238. Pertenceu à Delegação do Século, no Porto (1942 - 1943) onde exerceu a função de Repórter/Redactor e, no ano seguinte, passou para O Primeiro de Janeiro, onde se manteve por 17 anos e até 1961, como repórter. Em 1943 integra o Sindicato Nacional dos Jornalistas. Manteve, simultaneamente, actividade no jornal O Norte Desportivo (1953-1961) e envolvimentos menos sistemáticos noutros jornais regionais ou temáticos, sobretudo na área do cinema, com artigos e crónicas. A par da sua actividade jornalística, coube a Manuel de Azevedo, em 1941, a Direcção da 1ª Edição dos Cadernos Azuis, cuja morada retorna à Rua do Bonjardim, nº 629, Porto. Da colecção Cadernos Azuis, o primeiro título publicado será da autoria do próprio, com O Cinema em Marcha (Ensaio) [1941], uma Edição do Autor. A Direcção do nº 2, 3 e 4, dos Cadernos Azuis (1942), ficou igualmente à responsabilidade de Manuel de Azevedo, entretanto publicado pela Editora Livraria Joaquim Maria da Costa, Porto. A colecção será reeditada em 1944/45 com Manuel de Azevedo como coordenador, dos nºs de 1 a 11.

A intervenção de Manuel de Azevedo na vida política local e nacional, e as suas convicções contra a ditadura do Estado Novo, foram uma constante, ao longo da sua vida. Entre 1942 e 1946 pertenceu ao Movimento e Unidade Nacional Antifascista, MUNAF. Entre 1945 e 1948 aderiu ao Movimento de Unidade Democrática, M.U.D.. e de 1949 a 1957 ao Movimento Nacional Democrático, MND, vindo a ser orador numa sessão de propaganda eleitoral realizada em Coimbrões – Gaia, no Cine-Estrela (18/01/1949) e promovida pelos serviços de candidatura do General Norton de Matos. Também em 1951 esteve envolvido na campanha eleitoral a Presidente da República de Ruy Luís Gomes e, em 1958, de Arlindo Vicente e de Humberto Delgado, dando voz no Rádio Clube Português à campanha eleitoral do primeiro, de que era um dos proponentes. Manuel de Azevedo foi um dos que aguardou a chegada de Arlindo Vicente, na Estação de São Bento, no Porto, em 20 de Maio. Associou-se, ainda, a todas as iniciativas da Oposição à Ditadura, nomeadamente participando nas diversas celebrações do 31 de Janeiro e do 5 de Outubro. Ao longo dos anos 50, manteve a sua actividade jornalística e cineclubista, sendo também, nesse período vogal da Direcção (1959) no Grupo Teatro Experimental, do Porto. Em 1952 iniciou-se uma longa ligação de Manuel de Azevedo com a Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto – AJHLP, onde foi eleito, em 1959, Secretário-Geral da Direcção da AJHLP, para 1960 e através das suas persistentes prestações para a Gazeta Literária. Em 1961 mudou-se com a sua família para Lisboa, Alvalade e passando a trabalhar no Diário de Lisboa, como redactor principal e coordenando diferentes projectos, até à sua morte, em 1984. A sua acção política e cívica durante os anos 60 é pautada pela mesma incessante luta em diferentes iniciativas. Dentro destas acções destacam-se a participação de Manuel de Azevedo na Junta de Acção Patriótica, JAP (1960/63) e em 1969 aquando das Eleições Legislativas, a sua ligação ao Movimento Democrático Eleitoral, MDE subscrevendo a “Ampla Frente Democrática” e fazendo parte das Comissões Eleitorais. (Documento da PIDE). Após a revolução, militou no MDP/CDE de que foi membro do Conselho Nacional e pertenceu ao Conselho de Informação para a Imprensa. Em Lisboa no trabalho que desenvolve, no Diário de Lisboa, foi Subchefe de Redacção (1974) e Chefe de Redacção do ‘Sempre Fixe’, jornal ligado à Renascença Gráfica (1975) e integrando sucessivos Conselhos de Redacção do ‘DL’. Foi igualmente o Director do Boletim ‘Jornalismo’ do Sindicato de Jornalistas. Durante, praticamente, 20 anos (1967-1984) publicou com grande regularidade, na última página do ‘DL’ uma pequena secção de opinião “(…) sobre temas candentes da actualidade portuguesa, abordando-os com uma linguagem incisiva e com um humor por vezes amargo.” Enquanto jornalista foi ainda Coordenador do suplemento de cinema «Écran», do Jornal do Fundão (1971) e pertenceu à Redacção do Notícias da Amadora (1972). Na ficha nº156095, da PIDE consta: ‘Não oferece garantias na realização dos fins supremos do Estado (29/01/73) - Para efeitos de eleição do Sindicato Nacional dos Jornalistas (1972) e membro do Conselho de Informação para a Imprensa.

Faleceu a 6 de Julho de 1984 devido a doença cardiovascular, no Hospital de Santa Maria, Lisboa. Em São Bento, foi feito um Voto unânime, de Pesar pela morte de Manuel de Azevedo, no dia 12.07.1984.

  1. Cf. Andrade, Luís, Intelectuais, Utopia e Comunismo, A inscrição do marxismo na cultura portuguesa, Lisboa: FCG, FCT, 2010, p.11.
  2. Ana Aranha e Carlos Ademar, No limite da dor, série de programas com testemunhos de vários ex-presos políticos, torturados pela PIDE, consultado em, http://www.rtp.pt/programa/radio/p5797#sthash.scgPag55.dpuf (Julho 2016)
  3. Documento da PIDE - Processo 1018/35.
  4. Cf. Andrade, Luís, Intelectuais, Utopia e Comunismo, A inscrição do marxismo na cultura portuguesa, Lisboa: FCG, FCT, 2010, p.63.
  5. Cf. Esteves, João,  consultado em: http://silenciosememorias.blogspot.pt/2016/04/1437-manuel-de-azevedo-i.html (Julho 2016).
  6. Informação constante dos documentos da acusação da Polícia Política (PIDE).
  7. Cf. Torgal, Luís, O Cinema sob o olhar de Salazar, Temas e Debates, Coimbra: Círculo de Leitores, 2001. Ponto 6: «Cinema em Marcha», Manuel de Azevedo. pp.57-59.
  8. Cf. Carvalheiro, Manuel, ‘A Ideo-cine-logia de Manuel de Azevedo’, DL, cultura & espectáculos, 26.07.1984 .
  9. Cf. Conceição, Manuel, Um Cineclube exemplar. O Cineclube do Porto, Latitudes, nº17, Maio 2003.
  10. Cf. Esteves, João,  consultado em: http://silenciosememorias.blogspot.pt/2016/04/1437-manuel-de-azevedo-i.html (Julho 2016).