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Climatização automotiva

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Chrysler Imperial de 1953 com ar condicionado de série.

A climatização automotiva, ou sistema de condicionamento de ar de automóvel, é um sistema elétrico que trata o ar existente no interior de um automóvel (habitáculo dos passageiros), regulando as condições deste ar em relação a temperatura, umidade e, ventilação, buscando o conforto térmico do condutor e dos passageiros dentro do veículo (habitáculo dos passageiros), durante o deslocamento veicular em locais quentes e úmidos.

A climatização afeta o consumo de combustível, pois usa a força do motor do carro para ligar o compressor e comprimir o gás refrigerante; gasto de combustível semelhante a do carro em alta velocidade na estrada com os vidros abertos que cria o arrasto aerodinâmico grande (Cx).[1] Outros fatores, como o superaquecimento do motor do carro, também impactam a climatização.[1] No Brasil, o R-134a / HFC-134a' e o CO2 / R-744 são usados juntos nos sistemas em cascata, como gás refrigerante de alta temperatura;[2] O uso de CO2 como gás refrigerante foi uma forma desenvolvida na Europa na década de 2010.[2]

Em 1939, a Packard foi a primeira fabricante mundial de automóveis a introduzir este sistema, porém não era eficiente, sem uso de termostato e sem mecanismo automático de desligamento emergencial.[3] A maioria dos sistemas condicionadores usavam sistema de aquecimento separado com um compressor montado junto ao motor, acionado pela cambota e correia, o evaporador instalado no bagageiro para distribuir o ar refrigerado via sistema de respiradouros no interior no habitáculo de passageiros. Na década de 1950 o sistema foi totalmente montado na parte frontal do veículo.[4][5][6][7][8]

Atualmente, este tipo de condicionador de ar trabalha com sistema de compressão de vapor, que faz com seja retirado o calor presente no habitáculo dos passageiros, provocando a redução na temperatura e conforto térmico.[9] O condicionamento do ar é um ciclo fechado onde um gás refrigerador é bombeado e comprimido pelo sistema, sendo resfriado ao passar na válvula de expansão e no evaporador.[1] Sistema composto por: compressor, expansor, evaporador e, condensador.[1]

Em 1933, uma empresa na cidade de Nova Iorque (Estados Unidos), ofereceu pela primeira vez a instalação de um aparelho climatizador de ar para carros. A maioria de seus clientes possuía limusines e carros de luxo.[10] Em outubro de 1935, Ralph Peo, da indrústria Houde Engineering, na cidade nova-iorquina de Buffalo (Nova Iorque, Estado Unidos), solicitou um registro de patente para uma "Unidade de resfriamento de ar para automóveis" (patente 2 099 227), concedida em novembro de 1937.

Em 1939, a fabricante Packard tornou-se o primeiro montadora de automóveis a oferecer um climatizador integrado em seus automóveis, na forma de item opcional, onde a instalação era através do pagamento adicional de $274 dólares[11] (o opcional foi descontinuado após 1941).[12] Essas unidades volumosas foram fabricadas pela "Bishop and Babcock Weather Conditioner" (B&B), de Cleveland (Ohio, Estados Unidos) e encomendadas para aproximadamente dois mil automóveis.[13] Esta também incorporou um aquecedor. Os carros encomendados com esta opção foram enviados das instalações do East Grand Boulevard da Packard para a fábrica da B&B onde a conversão foi realizada.

O sistema de climatização da Packard não foi comercialmente bem sucedido porque: o sistema ocupava metade do espaço do porta-malas; foi substituído por sistemas mais eficientes nos anos pós-guerra; não tinha o sensor termostato ou mecanismo de desligamento, além de desligar o ventilador o ar frio às vezes ainda entrava no carro devido a correia de transmissão estava continuamente conectada ao compressor; o preço era inacessível para a maioria das pessoas na América da depressão/pré-guerra.

O Chrysler Imperial de 1953 foi um dos primeiros automóveis de produção em doze anos a oferecer um climatizador moderno como opção, seguindo experimentos de Packard em 1940 e Cadillac em 1941.[14] Walter Chrysler tinha visto a invenção do condicionador de ar Airtemp na década de 1930 para o Chrysler Building, e o ofereceu em carros em 1942 e novamente em 1952.

