Saltar para o conteúdo

Ética: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Joaosac (discussão | contribs)
→‎Ética na filosofia clássica: Ceticismo antigo - pequena melhoras
Linha 17: Linha 17:
Em seguida são descritas brevemente as teorias éticas de vários filósofos clássicos:
Em seguida são descritas brevemente as teorias éticas de vários filósofos clássicos:


Para a '''[[Aristipo de Cirene|escola cirenaica]]''', a felicidade consistia no gozo de todo prazer imediato. Defendia, porém, um controle racional sobre o prazer para que não se desenvolvesse uma depêndencia dos prazeres.
Para '''[[Aristipo de Cirene|escola cirenaica]]''', a felicidade consistia no gozo de todo prazer imediato. Defendia, porém, um controle racional sobre o prazer para que não se desenvolvesse uma depêndencia dos prazeres.


'''[[Demócrito de Abdera]]''' afirmava que, ao buscarmos ser felizes, devemos fazer poucas coisas afim de que o que fizermos não ultrapasse nossas forças e não nos leve à inquietação. Dizia que "é sábio quem não se aflige com o que lhe falta e se alegra com o que possui" e que "a moderação aumenta o gozo e acresce o prazer". Afirmava que a agressividade é insensata porque "enquanto se busca prejudicar o inimigo, esquecemos o nosso próprio interesse". <ref>Fragmentos 3, 231, 211 e 237, respectivamente. Os Pré-socráticos, coleção os pensadores</ref>.
'''[[Demócrito de Abdera]]''' afirmava que o ser e uito iportate, ao buscarmos ser felizes, devemos fazer poucas coisas afim de que o que fizermos não ultrapasse nossas forças e não nos leve à inquietação. Dizia que "é sábio quem não se aflige com o que lhe falta e se alegra com o que possui" e que "a moderação aumenta o gozo e acresce o prazer". Afirmava que a agressividade é insensata porque "enquanto se busca prejudicar o inimigo, esquecemos o nosso próprio interesse". <ref>Fragmentos 3, 231, 211 e 237, respectivamente. Os Pré-socráticos, coleção os pensadores</ref>.


'''[[Aristóteles]]''', em sua obra [[Ética a Nicômaco]], afirma que a felicidade (''[[Eudemonismo|eudemonia]]'') não consiste nem nos prazeres, nem nas riquezas, nem nas honras, mas numa vida virtuosa. A virtude ([[areté]]), por sua vez, se encontra num justo meio entre os extremos, que será encontrada por aquele dotado de prudência (''phronesis'') e educado pelo hábito no seu exercício.
'''[[Aristóteles]]''', em sua obra [[Ética a Nicômaco]], afirma que a felicidade (''[[Eudemonismo|eudemonia]]'') não consiste nem nos prazeres, nem nas riquezas, nem nas honras, mas numa vida virtuosa. A virtude ([[areté]]), por sua vez, se encontra num justo meio entre os extremos, que será encontrada por aquele dotado de prudência (''phronesis'') e educado pelo hábito no seu exercício.

Revisão das 22h35min de 16 de novembro de 2010

 Nota: Para outros significados, veja Ética (desambiguação).

Ética (do grego ethos, que significa modo de ser, caráter, comportamento) é o ramo da filosofia que busca estudar e indicar o melhor modo de viver no cotidiano e na sociedade. Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano. [1][2].

Na filosofia clássica, a ética não se resume ao estudo da moral (entendida como "costume", do latim mos, mores), mas a todo o campo do conhecimento que não é abrangido na física, metafísica, estética, na lógica e nem na retórica. Assim, a ética abrangia os campos que atualmente são denominados antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, educação física, dietética e até mesmo política, em suma, campos direta ou indiretamente ligados a maneiras de viver.

Porém, com a crescente profissionalização e especialização do conhecimento que se seguiu à revolução industrial, a maioria dos campos que eram objeto de estudo da filosofia, particularmente da ética, foram estabelecidos como disciplinas científicas independentes. Assim, é comum que atualmente a ética seja definida como "a área da filosofia que se ocupa do estudo das normas morais nas sociedades humanas" [3] e busca explicar e justificar os costumes de um determinado agrupamento humano, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns. Neste sentido, ética pode ser definida como a ciência que estuda a conduta humana e a moral é a qualidade desta conduta, quando julga-se do ponto de vista do Bem e do Mal.

A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da ética.

