A Traição das Imagens
A Traição das Imagens 'La trahison des images' | |
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René Magritte (1898–1967), The Treachery of Images (This is Not a Pipe), 1929.jpg | |
Autor | René Magritte |
Data | 1929 |
Técnica | Óleo sobre tela |
Dimensões | 63,5 × 93,98 |
Localização | Museu de Arte do Condado de Los Angeles, Los Angeles[1] |
A Traição das Imagens (em francês: La trahison des images) é uma pintura do pintor surrealista belga René Magritte. Este quadro, uma das obras-primas surrealistas do artista, está atualmente no Museu de Arte do Condado de Los Angeles (LACMA), Califórnia e é considerado um ícone da arte moderna. O quadro, pintado em 1929, faz parte de uma série, na qual a imagem realista é acompanhada pela inscrição Ceci n'est pas une pipe (ⓘ) que em português significa Isto não é um cachimbo. Fortemente influenciado pela psicologia freudiana, o surrealismo representou uma reação contra o "racionalismo". A Traição das Imagens desafia a convenção linguística de identificar uma imagem de algo como a coisa em si. A princípio, o ponto de Magritte aparece simplista, quase ao ponto de uma provocação: "Uma pintura de um cachimbo não é um cachimbo". Na verdade, este trabalho é extremamente paradoxal. O seu estilo realista e o subtítulo remete para um anúncio publicitário, uma área em que Magritte teria trabalhado.[1]
René Magritte nega aquilo que estamos a ver. A uma primeira análise, o significado desta negação torna-se claro, pois aquilo que estamos a ver não é um cachimbo verdadeiro, mas sim a representação de um cachimbo. Deparamo-nos com um desafio àquilo que se convencionou chamar de "cachimbo", pois a nossa imagem de cachimbo está negada. Magritte como que esvaziou de sentido aquilo que entendemos como sendo a palavra "cachimbo". Não podemos identificar esta representação com aquilo que é o objeto, gerando-se, assim, um conflito de mensagens. Este quadro pode, portanto tratar-se de um exemplo de paródia, na medida em que até à leitura da legenda, o espectador não tem dúvida que se trata de um cachimbo. Este objeto que reconhecemos como sendo, então, a representação de um cachimbo, afinal não é o que estamos a pensar. A associação que fazemos entre a ideia de cachimbo e aquilo que entendemos como sendo um cachimbo está negada.[2]
A imagem, aqui, é o "ícone" de um cachimbo, já que realmente "se parece" com um cachimbo e portanto permite uma "excitação análoga na mente" de quem vê. A questão impele-nos a pensar que imagens diferentes evocam diferentes analogias na mente de quem vê, analogias que variam conforme o grau de excitação provocada pela imagem.[2]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b «The Treachery of Images (This is Not a Pipe) (La trahison des images [Ceci n'est pas une pipe])» (em inglês). LACMA. Consultado em 7 de dezembro de 2014
- ↑ a b «IMAGEM E CONVENÇÃO VISUAL: A QUESTÃO DA REPRESENTAÇÃO VISUAL A PARTIR DE UMA ANÁLISE COMPARADA...» (PDF). 2009. Consultado em 7 de dezembro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 9 de dezembro de 2014
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Michel Foucault, Ceci n'est pas une pipe : Sur Magritte, 1973, Fata Morgana, (Scholies)
- Preço, Lorna. Obras-primas do County Museum of Art de Los Angeles. Los Angeles: Los Angeles County Museum of Art, 1988.
- Freeman, Judi. A Imagem Dada & surrealista Word. Los Angeles: Los Angeles County Museum of Art, de 1989.
- Allmer, Patricia. René Magritte: Beyond Painting, Manchester University Press, 2009. ISBN 0-7190-7928-4.
- Foucault, Michel (1983). This is not a pipe. Berkeley: University of California Press. ISBN 0520049160