Calliergonaceae

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Exemplo de uma espécie de Calliergonaceae.
Exemplo de uma espécie de Calliergonaceae.
Classificação científica
Domínio: Eukarya
Reino: Plantae
Filo: Bryophyta
Classe: Bryopsida
Ordem: Hypnales
Família: Calliergonaceae
Géneros
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As Calliergonaceae são uma família de musgos aquáticos pertencentes à ordem Hypnales. A família foi descrita pela primeira vez em 1978 por Ignatov e Huttunen[1] e é composta por cinco gêneros e cerca de 30 espécies.

Gêneros[editar | editar código-fonte]

Calliergonaceae é composta por 4 gêneros: Calliergon, Scorpidium, Cuspidatula e Pseudocalliergon.

Descrição Morfológica[editar | editar código-fonte]

A família Calliergonaceae é caracterizada por musgos aquáticos com uma morfologia distinta. As folhas são longas e estreitas, com apenas algumas células de largura e podem se sobrepor em uma única linha ao longo do caule. Suas folhas geralmente são planas e possuem células de paredes finas que lhes permitem absorver nutrientes da água. As hastes são frequentemente ramificadas e podem crescer até 50 centímetros de comprimento, o que permite que o musgo se adapte ao ambiente aquático. Além disso, os musgos da família Calliergonaceae possuem um sistema radicular bem desenvolvido que lhes permite aderir firmemente ao substrato, como rochas ou sedimentos.[2][3]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

A família Calliergonaceae é composta por musgos que se reproduzem assexuadamente por meio de brotamento lateral ou fragmentação do caule, bem como sexualmente através de estruturas reprodutivas especializadas chamadas de gametângios.[2][3]

A morfologia e a estrutura dos gametângios variam entre as diferentes espécies de Calliergonaceae. Por exemplo, em algumas espécies, como Scorpidium scorpioides, os gametângios são produzidos em estruturas semelhantes a copos chamadas de caliptras, que crescem a partir do caule. Em outras espécies, como Warnstorfia sarmentosa, os gametângios são produzidos em ramos laterais do caule.[2][3]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

A família Calliergonaceae é amplamente distribuída em todo o mundo, com uma grande diversidade de espécies que ocorrem em habitats úmidos, como pântanos, rios, lagos e florestas úmidas.[4]

A família Calliergonaceae está presente em todos os continentes, exceto na Antártica, com espécies que ocorrem em regiões tropicais, subtropicais e temperadas. Na América do Norte, por exemplo, várias espécies de Calliergonaceae são encontradas em áreas úmidas de alta altitude nas Montanhas Rochosas e na cordilheira dos Apalaches. Na Europa, diversas espécies da família ocorrem em toda a região, sendo que a maioria das espécies de Calliergonaceae ocorre nas regiões temperadas do Hemisfério Norte.[4]

Na América do Sul, a família é encontrada em áreas de alta altitude nos Andes, além de habitats úmidos em outras regiões, como no Brasil, Argentina e Chile.

Distribuição no Brasil[editar | editar código-fonte]

Algumas espécies são descritas no Brasil. Estudos taxonômicos, como o trabalho de Peralta e colaboradores,[5] registram a presença de quatro espécies no Brasil, sendo elas:

  • Calliergonella cuspidata: uma espécie com distribuição neotropical, que ocorre em áreas pantanosas em altitudes elevadas na região dos Andes e em algumas partes do Brasil.
  • Scorpidium cossonii: uma espécie que pode ser encontrada em regiões de altitude elevada na Mata Atlântica brasileira.
Espécie Scorpidium cossonii presenta na Mata Atlântica brasileira.
  • Scorpidium scorpioides: uma espécie cosmopolita que pode ser encontrada em áreas úmidas e pantanosas em todo o mundo, incluindo algumas áreas do Brasil.
  • Warnstorfia fluitans: uma espécie que ocorre em áreas úmidas em todo o mundo, incluindo algumas partes do Brasil.

Relações Filogenéticas[editar | editar código-fonte]

A filogenia estuda as relações evolutivas entre os organismos e suas gerações. A família Calliergonaceae passou por várias mudanças taxonômicas ao longo do tempo, e sua posição filogenética é motivo de debate na comunidade científica. No entanto, estudos recentes baseados em análises moleculares mostram que a família Calliergonaceae está intimamente relacionada à família Sphagnaceae e juntas podem formar o clado Sphagnopsida. Buck e colaboradores (2016) [6] analisaram a filogenia da ordem Polytricopsida, que inclui Calliergonaceae, e encontraram suporte para o monofiletismo de Calliergonaceae. Hedenäs (2003) [4] também encontrou suporte para a monofilia do gênero, mas sugeriu dividir o gênero Calliergon em vários gêneros menores. Peralta et ai. (2021) [5] descreveram uma nova espécie de Calliergonella, um gênero Calliergon recentemente separado, com base em análises filogenéticas e morfológicas.

Referências

  1. IGNATOV, M. S.; HUTTUNEN, S. Calliergonaceae fam. nova (Bryophyta), a new family for Scorpidiaceae. Annales Botanici Fennici, v. 15, p. 101-106, 1978.
  2. a b c Vanderpoorten, A., & Goffinet, B. (2009). Introduction to Bryophytes. Cambridge University Press.
  3. a b c Shaw, A. J., Cox, C. J., & Boles, S. B. (2003). Phylogenetic evidence for the monophyly of the Calliergonaceae and the Sphagnaceae. The Bryologist, 106(4), 563-575.
  4. a b c Hedenäs, L., et al. “Phylogeny of the Calliergonaceae (Bryophyta) Based on Molecular and Morphological Data”. Plant Systematics and Evolution, vol. 252, no 1–2, abril de 2005, p. 49–61. DOI.org (Crossref), https://doi.org/10.1007/s00606-004-0281-5.
  5. a b Peralta, Denilson Fernandes, et al. “Novas ocorrências de briófitas nos estados brasileiros”. Hoehnea, vol. 35, no 1, março de 2008, p. 123–58. DOI.org (Crossref), https://doi.org/10.1590/S2236-89062008000100009.
  6. Buck, W. R., Cox, C. J., Shaw, A. J. & Goffinet, B. (2004). Ordinal relationships of pleurocarpous mosses, with special emphasis on the Hookeriales. Systematic Biodiversity, 2, 121-145.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]