Moderna e erroneamente, a maioria das profissões têm o seu próprio código de ética profissional, que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, e que por ser um código escrito e freqüentemente incorporados à lei pública não deveria se chamar de "código de ética" e sim "Legislação da Profissão". Nesses casos, os princípios éticos passam a ter força de lei; note-se que, mesmo nos casos em que esses códigos não estão incorporados à lei, seu estudo tem alta probabilidade de exercer influência, por exemplo, em julgamentos nos quais se discutam fatos relativos à conduta profissional. Ademais, o seu não cumprimento pode resultar em sanções executadas pela sociedade profissional, como censura pública e suspensão temporária ou definitiva do direito de exercer a profissão, situações essas algumas vezes revertidas pela justiça comum, principalmente quando os "códigos de ética" de certas profissões apresentam viés que contraria a lei ordinária.

Ética na filosofia clássica

Na antiguidade, todos os filósofos entendiam a ética como o estudo dos meios de se alcançar a felicidade (eudaimonia) e investigar o que significa felicidade. Porém, durante a idade média, a filosofia foi dominada pelo cristianismo e pelo islamismo, e a ética se centralizou na moral (interpretação dos mandamentos e preceitos religiosos). No renascimento e no século XVII, os filósofos redescobriram os temas éticos da antiguidade, e a ética foi entendida novamente como o estudo dos meios de se alcançar o bem estar e a felicidade.

Em seguida são descritas brevemente as teorias éticas de vários filósofos clássicos:

Para escola cirenaica, a felicidade consistia no gozo de todo prazer imediato. Defendia, porém, um controle racional sobre o prazer para que não se desenvolvesse uma depêndencia dos prazeres.

Demócrito de Abdera afirmava que o ser e uito iportate, ao buscarmos ser felizes, devemos fazer poucas coisas afim de que o que fizermos não ultrapasse nossas forças e não nos leve à inquietação. Dizia que "é sábio quem não se aflige com o que lhe falta e se alegra com o que possui" e que "a moderação aumenta o gozo e acresce o prazer". Afirmava que a agressividade é insensata porque "enquanto se busca prejudicar o inimigo, esquecemos o nosso próprio interesse". [4].

Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco, afirma que a felicidade (eudemonia) não consiste nem nos prazeres, nem nas riquezas, nem nas honras, mas numa vida virtuosa. A virtude (areté), por sua vez, se encontra num justo meio entre os extremos, que será encontrada por aquele dotado de prudência (phronesis) e educado pelo hábito no seu exercício.

Para Epicuro a felicidade consiste na busca do prazer, que ele definia como um estado de tranquilidade e de libertação da superstição e do medo (ataraxia), assim como a ausência de sofrimento (aponia). Para ele, a felicidade não é a busca desenfreada de bens e prazeres corporais, mas o prazer obtido pelo conhecimento, amizade e uma vida simples. Por exemplo, ele argumentava que ao comermos, obtemos prazer não pelo excesso ou pelo luxo culinário (que leva a um prazer fortuito, seguido pela insatisfação), mas pela moderação, que torna o prazer um estado de espírito constante, mesmo se nos alimentarmos simplesmente de pão e água[5].

Para os filósofos cínicos, a felicidade era identificada com o poder sobre si mesmo ou auto-suficiência (em grego, autárkeia) e é alcançada eliminando-se da vontade todo o supérfluo, tudo aquilo que fosse exterior. Defendiam um retorno à vida da natureza, errante e instintiva, como a dos cães. Desacreditavam as conquistas da civilização, suas estruturas jurídicas, religiosas e sociais.

Para os estóicos, a felicidade consiste em viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselha a indiferença (apathea) em relação a tudo que é externo. O homem sábio obedece à lei natural reconhecendo-se como uma peça na grande ordem e propósito do universo, devendo assim manter a serenidade e indiferença perante as tragédias e alegrias.

Para os céticos da antiguidade, nada podemos saber, pois sempre há razões igualmente fortes para afirmar ou negar qualquer teoria, além do que toda teoria é indemonstrável (um dos argumentos é que toda demonstração exige uma demonstração e assim ad infinitum). Defender qualquer teoria, então, traz sofrimentos desnecessárias e inúteis. Assim, os céticos advogavam a "suspensão do juízo" (epokhé). Por exemplo, aquele que não imagina que a dor é um mal não sofre senão da dor presente, enquanto que aquele que julga a dor um mal duplica seu sofrimento e mesmo sofre sem dor presente, sendo a mera idéia do mal da dor as vezes mais dolorosa que a própria dor. [6]

Espinoza, em sua obra Ética, afirma que a felicidade é encontrada através da alegria ativa, que nos possibilita ultrapassar as paixões (tristeza e alegria passivas). A alegria ativa consiste em compreender e ativamente criar as condições/oportunidades exteriores que levam à alegria e ao amor (o amor é definido por ele como a alegria que associamos a uma causa exterior a nós), contra a tristeza e o ódio (o ódio é definido por ele como a tristeza que associamos a uma causa exterior a nós). Ele criticava severamente os filósofos cristãos medievais que afirmavam que a tristeza e o sofrimento são bons (como em Cristo). Para Espinoza, unicamente a alegria nos leva ao amor no cotidiano e na convivência com os outros, enquanto a tristeza nunca é boa, intrinsecamente relacionada ao ódio, a tristeza sempre é destrutiva para nós e para os outros.

