Angolachelys

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Angolachelys
Intervalo temporal: Cretáceo Superior
93,9–89,8 Ma
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Clado: Pantestudines
Clado: Testudinata
Família: Sandownidae
Gênero: Angolachelys
Mateus et al., 2009
Espécies:
A. mbaxi
Nome binomial
Angolachelys mbaxi
Mateus et al., 2009

Angolachelys é um género extinto de tartaruga Cryptodira de África que existiu em Angola durante a fase turoniana do período cretáceo superior da era Mesozoica. Do tipo de espécie Angolachelys mbaxi, o fóssil foi descoberto em abril de 2005 nas rochas cretáceas a norte de Luanda perto da província de Bengo pelo paleontólogo Octávio Mateus, da Universidade Nova de Lisboa e do Museu da Lourinhã, juntamente com os seus colegas. O estudo contou com a participação de paleontólogos de Portugal, Estados Unidos, Angola e Países Baixos. A espécie foi descrita pelo grupo de paleontólogos em 2009, com base no crânio, quase completo, uma falange, duas vértebras cervicais, uma parte proximal do osso do quadril. Fragmentos de conchas e outros componentes ainda não identificados (MGUAN-PA 002), estavam agregados ao fóssil.

A descoberta do crânio fóssil de tartaruga marinha, de grandes dimensões, ocorreu durante uma expedição da National Geographic, com o paleontólogo norte-americano Louis Jacobs, da Southern Methodist University (autor do livro: Em Busca dos Dinossauros Africanos). O projeto contou ainda com a colaboração da Universidade Agostinho Neto, de Angola. Este achado é sobremodo interessante e representa um passo de suma importância dos conhecimento ciêntificos sobre a referente unidade taxonomica, associada ao sistema de classificação científica.

O fóssil data do turoniano da época Cretácea Superior do período Cretáceo da era Mesozoica do éon Fanerozoico que compreende o intervalo temporal há entre 93 milhões e 500 mil anos, aproximadamente. Com cerca de 90 milhões de anos, este espécime de tartaruga evoluiu no Atlântico norte e a Angolachelys é o primeiro fóssil descoberto deste grupo no hemisfério sul, após a abertura do Atlântico sul, há cerca de 100 milhões de anos.[1]

Fossil[editar | editar código-fonte]

Este novo táxon representa o registo mais antigo de Cryptodira na África e o primeiro pertencente à era Mesozóica do continente. Angolachelys mbaxi é membro de um clado - Angolachelonia - que inclui Shadownia harrisi, Solnhafia parsonsi e um taxon não identificado de Glen Rose, no Texas e que é diagnosticado pela posição anterior do occipital em relação ao quadrado (osso). Este clado é originário do Hemisfério norte e representa a linhagem da tartarua marinha que primeiro cruzou de norte a sul do atlântico durante a abertura marítima do Atlântico sul no período aptiano da época Cretácea inferior. As tartarugas marinhas da Austrália na era do Cretáceo não podem ter passado pela entrada do Atlântico visto que o seu surgimento ocorreu no Cratáceo Inferior o que antecede a abertura do Oceano Atlântico.

Crânio[editar | editar código-fonte]

O crânio do género Angolachelys apresenta um tamanho relativamente elevado, cujo comprimento é superior à largura, com 179 mm medida a partir do côndilo occipital à extremidade do focinho. A distância entre as superfícies articulares dos quadrados é de 137 milímetros.

As órbitas são relativamente pequenas, espaçadas e estão orientadas dorsalmente. Os ossos parietais formam uma ligeira saliência medial sobre a caixa craniana. No ponto de vista lateral, a margem inferior do crânio tem um contorno sinuoso sobre todo o comprimento, desde o posterior ao anterior, elevando-se abruptamente a partir do côndilo até à reentrância da superficie facial, os dois salientando-se abaixo da órbita e na pré-maxila. A pré-maxila e a parte anterior da maxila estão bem vascularizados. Os nasais da A.mbaxi não estão presentes no fóssil encontrado, no entanto existiram provavelmente, a julgar pela medida anterior do osso pré-frontal e nasal. Outras caraterísticas são possíveis de verificar as quais distinguem esta espécie de Testudinata.[2]

A descoberta anunciada sucedeu-se à do lagarto marinho Angolasaurus, feita na mesma área, em 1964, o que sugere o Atlântico sul como um corredor de passagem para répteis. Tanto as tartarugas fósseis como as atuais, dividem-se em dois grandes grupos que se distinguem pela forma como recolhem o pescoço: para dentro da carapaça (Criptodiras) ou dobrando-o para o lado (Pleurodiras). Presentemente existem numerosas espécies dos dois grupos em África, contudo o mesmo não ocorria há 90 milhões de anos, sendo que a Angolachelys é a mais antiga tartaruga criptodira de todo o continente africano.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Angolachelys provém do grego que significa "Tartaruga de Angola" enquanto que o segundo nome mbaxi significa também "tartaruga" nas línguas utilizadas pelo grupo étnico de Angola, Nhaneca-Humbe o kimbundu.[3]

Filogenia[editar | editar código-fonte]

Cladograma antes da descoberta de Mateus (2009).

 Eucryptodira

Santanachelys

Thalassemys

Portlandemys

Plesiochelys

 Angolachelonia

Solnhofia

GlenRose Turtle SMU

Angolachelys

Sandownia

Outro Eucryptodires

Referências

  1. http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=39448&op=all
  2. http://app.pan.pl/archive/published/app54/app20080063.pdf
  3. Octávio Mateus, Louis Jacobs, Michael Polcyn, Anne S. Schulp, Diana Vineyard, André Buta Neto, Miguel Telles Antunes (2009). The oldest African eucryptodiran turtle from the Cretaceous of Angola. Acta Palaeontologica Polonica (em inglês). 54 4 ed. [S.l.: s.n.] p. 581–588. doi:10.4202/app.2008.0063