Em 1953, os automóveis Cadillac, Buick e Oldsmobile adicionaram um climatizador como opção em alguns de seus modelos.[15] Todos esses sistemas Frigidaire usavam componentes separados no motor e no porta-malas.[16][17]

Em 1954, o Nash Ambassador foi o primeiro automóvel americano a ter um sistema de aquecimento, ventilação e resfriamento totalmente integrado,[18][19] chamado de "All-Weather Eye".[20] A corporação Nash-Kelvinator usou sua experiência em refrigeração para apresentar o primeiro sistema de aquecimento e climatização compacto e acessível da indústria automobilística, opcional para os modelos Nash.[21] Possuía um único controle termostático, com uma opção de climatização do passageiros bom e extremamente barato,[22] com aberturas montadas no painel.[23] Este foi o primeiro sistema em massa com controles no painel e uma embreagem elétrica.[24] Todos os seus componentes eram instalados na área do capô.[25] O layout alternativo unificado iniciado por Nash "tornou-se uma prática estabelecida e continua a formar a base dos modernos e mais sofisticados sistemas automáticos de controle climático".[26]

Funcionamento

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O sistema de climatização veicular é formado basicamente por 4 componentes: compressor, condensador, dispositivo de expansão e, evaporador, mais o fluido refrigerante / fluido de refrigeração.

O ciclo termodinâmico que ocorre no interior dos veículos começa com o fluido refrigerante no estado gasoso a uma temperatura próxima de 0°C. O compressor, que está acoplado ao motor, comprime o fluido rapidamente (compressão adiabática), fazendo com que a temperatura e a pressão aumentem; esta fica próxima do ponto de saturação (ponto no qual o gás fica no limite de sofrer uma transformação de estado) e aquela se eleva para aproximadamente 80°C. Após isso, o fluido, que está à alta temperatura e pressão, é levado ao condensador, onde troca calor com o meio externo. Como as temperaturas externas não são superiores a temperatura do fluido, este perde calor, liquefazendo-se. A seguir, o fluido sai do condensador no estado liquido e à temperatura relativamente alta, deslocando-se para o dispositivo de expansão, que, como o próprio nome já diz, expande o gás, fazendo com que a temperatura e a pressão sejam bruscamente reduzidas. A temperatura muda para aproximadamente 0°C. Finalmente, o gás é levado ao evaporador, que se localiza próximo ao painel do veículo, onde o fluido, por estar a uma temperatura inferior ao ambiente interno do automóvel, retira calor deste, o que proporciona a evaporação do fluido e a redução da temperatura interna do automóvel. Em seguida, o fluido volta para o compressor, repetindo o ciclo.[27][28]

Fluido refrigerante

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Inicialmente era utilizado o fluido de refrigeração/fluido refrigerante CFC-12 (clorofluorocarboneto baseado em carbono) nos sistemas de climatização, mas por afetar a camada de ozônio foi substituído por HFC-134a (hidrofluorocarboneto), além de ser não inflamável e não tóxico.[27][28]

Ver artigo principal: compressor

Este componente é ligado ao motor, e assim influencia no consumo de combustível do veículo, pois este quando é ligado “rouba” parte da energia produzida durante a queima do combustível e afetando a potência do veículo, principalmente em veículos com menor cilindrada (automóvel 1.0), além de aumentar a carga sobre o motor devido seu peso.[29]

Ver artigo principal: Condensador (química)

O condensador é possicionado em um local onde passa um bom fluxo de ar, pois o ar que vem do exterior faz a liquefação do fluido de refrigeração HFC-134a que passa pelos tubos metálicos de alumínio e aletas deste componente.[29] Somado a isso, o condensador possui ventoinhas, que serão acionadas quando o fluxo/ventilação for pequena para mudar o fluido de fase: por exemplo, quando o veículo está parado. Inicialmente, os tubos eram feitos com ferro e cobre, mas foi substituido pelo alumínio, por ter menor massa e facilidade de reciclagem.[29]

Dispositivos de expansão

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Existem dois tipos comuns deste componente, a válvula de expansão (termostato) e tubo de orifício, que tem a mesma função: reduzir a pressão e temperatura do fluido refrigerador (que está no estado líquido) que está saindo do condensador, condições ideais para passar no evaporador.[29]

Ver artigo principal: evaporador

Este é o local onde é feito a evaporação do fluido de refrigeração.[29] O evaporador possui estrutura semelhante ao condensador, pois ambos fazem trocas de calor, fazendo a mudança de estado do fluido, com a diferença é que este no interior do componente está em baixa temperatura.[29] Dentro do evaporador a temperatura é menor que a temperatura do interior do veículo, fazendo com que o calor passe ao fluido evaporando-o.[29]

Dispositivos auxiliares

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O evaporador e o condensador possuem mecanismos que auxiliam no bom funcionamento do ciclo da climatização.[29] São os mecanismos de separação de vapor e o acumulação de líquido, posicionados respectivamente na saída do condensador e na saída do evaporador: o primeiro faz que apenas o fluido em estado líquido chegue na válvula de expansão e, o segundo faz com que apenas o fluido em estado gasoso chegue ao compressor.[27][28][29]

Ciclo de climatização veicular e a Segunda Lei da Termodinâmica.

