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Arts & Crafts

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Papel de parede de "Alcachofra", de John Henry Dearle para William Morris & Co., 1897 (Victoria and Albert Museum).

Arts & Crafts (lit. artes e ofícios, embora seja mais comum manter a expressão original) foi um movimento estético criado na Inglaterra em protesto aos produtos manufaturados da Era Vitoriana, na segunda metade do século XIX. Defendia a reforma no design, o artesanato criativo como alternativa à mecanização e a produção em massa, e pregava o fim da distinção entre o artesão e o artista. Dispôs de influência sobre diversos aspectos do ambiente que se desdobravam desde jardins e arquitetura, mobiliários, acabamentos, materiais e acessórios.[1][2]

O movimento foi influenciado pelas ideias do romântico John Ruskin e do arquiteto Augustus Pugin, sendo liderado pelo socialista e medievalista William Morris. Defendiam que o ambiente de trabalho é capaz de moldar o caráter do indivíduo e que o design possui grande influência sobre a sociedade. Os reformadores do movimento condenavam o uso indiscriminado de materiais, a ineficiência das formas, a divisão do trabalho e o excesso de ornamentos frequentes na produção em massa do século XIX. Pretendiam restabelecer a harmonia entre os setores de criação e produção, imprimindo em suas criações o traço do artesão-artista, que mais tarde seria conhecido como designer. Durou relativamente pouco tempo, mas influenciou o movimento francês da art nouveau e é considerado por diversos historiadores como uma das raízes do modernismo no design gráfico, desenho industrial e arquitetura. De acordo com Tomás Maldonado, o Arts & Crafts também teve grande influência para o surgimento posterior da Bauhaus.[3][4]

Origens e Influências

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O clamor pela reforma do design no século XIX começou como uma reação à queda dos padrões de produção promovido pela fabricação em grande escala das indústrias. Ao iniciar o movimento de reforma os apoiadores do Arts & Crafts tinham como objetivo melhorar a qualidade do design e, como consequência disto, fortalecer o caráter do indivíduo e da sociedade. Os reformadores esperavam essencialmente restaurar a dignidade de todos os setores de produção e também a integridade dos produtos produzidos. Questões como trabalho, educação, condições do artesão, exposição do produto ao público e estética foram amplamente difundidas. Esperava-se que os métodos tradicionais do artesanato pudessem competir com a produção das máquinas.[5]

Máquina de tear da compania Morris & Co. em Merton, que foi aberta nos anos 1880
Máquina de tear da compania Morris & Co. em Merton, que foi aberta nos anos 1880.

O movimento Arts & Crafts contou com a contribuição de esferas teóricas e artísticas, tendo como seu principal líder o ativista socialista William Morris, crítico da produção das indústrias e das condições em que eram submetidos seus trabalhadores. Ele idealizava artistas que fossem responsáveis por criar e produzir seus próprios projetos, com mais dignidade e atribuindo maior valor estético. Também propôs que os ornamentos fossem melhor utilizados, mais acessíveis aos objetos cotidianos e população geral. Além de Morris, concepções de nomes como do medievalista Augustus Welby Pugin e do crítico de arte John Ruskin, ajudaram a formar os pilares teóricos do movimento. Ideologias socialistas, principalmente do sociólogo Karl Marx também exerceram influência, principalmente nos ideais sociais da revolução.[4]

Design de William Morris para papel de parede Trellis 1862
Design de William Morris para papel de parede Trellis, 1862.

Contexto Social

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A Revolução Industrial que teve início na Grã-Bretanha se espalhou pelo mundo e acarretou uma profunda mudança econômica e social em diferentes países. A instauração das grandes indústrias e a produção em massa fez com que muitos artesãos e trabalhadores manuais perdessem seus comércios ou fossem obrigados a migrar para a nova realidade fabril da época. Em oposição a essas transformações, muitos movimentos eclodiram e se colocaram em conflito com a desumanização industrial, sendo um deles o Arts & Crafts.[6]

A valorização da natureza esteve muito presente na estética do Arts & Crafts, assim como o trabalho manual. As matérias primas utilizadas deveriam ter forma e composição natural, se afastando dos produtos alterados que eram usados nas fábricas. A madeira foi muito utilizada na criação de móveis e estruturas residenciais, assim como ferro e corantes naturais. Outro ponto importante do movimento, era a natureza retratada nas pinturas, tapeçarias, ladrilhos e vitrais. Flores, videiras, folhas, pássaros estavam sempre representados com formas simplificadas e menos realistas. O estilo gótico e o medieval, também serviram de grande inspiração, sendo incorporados em muitos projetos e atribuindo um conceito de antiguidade. Contudo, não bastava que um objeto ou artefato fosse apenas bonito, ele tinha que possuir uma função que o justificasse.[7]

No design, o Arts & Crafts influenciou diversas mudanças em diferentes aspectos do ambiente, desde mobiliários, a cerâmicas, peças têxteis, vitrais, acessórios, tapeçarias e pinturas. Optou por seguir padrões de fabricação medievais, com criações constituídas de linhas rígidas e alongadas. A natureza também foi um importante símbolo do movimento que valorizava a utilização de matérias-primas naturais e formas simples.[1]

The Red House (A casa vermelha) em Bexleyheath, Kent. Uma das casas de de William Morris e Jane Morris, desenhada por Morris e Philip Webb

Na arquitetura, o Arts & Crafts se afastou da estética típica das construções do século XIX que continham uma grande quantidade de ornamentos e se destoavam do ambiente em que foram construídas. As casas projetadas pelo movimento tinham formas simples, poucas ornamentações e eram bastante influenciadas pelo estilo gótico. Além disso, esses projetos deveriam atribuir funções às formas e ter o mínimo contraste possível com a natureza ao redor, se fundindo a paisagem.[5][8]

Referências

  1. a b Kaplan, Wendy (1889). Encyclopedia of Arts and Crafts. Nova York: E.P Dutton 
  2. Maldonado, Tomás (2006). Design industrial. [S.l.]: [S.l.] 
  3. Tagliari, Ana; Gallo, Haroldo. «O movimento inglês Arts and Crafts e a arquitetura norte-americana» 
  4. a b Cultural, Instituto Itaú. «Arts and Crafts». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 23 de fevereiro de 2023 
  5. a b Johnson, Bruce (1988). The Official Identification and Price Guide to Arts and Crafts. Nova York: House of Collectibles 
  6. Hobsbawn, Eric J. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. [S.l.]: Forense Universitária 
  7. Castro, Juliana; Imbronito, Maria Isabel (2020). A Superfície decorada do ladrilho Hidráulico e os Movimentos Arts and Crafts, Art Nouveau e Art Déco. Brasil, Bauru: Educação Gráfica 
  8. Fernandes, José. «Olhando a obra de Raul Lino, a pensar em Frank Lloyd Wright: partindo do Arts & Crafts, com a natureza, o orgânico e a casa» 
  • ARGAN, Giulio Carlo; Arte moderna, São Paulo: Cia das Letras, 1992.
  • BENÉVOLO, Leonardo; História da arquitetura moderna, São Paulo: Perspectiva, 2004.
  • JOHNSON, Bruce; The Official Identification and Price Guide to Arts and Crafts , New York: House of Collectibles, 1988.
  • KAPLAN, Wendy; Encyclopedia of Arts and Crafts , New York: E.P Dutton, 1989.

Ligações externas

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