Rhinoclemmys punctularia

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Rhinoclemmys punctularia
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Testudines
Subordem: Cryptodira
Superfamília: Testudinoidea
Família: Geoemydidae
Gênero: Rhinoclemmys
Espécies:
R. punctularia
Nome binomial
Rhinoclemmys punctularia
(Daudin, 1801)[1][2]
Subespécies
Sinónimos[3]
Rhinoclemmys punctularia punctularia
  • Testudo punctularia Daudin, 1801
  • Testudo dorsata Schoepff, 1801
  • Emys dorsata Schweigger, 1812
  • Emys punctularia Schweigger, 1812
  • Chersine punctularia Merrem, 1820
  • Emys dorsualis Spix, 1824
  • Clemmys dorsata Wagler, 1830
  • Emys scabra Gray, 1831
  • Chemelys verrucosa Rafinesque, 1832
  • Clemmys (Clemmys) punctularia Fitzinger, 1835
  • Callopsis dorsalis Gray, 1863 (ex errore)
  • Callopsis scabra Gray, 1863
  • Rhinoclemys bellii Gray, 1863
  • Rhinoclemys scabra Gray, 1863
  • Geoclemys callocephalus Gray, 1863
  • Clemmys callocephala Strauch, 1865
  • Chelopus punctularius Cope, 1865
  • Geoclemmys callocephala Gray, 1870
  • Geoclemmys callocephalus Gray, 1870
  • Rhinoclemmys scabra Gray, 1870
  • Rhinoclemmys bellii Gray, 1870
  • Rhinoclemmys scabra var. bellii Gray, 1872
  • Rhinoclemys callocephala Gray, 1873
  • Rhinoclemys lunata Gray, 1873
  • Rhinoclemys ventricosa Gray, 1873
  • Nicoria punctularia Boulenger, 1889
  • Geoemyda [punctularia] punctularia Siebenrock, 1909
  • Geomyda punctularia Luederwaldt, 1926
  • Emys puntularia Pearse, 1945 (ex errore)
  • Geoemyda punctularia lunata Mertens, 1954
  • Rhinoclemmys punctularia punctularia Fróes, 1957
  • Rhinoclemys punctularia McDowell, 1964
  • Callopsis punctularia lunata Smith, Smith & Sawin, 1976
  • Callopsis punctularia punctularia Smith, Smith & Sawin, 1976
  • Rhinoclemmys lunata Fretey, Hoogmoed & Lescure, 1977
  • Rhinoclemmys punctularia Fretey, Hoogmoed & Lescure, 1977
  • Rhinoclemmys punctularia lunata Fretey, Hoogmoed & Lescure, 1977
Rhinoclemmys punctularia flammigera
  • Rhinoclemmys punctularia flammigera Paolillo, 1985

Rhinoclemmys punctularia é uma espécie de tartaruga de água doce sul-americana.[4]

Etimologia, Taxonomia e Sistemática[editar | editar código-fonte]

A palavra aperema vem do tupi-guarani aperéma, que significa "casca fedida"[5]. Seu gênero científico (Rhinoclemmys) vêm das palavras gregas rhino (nariz) e klemmys (tartaruga), fazendo alusão ao focinho protuberante da espécie. Também é chamada de morrocoy negro (Venezuela), perema e jaboti-aperema (Brasil)[6].

A família Geoemydidae era originalmente colocada como parte da família Emydidae, sendo a subfamília Batagurinae, como era conhecida no Velho Mundo. Na década de 1980, os geoemydídeos alcançaram o status de família. Atualmente, dados moleculares e fósseis evidenciam uma forte relação com a família Testudinidae, dos jabutis[7].

O gênero Rhinoclemmys compreende 13 espécies e subespécies. A espécie R. punctularia foi descrita inicialmente por François Marie Daudin, um biólogo herpetólogo francês, em 1801. Suas subespécies, R. punctularia punctularia e R. punctularia flammigera, foram descritas mais recentemente, com estudos publicados no final do século XX e durante o século XXI[6].

Distribuição Geográfica e Conservação[editar | editar código-fonte]

Mapa da distribuição de Rhinoclemmys punctularia.

Espécie endêmica do Escudo das Guianas ou Planalto das Guianas, cuja distribuição da subespécie Rhinoclemmys punctularia punctularia abrange o leste da Venezuela e os estados do Amapá, Roraima e Amazonas, incluindo algumas regiões ao sul do rio Amazonas no Pará. Também é encontrada em Trindade, onde é extremamente rara e parece ter sido introduzida. A população existente no estado do Amazonas na Venezuela (Rhinoclemmys punctularia flammigera) se encontra isolada e deve ser elevada a espécie[6].