Comportamento ético

Em Filosofia, o comportamento ético é aquele que é considerado bom. Os filósofos antigos adotaram diversas posições na definição do que é bom, sobre como lidar com as prioridades em conflito dos indivíduos versus o todo, sobre a universalidade dos princípios éticos versus a "ética de situação". Nesta, o que está certo depende das circunstâncias e não de uma qualquer lei geral. E sobre se a bondade é determinada pelos resultados da ação ou pelos meios pelos quais os resultados são alcançados.

O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Ética.

Como doutrina filosófica, a ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta exclusiva da moral. Portanto, a ética mostra o que era moralmente aceito na Grécia Antiga possibilitando uma comparação com o que é moralmente aceito hoje na Europa, por exemplo, indicando através da comparação, mudanças no comportamento humano e nas regras sociais e suas conseqüências, podendo daí, detectar problemas e/ou indicar caminhos. Nesse sentido, a ética e a moral, corroboram para formar subjetividades, ou seja, o modo como cada pessoa se constrói (pensa, age, fala, etc.).

Eugênio Bucci, em seu livro Sobre Ética e Imprensa, descreve a ética como um saber escolher entre "o bem" e "o bem" (ou entre "o mal" e o mal"), levando em conta o interesse da maioria da sociedade. Ao contrário da moral, que delimita o que é bom e o que é ruim no comportamento dos indivíduos para uma convivência civilizada, a ética é o indicativo do que é mais justo ou menos injusto diante de possíveis escolhas que afetam terceiros.

Visão

A ética tem sido aplicada na economia, política e ciência política, conduzindo a muitos distintos e não-relacionados campos de ética aplicada, incluindo: ética nos negócios e Marxismo.

Também tem sido aplicada à estrutura da família, à sexualidade, e como a sociedade vê o papel dos indivíduos, conduzindo a campos da ética muito distintos e não-relacionados, como o feminismo e a guerra, por exemplo.

A visão descritiva da ética é moderna e, de muitas maneiras, mais empírica sob a filosofia Grega clássica, especialmente Aristóteles.

Inicialmente, é necessário definir uma sentença ética, também conhecido como uma afirmativa normativa. Trata-se de um juízo positivo ou negativo (em termos morais) de alguma coisa.

Sentenças éticas são frases que usam palavras como bom, mau, certo, errado, moral, imoral, etc.

Aqui vão alguns exemplos:

  • “Salomão é uma boa pessoa”
  • “As pessoas não devem roubar”
  • “A honestidade é uma virtude”

Em contraste, uma frase não-ética precisa ser uma sentença que não serve para uma avaliação moral. Alguns exemplos são:

  • “Salomão é uma pessoa alta”
  • “As pessoas se deslocam nas ruas”
  • "João é o chefe".

Ética nas ciências

  • A principal lei ética na robótica é:
    • Um robô jamais deve ser projetado para machucar pessoas ou lhes fazer mal.
  • Na biologia:
    • Um assunto que é bastante polémico é a clonagem: uma parte dos ativistas considera que, pela ética e bom senso, a clonagem só deve ser usada, com seu devido controle, em animais e plantas somente para estudos biológicos - nunca para clonar seres humanos.
  • Na Programação
    • Nunca criar programas (softwares) para prejudicar as pessoas, como para roubar ou espionar.

Referências

  1. Gilles Deleuze, Espinosa: Filosofia Prática, p.23-35. Editora Escuta
  2. O que é Ética. Acessado em 11/04/2008>
  3. Cornell University of Law School. Ethics: an overview. Acessado em 11/04/2008.
  4. Fragmentos 3, 231, 211 e 237, respectivamente. Os Pré-socráticos, coleção os pensadores
  5. Carta a Meneceus [1]
  6. Os Céticos Gregos, Victor Brochard, pág 338, Odysseus Editora, 2009

Ver também

Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Ética

Predefinição:Portal-filosofia

Ligações externas

Ícone de esboço Este artigo sobre filosofia/um(a) filósofo(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.

Predefinição:Bom interwiki