Abdelwahid Aboud Mackaye

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Abdelwahid Aboud Mackaye (nascido em 1953) [1] é um líder insurgente chadiano envolvido numa guerra para depor o presidente chadiano Idriss Déby. Originalmente um combatente na milícia do Conselho Democrático Revolucionário (CDR) durante a Guerra Civil do Chade (1965–1979). Sob Déby, tornou-se um funcionário público antes de desertar para os rebeldes em 2003. Depois de estar por um tempo primeiro na Frente Unida para a Mudança Democrática (FUC) e depois na União das Forças para a Democracia e o Desenvolvimento (UFDD), fundou em 2007 a UFDD-Fundamental, que participou em fevereiro de 2008 do malsucedido ataque a N'Djamena.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Um árabe missiria,[2] Abdelwahid nasceu em 1953 perto de Oum Hadjer em Batha. Lutou como militante do CDR em 1980 na Segunda Batalha de N'Djamena, em que o Presidente Goukouni Oueddei enfrentou o seu Ministro da Defesa Hissène Habré; durante o confronto, Abdelwahid foi ferido e, a partir de então, sempre mancou. Posteriormente tornou-se funcionário público, ocupando no governo de Idriss Déby o cargo de subprefeito.[1]

Em 2003, Abdelwahid rompeu com Déby e passou para a rebelião aberta.[1] Tornou-se secretário-geral do grupo rebelde chadiano FIDEL e, após a união do grupo com outras organizações, um dos líderes da recém-formada aliança rebelde Frente Unida para a Mudança Democrática (FUC), fundada em dezembro de 2005 e sob a presidência de Mahamat Nour Abdelkerim.[3]

Em 19 de janeiro de 2006, Abdelwahid foi preso, junto com outros dezenove rebeldes, após participar de uma entrevista à Radio France Internationale, na capital sudanesa Cartum, na qual afirmou que "as relações da FUC com o governo sudanês são amigáveis - muito estreitas", e argumentou que isso estava de acordo com a tradição sob a qual sucessivas rebeliões chadianas tomaram o poder com algum grau de apoio de Cartum.[4] O governo sudanês negava repetidamente a acusação do presidente chadiano Idriss Déby de que o governo sudanês fornecia apoio financeiro e material à FUC. Ele foi libertado da prisão pouco depois.[5]

Abdelwahid organizou em abril junto com Nour o ataque à capital, que terminou em derrota para os rebeldes.[1] Durante esses dias, Déby - com receio de conluio com os rebeldes - prendeu o general Ahmat Fadoul Makaye, vice-chefe do Estado-Maior do exército chadiano e primo de Abdelwahid. Ele foi inocentado de todas as suspeitas e libertado três dias depois.[6] Este último foi afastado no dia 26 de setembro com Issa Moussa Tamboulé do bureau político da FUC; ele era supostamente suspeito de conspirar secretamente com o governo de Déby.[7] Na mesma época, Abdelwahid, que representava uma facção árabe cada vez mais hostil a Nour desde seu ataque fracassado, usou sua posição de secretário-geral para destituir Nour.[8]

Em seguida, Abdelwahid com um grupo de dissidentes da FUC uniu-se ao Conselho Democrático Revolucionário (CDR) de Acheikh ibn Oumar e à União das Forças para o Progresso e a Democracia (UFPD) de Mahamat Nouri para fundar em 22 de outubro a União das Forças para a Democracia e o Desenvolvimento (UFDD) .[9]

Em abril de 2007, uma grande crise abalou a UFDD, quando o vice-presidente Acheikh ibn Oumar exigiu de Nouri um papel importante para seus homens no aparato do movimento. Nouri recusou e expulsou Acheikh e consolidou o controle de sua etnia, os Gorane, sobre a UFDD.[10]

Depois de Acheikh, também Abdelwahid, desejoso por retomar sua liberdade de movimento, deixou a UFDD e fundou em maio com Acheikh um novo grupo armado, a União das Forças pela Democracia e Desenvolvimento-Fundamental (UFDD-F),[1] um grupo dominado por árabes[11] estimado em cerca de 500 militantes.[12][13]