Rhinoclemmys punctularia é considerada como menos preocupante (LC) pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e não está inclusa nos Apêndices da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES)[6]. No Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção de 2018, Perema é considerada como Menos Preocupante (LC)[8]. A espécie faz parte do comércio internacional de animais de estimação e também, citada por alguns autores, é muito consumida por indígenas e colonos. No momento atual, a espécie vem sendo impactada pelo desmatamento e perda de habitat[6].

Biologia e História Natural[editar | editar código-fonte]

Descrição da espécie[editar | editar código-fonte]

É uma tartaruga semi-aquática de aproximadamente 26 cm. Possui carapaça bem curvada e de coloração marrom escura a preta. Por ser semi-aquática, suas patas terminam em dedos interligados por membranas. Seus membros possuem uma coloração amarelo-alaranjado com pontos pretos espalhados. Sua cabeça é pequena e alongada, assim como a carapaça, é marrom escura a preta. Porém, apresenta alguns detalhes marmorizados em amarelo, laranja e  laranja-avermelhado. Há um par de linhas laranjas que passa pelo pescoço até uma região onde a coloração se torna amarela. Também possui outro par de linhas laranja-avermelhadas que passa da base da cabeça até o pescoço, característica exclusiva dessa espécie. O dorso do pescoço é cinza e sua parte inferior é amarelo claro[7].

Dimorfismo sexual[editar | editar código-fonte]

Os machos são menores do que as fêmeas, possuem um plastrão mais côncavo e comprido e uma calda mais espessa[7].

Habitat[editar | editar código-fonte]

Pântanos inundados, igarapés, brejos e fossas ao longo de rodovias[7].

Hábitos alimentares[editar | editar código-fonte]

Come principalmente frutas de palmeira Moriche (Mauritia), conhecida popularmente como Buriti. Porém em cativeiro, também se alimentam de minhocas, carne vermelha, peixes, vegetais e algas marinhas[7].

Reprodução e ciclo de vida[editar | editar código-fonte]

São ovíparas e seus ovos são grandes, alongados e com casca de 67x38mm. Eles são deixados em fendas de raízes e cobertos com serapilheira. A reprodução ocorre o ano todo e geralmente a tendência é nascer mais fêmeas do que machos[7].

Aspectos Culturais[editar | editar código-fonte]

Há registros que evidenciam o comércio da Rhinoclemmys punctularia como animal de estimação, o que tem se tornado uma prática muito comum para os quelônios e os demais répteis em alguns locais do país e do mundo[9].

Por outro lado, há poucas informações e evidências sobre seu uso para consumo humano. Alguns autores afirmam intensa utilização desta espécie por indígenas e populações tradicionais, enquanto outros relatam apenas o consumo esporádico e restrito[9]. Em alguns materiais foram encontradas afirmações desse consumo principalmente nos estados do Amazonas e Roraima[10].

Considerando o rápido crescimento de impactos induzidos pelo homem na região amazônica, a espécie também vem sendo afetada pelo desmatamento e perda de seu habitat natural[9]. Sabendo disso, julga-se ainda mais importante obter mais informações sobre a estrutura populacional e ecologia desta espécie para compreender o quanto a intensidade de seu “uso” e os impactos dessas atividades causam nas suas populações, especialmente nas áreas mais degradadas do sudeste da Amazônia[10].

Referências

  1. a b Rhodin et al. Roger, p. 000.115
  2. Fritz & Havaš 2007, pp. 242
  3. Fritz, Uwe; Peter Havaš (2007). «Checklist of Chelonians of the World» (PDF). Vertebrate Zoology. 57 (2): 245–246. ISSN 1864-5755. Consultado em 29 de maio de 2012. Arquivado do original (PDF) em 1 de maio de 2011 
  4. «Rhinoclemmys punctularia». INaturalist (em inglês). Consultado em 18 de dezembro de 2019 
  5. Michaelis Online, 2023.
  6. a b c d e Rueda-Almonacid et al 2007, p. 267-269. Las tortugas y los cocodrilianos de los países andinos del trópico (PDF). Serie de guías tropicales de campo Nº 6. Conservación Internacional. Editorial Panamericana, Formas e Impresos. Bogotá, Colombia.
  7. a b c d e f Vogt, Richard C.Tartarugas da Amazônia. Lima, Peru: Wust Ediciones, 2008, p. 84-87.
  8. ICMBio/MMA 2018, p. 170. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção de 2018
  9. a b c Ferrara; et al. 2017.
  10. a b Brito; et al. 2022. Vol. 52, p. 307-314.