Antigo Colégio São José

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O antigo Colégio São José (1880 - 2006), conhecido popularmente antes de seu fechamento como Externato São José, abrigou um dos primeiros hospitais da rede Santa Casa de Misericórdia, o antigo Asilo de Mendicidade e, essencialmente, o Externato São José. É referência urbana e histórica no Bairro da Liberdade, pois marca a expansão e a consolidação do bairro, especialmente no eixo histórico da Rua da Glória - Rua Lavapés. Além disso, durante séculos foi a principal alternativa de caminho para se chegar à cidade de Santos, o Caminho do Mar.[1]

Além de ser uma referência urbana e histórica, o Antigo "colégio São José" também possui um grande significado histórico e cultural para a cidade de São Paulo se considerarmos seu sítio e seu conjunto arquitetônico. A história da propriedade é constituída e originária de muitos nomes importantes até mesmo para a história nacional.[2]

Origem[editar | editar código-fonte]

O antigo Colégio São José foi fundado como Externato São José no ano de 1880. O espaço do Externato, que fora residência da Marquesa de Santos,[3] era utilizado anteriormente como a primeira unidade hospitalar da Santa Casa de Misericórdia da cidade de São Paulo, sob a direção do médico e professor Caetano de Campos.[4]

O prédio foi fundado no ano de 1825 com a fundação da nova unidade da Santa Casa com o Hospital de caridade, o qual era chamado de Hospital dos Lázaros, quando a região ainda era chamada de Chácara dos Ingleses. Ao mesmo tempo, foi criado o Seminário da Glória para garotas e a Roda - mais conhecida como a roda dos expostos, era vinculada às instituições caridosas (abadias, mosteiros e irmandades beneficentes). Nela eram abandonadas crianças, as quais os pais não podiam criar devido alguma razão[5] - , determinação feita pelo governo da Província.

Quanto a essas instituições podemos dizer que estavam submetidas a uma importante questão, a da infância desamparada da época que era até o momento rejeitada na Capital e na Província de São Paulo. Dessa forma, as crianças, quando atingiam a idade de sete anos, participavam do Seminário da Glória e lá recebiam cuidados e educação, até as mulheres se casarem e os homens arrumarem um emprego.[1]

A escola foi usada como uma instituição educacional só para mulheres até o ano de 1989, enquanto a escola só para meninos se localizava na região do atual bairro de Santana. Destacam-se como alunas da escola a famosa pintora Anita Malfatti (1889 - 1964) e a atriz Glória Menezes.[6]

A localização edifício era de grande importância na época de sua fundação. A região da rua da Glória era uma área de grandes chácaras e, dessa forma, abastecia a cidade com a produção de alimentos durante o século XVIII. Porém, já no século XIX, a chácara da Glória foi dividida em lotes e parte do terreno passou a acolher pequenos comércios e pequenas residências, durante a chamada expansão urbana da época.[3]

O local funcionou com uma instituição de ensino durante 126 anos, quando teve que encerrar suas atividades no ano de 2006, mais especificamente no dia 22 de dezembro com o fim do expediente administrativo, sendo desativada pela sua mantenedora Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. A causa do encerramento das atividades do colégio foi um déficit mensal que chegava ao valor de 50 mil reais e a constante queda do número de alunos. Em 1996 o total de alunos chegava a quase 1.700, já no ano de seu fechamento a escola contava com um total de 724 alunos.[6]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

A estrutura do prédio original, da antiga Chácara dos Ingleses, era caracterizada por ser um sobrado com alguns aspectos mais urbanos, entre eles os cincos vãos em cada nível de fachada. O local chegou a ser habitado pela Marquesa de Santos (1797 - 1867) durante o período em que conhecera o então príncipe D. Pedro (1798 - 1834), entre os anos de 1817 e 1822.