Abdelwahid participou das negociações de paz realizadas por meio da mediação líbia em Trípoli entre o governo chadiano e os líderes de quatro movimentos rebeldes, a UFDD com Nouri, o Rassemblement des Forces pour le Changement (RFC) com Timane Erdimi, a Concórdia Nacional do Chade com Hassan Saleh al-Djinedi e a UFDD-F. No início das negociações em 23 de junho, Abdelwahid afirmou que "o problema é principalmente de ordem constitucional", acrescentando que "exigem uma revisão da constituição para reabrir o caminho para a transição".[14] Uma etapa importante nas negociações foi alcançada em 3 de outubro, quando o governo e os quatro grupos rebeldes assinaram um acordo em Trípoli sobre a divisão do poder no governo e a integração das forças rebeldes no exército chadiano. Entre os líderes rebeldes, Abdelwahid foi o único a chamar o documento assinado de "acordo definitivo", enquanto os outros o consideraram apenas provisório. Devido à objeção deste último, os quatro líderes rebeldes assinaram em 25 de outubro um novo acordo em Surt, presumivelmente definitivo, segundo o qual os movimentos armados se desarmariam em novembro e se tornariam partidos políticos.[15]

O acordo foi rompido já em 26 de novembro, dando lugar a violentos combates entre os rebeldes e o governo.[16] Em dezembro, devido às pressões sudanesas, reaproximou-se de Nouri e Erdimi,[1] formando com eles em meados de dezembro um Comando Militar Unificado com Abderahman Koulamallah como porta-voz. Abdelwahit afirmou que depois que suas bases no Sudão foram atacadas duas vezes pela Força Aérea do Chade, primeiro em 28 de dezembro e depois em 6 de janeiro de 2008.[17]

No final de janeiro, os três líderes rebeldes colocaram no terreno 3.000 homens para um ataque à capital na tentativa de acertar as contas com Déby de uma vez por todas. As forças chegam à capital, mas são derrotadas após uma batalha que deixa 160 mortos no terreno, obrigando os rebeldes a recuar.[18]

Referências

  1. a b c d e f «- Le triumvirat de la rébellion - Jeuneafrique.com - le premier site d'information et d'actualité sur l'Afrique». JEUNEAFRIQUE.COM. 11 de fevereiro de 2008. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2013 
  2. «Making Sense of Chad». Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2008 
  3. «TO SAVE DARFUR. Africa Report N°105 – 17 de março de 2006.» (PDF). unsudanig.org 
  4. «Rebels admit 'friendly' ties with Sudan but deny receiving support». IRIN. 18 de janeiro de 2006 
  5. «Sudan arrests 20 Chadian rebels in Khartoum». Reuters (ReliefWeb). 20 de janeiro de 2006 
  6. «- La guerre est-elle finie ? - Jeuneafrique.com». JEUNEAFRIQUE.COM. 25 de abril de 2006. Cópia arquivada em 10 de setembro de 2012 
  7. Doud, Mahamat Saleh (5 de outubro de 2006). «Est du Tchad : Des coups bas aux faits sur le terrain» (em francês). Alwihda. Cópia arquivada em 28 de setembro de 2007 
  8. «Press Release». Cópia arquivada em 4 de fevereiro de 2008 
  9. «Rebels take control of Chad town | the Australian». Cópia arquivada em 13 de fevereiro de 2008 
  10. «- Les rebelles se déchirent». Jeuneafrique.com. 30 de abril de 2007 
  11. "Une alliance de circonstance entre les groupes rebelles tchadiens", Le Monde, 04.02.2008.
  12. «apanews.com». Cópia arquivada em 4 de maio de 2008 
  13. «Sudan» (PDF). Cópia arquivada (PDF) em 9 de abril de 2008 
  14. «Debut des négociations à Tripoli entre gouvernement et rebelles tchadiens Atlasvista Maroc». AtlasVista 
  15. «Gouvernement et rebelles tchadiens signent un accord de paix en Libye». afrik.com. 26 de outubro de 2007 
  16. «- Pourquoi la guerre a repris - Jeuneafrique.com - le premier site d'information et d'actualité sur l'Afrique». JEUNEAFRIQUE.COM. 3 de dezembro de 2007. Cópia arquivada em 5 de setembro de 2012 
  17. "Chad declares right to pursue rebels in Sudan after bombings", AFP, 8-1-2008.
  18. «- La bataille de N'Djamena». Jeuneafrique.com. 11 de fevereiro de 2008. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2013