Ciclismo de cascalho

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O ciclismo de cascalho, ciclismo gravel ou gravel,[1] é um esporte onde os participantes pedalam de bicicleta principalmente em estradas de cascalho. Às vezes, são usadas bicicletas de cascalho especialmente projetadas; em outros casos, pode ser utilizada qualquer bicicleta capaz de percorrer o terreno.

O ciclismo de cascalho é um intermediário entre o ciclismo de estrada e o ciclismo de montanha, combinando a maior velocidade e eficiência do primeiro com a capacidade e liberdade de pedalar em terrenos acidentados e soltos do último.

Corridas[editar | editar código-fonte]

As características distintivas das corridas de cascalho, incluem longas distâncias em circuitos mistos, muitas vezes de 160 a 320 quilômetros. Em alguns lugares, tais como Europa e Estados Unidos, são comuns largadas em massa, conquanto que no Brasil se é popular os brevês mistos de longa-distância, onde participantes realizam trajetos de 200 a 600 quilômetros completamente autossuficientes.

Segmento de uma corrida de cascalho realizada em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba.

As bicicletas e percursos nas corridas de cascalho podem variar substancialmente, nos quais podem assimilar-se a das bicicletas de estrada com pneus largos usadas em estradas lisas de cascalho até bicicletas semelhantes às mountain bikes usadas em percursos que incluem trilhas técnicas.

História das corridas de cascalho[editar | editar código-fonte]

Final do século XIX ao início do século XX[editar | editar código-fonte]

Inicialmente, a maioria das estradas não era pavimentada, então a maioria das corridas era realizada principalmente em estradas não pavimentadas/de terra/cascalho.[2]

Devido à melhoria da infraestrutura rodoviária com o tempo, as corridas de bicicleta de estrada mudaram quase inteiramente para estradas pavimentadas, com os percursos off-road sendo gradativamente esquecidos.

Ciclistas de Cascalho se preparando para pedalar o terceiro dia de um passeio-corrida entre amigos na Serra Fluminense

Século XX[editar | editar código-fonte]

Surgem disciplinas separadas de ciclismo off-road. No outono e no inverno, em alguns países europeus, o ciclocross é um esporte profissional popular. Os ciclistas andam fora de estrada numa variante de uma bicicleta de estrada, num circuito fechado durante um tempo relativamente curto (1 hora), e saltam ou transportam as suas bicicletas sobre obstáculos, ou sobre subidas íngremes.

Na década de 1970 surgiram as bicicletas de montanha.

Século XXI[editar | editar código-fonte]

No século XXI, andar de bicicleta em estradas de cascalho ressurge e ganha popularidade. O ciclismo de cascalho, como uma mistura de ciclismo de estrada, ciclocross e mountain bike tornou-se uma nova disciplina para lazer e esporte.

Passeio de bicicleta de cascalho e bikepacking[editar | editar código-fonte]

Bikepacking com bicicleta de gravel e rede no Brasil

Andar em estradas de cascalho é típico do cicloturismo, desde seus primórdios. Grande parte dos ciclo-turistas andam desde sempre no que hoje chamaríamos de bicicletas de cascalho. Antes, essas bicicletas eram frequentemente vendidas como bicicletas de turismo e vistas como variantes das bicicletas randonneur.

Desde a década de 2010, o ciclismo de cascalho e as bicicletas de cascalho se associaram ao bikepacking. Bikepacking é uma forma de viajar de bicicleta com bagagem leve, normalmente sem alforjes em favor do uso de bolsas de tecido. A principal diferença entre o ciclo-turismo e o bikepacking é a bagagem leve e o fato de o bikepacking geralmente ser off-road.

Bicicletas de cascalho[editar | editar código-fonte]

Uma bicicleta de cascalho típica num passeio de bikepacking no hoje extinto município de Açungui de Cima / PR, nos vales das nascentes do Rio Ribeira do Iguapé.

As bicicletas que os ciclistas utilizam nos brevês, corridas e passeios de cascalho podem variar bastante.

Desde a década de 2010, um tipo específico de bicicleta é comercializado como bicicleta de cascalho para cobrir tal disciplina. Conjuntos de grupos de cascalho dedicados estão disponíveis em três grandes fornecedores (Shimano, SRAM e Campagnolo). Os grupos de cascalho tendem a ter características dos grupos de MTB, como um câmbio traseiro com trava (para manter a tensão da corrente ao andar em superfícies irregulares para evitar saltos da corrente), opções de marcha mais leves (inferior a 1:1, maior rodas dentadas e/ou coroas menores, como, por exemplo, uma pedaleira supercompacta 48/32D ou 46/30D e um cassetes 11-34D ou 11-42D e uma linha de corrente lateral mais larga para compatibilidade com pneus maiores.[3]

As bicicletas de cascalho diferem das bicicletas de estrada por ter geometria adaptada para ser mais confortável e por apresentarem um sistema de transmissão 1x. As rodas são geralmente mais largas e os garfos, o triângulo traseiro e os apoios dos assentos permitirão pneus muito mais largos para lidar com o terreno e os requisitos de condução off-road.[4] É comum que uma bicicleta de cascalho tenha pneus de 35 a 50 milímetros (mm), em comparação com 23 a 32 mm para uma bicicleta de estrada.

Referências