Essa primeira arquitetura não oferecia as condições necessárias para acomodar um hospital, que seria a segunda unidade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Por conta disso, o Marechal de Campo Daniel Pedro Müller (1785 -1841), um engenheiro militar português, foi solicitado para dispor um novo projeto para a nova sede da Santa Casa. Dessa forma, com a finalidade de não se distanciar muito do Cemitério dos Aflitos, a mais nova unidade hospitalar foi erguida perto de sua antiga sede, dentro dos terreno da Chácara. A localização, portanto, tinha mais um ponto estratégico: conduzir facilmente os doentes falecidos até o cemitério, o qual se localizava do outro lado da rua.[7]

O edifício designado ao novo hospital, inaugurado em 1825, não possuía e nem apresentava, porém, características e qualidade maiores do que às da sede anterior. Sua única atribuição e vantagem, talvez, era o fato de que tinha um único pavimento e isso era certamente uma característica que favorecia na execução das tarefas rotineiras do hospital.[8]

Quando a Santa Casa decidiu se mudar de prédio para uma sede maior e mais nova, que se também se localizava na Chácara dos Ingleses, o prédio foi reformulado para a criação do Externato São José.

A arquitetura do edifício do antigo Externato São José foi realizada, projetada e posteriormente fundada pelo arquiteto Ramos de Azevedo (1851 - 1928) - era um grande nome e referência das características do período neoclássico - , o qual desenvolveu o projeto no início do século XX.[2]

Sendo assim, o edifício, que se manteve com suas características originais até o encerramento de suas atividades até o ano de 2006, era um testemunho exemplar das transformações do programa arquitetônico de escolas privadas na cidade de São Paulo, tendo isso significado em várias partes e fases de sua construção.[7]

Análise[editar | editar código-fonte]

Podemos considerar o prédio, desde sua primeira estrutura como a moradia da Marquesa de Santos, bem como a base da primeira unidade hospitalar da rede Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, como uma arquitetura, sítio e conjunto arquitetônico de extrema importância e relevância para a história da cidade de São Paulo.[9]

O prédio que abrigou o Colégio São José funcionou durante mais de 120 anos, trazendo até o ano de encerramento de suas atividades uma quantidade significativa de contribuições para a construção da cidade que conhecemos hoje em dia, tendo-se assim um grande significado histórico e cultural.[8]

Além disso, o edifício do antigo Externato São José é considerado uma referência urbana e histórica para o Bairro da Liberdade, pois marca a expansão e a consolidação do bairro, principalmente se citarmos o eixo histórico da Rua da Glória e da Rua Lavapés, o qual foi, durante séculos, a principal e mais importante rota em direção à cidade de Santos, sendo chamado, por esse motivo, de Caminho do Mar. Bem como, é uma referência se considerarmos sua arquitetura e sua implantação no início do século XX pelo arquiteto Ramos de Azevedo.[9]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b [http://www.arquiamigos.org.br/info/info29/i-estudos2.htm «Informativo do Arquivo Histórico de S�o Paulo - Número 29 - abril/junho 2011»]. www.arquiamigos.org.br. Consultado em 25 de novembro de 2018  replacement character character in |titulo= at position 38 (ajuda)
  2. a b «infopatrimônio | preservação do patrimônio cultural brasileiro (Beta)». www.infopatrimonio.org. Consultado em 11 de novembro de 2018 
  3. a b «Santa Casa - Lembranças de São Paulo - cmais+ O portal de conteúdo da Cultura». cmais+ 
  4. «CREMESP». Cremesp. Consultado em 25 de novembro de 2018 
  5. «A Roda dos Expostos - 1825-1961». www.santacasasp.org.br. Consultado em 25 de novembro de 2018 
  6. a b «Folha Online - Educação - Fundado há 126 anos, colégio São José fecha suas portas no centro de SP - 23/11/2006». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 25 de novembro de 2018 
  7. a b [http://www.arquiamigos.org.br/info/info29/i-estudos3.htm «Informativo do Arquivo Histórico de S�o Paulo - Número 29 - abril/junho 2011»]. www.arquiamigos.org.br. Consultado em 25 de novembro de 2018  replacement character character in |titulo= at position 38 (ajuda)
  8. a b «Santa Casa começa a desocupar prédio do Colégio São José». O Globo. 9 de janeiro de 2007 
  9. a b http://www.infopatrimonio.org/wp-content/uploads/2017/03/Colegio-Sao-Jose-conpresp.pdf. CONPRESP. RESOLUÇÃO Nº 05 de tombamento / CONPRESP / 2016, Antigo Externato São José.