Acróstico
Na versificação, um acróstico[nota 1] é qualquer composição poética na qual certas letras de cada verso, quando lidas em outra direção e sentido, formam uma palavra ou frase.[1][2]
Tipos de acróstico
[editar | editar código-fonte]Em um acróstico (genérico), as letras que compõem a nova palavra ou frase podem estar em qualquer posição, dentro de cada verso.[1] Exemplo:
“ | Vencido está de amor meu pensamento, Contente deste bem, louva o momento Com esta pretensão está segura |
” |
No entanto, existem alguns tipos especiais de acróstico em que as posições dessas letras são mais bem definidas. Alguns desses tipos são os abaixo enunciados.
Acróstico propriamente dito
[editar | editar código-fonte]Quando se juntam as letras iniciais de cada verso para formar a palavra ou frase desejada, tem-se o acróstico propriamente dito, que se lê na vertical, de cima para baixo ou no sentido inverso.[1] Exemplo:
“ | Leitor não levantei falso |
” |
— Última estrofe do cordel "O cachorro dos mortos"[4].
|
No trecho de cordel do exemplo acima, o autor Leandro Gomes de Barros utilizou-se de um acróstico propriamente dito para firmar sua autoria.
Abecedarius
[editar | editar código-fonte]Um subtipo especial de acróstico propriamente dito é o abecedarius, também denominado acróstico alfabético. Nesse tipo de acróstico, a primeira letra de cada verso (ou de cada palavra de cada verso) forma com as demais primeiras letras (de cada verso ou palavra) uma sucessão que é idêntica à sucessão de letras do alfabeto ou abecedário.[1]
O búlgaro Constantino de Preslav escreveu um dos mais famosos abecedarius: a "Oração alfabética" (Азбучна молитва), um poema cristão escrito em versos dodecassílabos que se iniciam, cada um, com uma das letras do alfabeto glagolítico. A obra foi inspirada em uma similar, de autoria de Gregório de Nazianzo, que utilizava o alfabeto grego.[5]
Mesóstico
[editar | editar código-fonte]Tipo de acróstico em que os ajuntamentos de letras ocorrem no meio dos versos.[1] Exemplo:
“ | ||||
are | J | ando | ||
os | O | uvidos | ||
com o barul | H | o do silêncio | ||
para defe | N | der o novo | ||
de Varèse a Nan | C | arrow | ||
de S | A | tie a Webern | ||
de Schoenber | G | |||
a Sc | E | lsi | ||
” | ||||
—Augusto de Campos[6] (em homenagem a John Cage) |
Teléstico
[editar | editar código-fonte]Tipo de acróstico em que todos os ajuntamentos de letras ocorrem no fim dos versos.[1]
Acróstico cruzado
[editar | editar código-fonte]Tipo de acróstico em que o nome ou frase é formado pelo ajuntamento da primeira letra do primeiro verso com a segunda letra do segundo verso, às quais se juntam a terceira letra do terceiro verso, também a quarta letra do quarto verso, e assim sucessivamente até o último verso.[1]
Notas
Referências
- ↑ a b c d e f g h Moisés, Massaud (2004). Dicionário de Termos Literários 12 ed. São Paulo: Cultrix. p. 11. ISBN 85-316-0130-4. Consultado em 27 de agosto de 2014
- ↑ MARIETTI, Melissa Andréa (2008). «A Construção do Sujeito Poético e a Noção de Tempo na Poesia de Paulo Verlaine e na de Camilo Pessanha» (PDF). São Paulo: Universidade de São Paulo (USP). p. 93. 129 páginas. Consultado em 3 de setembro de 2014
- ↑ CAMÕES, Luís Vaz de (1861). Visconde de Juromenha, ed. Obras de Luís de Camões. III. Portugal: [s.n.]
- ↑ DINIZ, Marcela Bezerra de Menezes; RAMIRES, Vicentina (10 de março de 2014). «Literatura de Cordel: História e Oralidade» (PDF). Sergipe: Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET). Cadernos do Tempo Presente (15): 7. 14 páginas. ISSN 2179-2143. Consultado em 27 de agosto de 2014[ligação inativa]
- ↑ Diliana Ivánova Kovatcheva (2009). «Plegaria alfabética, una obra fundamental de las letras búlgaras» (PDF). Mundo Eslavo - nº 8 (em espanhol). issn: 1579-8372; eISSN: 2255-517X. Universidade de Granada (Espanha). Consultado em 27 de agosto de 2014
- ↑ Augusto de Campos (1998). Música de Invenção. São Paulo: Perspectiva. 280 páginas. ISBN 9788527301671