O condicionador de ar automotivo e a 2ª Lei da Termodinâmica

Conforme a Segunda Lei da Termodinâmica:

onde "Qh" e "Qc" são, respectivamente,os calores liberados e retirados dos reservatórios quente e frio; e W é o trabalho realizado/fornecido.

No sistema de climatização automotiva:

  • "Qh" é o calor liberado no condensador.
  • "W" é o trabalho realizado pelo compressor.
  • "Qc" é o calor recebido pelo evaporador.

O calor liberado pelo veículo é, em um ciclo real, maior que a soma do trabalho e do calor retirado do interior do automóvel, principalmente devido ao atrito no interior das tubulações, à influência da radiação solar, etc.[27][28]

Sistema básico do climatizador de um veículo

Referências

  1. a b c d Geri, Gilberto (7 de dezembro de 2022). «Ar condicionado ou janelas abertas, qual situação é pior para consumo de combustível?». Portal Carsughi. Consultado em 8 de novembro de 2024 
  2. a b Peixoto, Roberto de Aguiar (2015). «Emissões de gases de efeito estufa nos processos industriais: produção e consumo de HFCs e SF6» (PDF). Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções (3ª). Consultado em 8 de novembro de 2024. Resumo divulgativo 
  3. «Mecatrónica Wiki». idoc.pub (em inglês). Consultado em 4 de outubro de 2023 
  4. «Michigan State Facts». 50States.com (em inglês). Consultado em 8 de novembro de 2024 
  5. «Air Conditioning and Refrigeration Timeline». Greatest Engineering Achievements of the Twentieth Century. Consultado em 8 de novembro de 2024 
  6. «Air Conditioning and Refrigeration History - part 4». Greatest Engineering Achievements of the Twentieth Century. Consultado em 8 de novembro de 2024 
  7. ALDER, Dennis, Packard, MBI Publishing Company,2004
  8. Nunney, Malcolm James (2007). Light and heavy vehicle technology 4ª ed. [S.l.]: Butterworth Heinemann. ISBN 9780750680370 
  9. «Manutenção de Ar Condicionado Automotivo». Speedcar. 24 de fevereiro de 2020. Consultado em 4 de outubro de 2023 
  10. «First Air Conditioned Auto». Popular Science. 123 (5): 30. Novembro de 1933. Consultado em 16 de abril de 2015 
  11. «Michigan Fast Facts and Trivia». 50states.com. Consultado em 16 de abril de 2015 
  12. Adler, Dennis (2004). Packard. [S.l.]: MBI Publishing. ISBN 9780760319284 
  13. Adler, Dennis (2004). Packard. [S.l.]: MBI Publishing. ISBN 9780760319284 
  14. Langworth, Richard M. (1994). Chrysler and Imperial: The Postwar Years. [S.l.]: Motorbooks International. ISBN 0-87938-034-9 
  15. «1953 Cadillac Brochure». oldcarbrochures.org. p. 5. Consultado em 16 de abril de 2015. Arquivado do original em 7 de fevereiro de 2015 
  16. «1953-Buick Heating and AC Folder». oldcarbrochures.org. pp. 10–11. Consultado em 16 de abril de 2015. Arquivado do original em 7 de fevereiro de 2015 
  17. «1953 Oldsmobile Brochure». oldcarbrochures.org. p. 23. Consultado em 16 de abril de 2015. Arquivado do original em 7 de fevereiro de 2015 
  18. «Nash Low Cost Air Conditioner Cools or Heats by Turning Knob». Popular Mechanics. 101 (5): 86. Maio de 1954. Consultado em 16 de abril de 2015 
  19. «One Control Heating Cooling». Motor. 101: 54. 1954. Consultado em 16 de abril de 2015 
  20. «News of the Automotive World – Nash Air Conditioner Combines Heating, Cooling, and Ventilating». Automotive Industries. 110: 86. 1954. Consultado em 16 de abril de 2015 
  21. Gunnell, ed. (1987). The Standard Catalog of American Cars 1946–1975. [S.l.]: Krause Publications. ISBN 978-0-87341-096-0 
  22. Stevenson, Heon J. (2008). American Automobile Advertising, 1930–1980: An Illustrated History. [S.l.]: McFarland. ISBN 978-0-7864-3685-9. Consultado em 16 de abril de 2015 
  23. Binder, Al; the Ward's staff (2 de fevereiro de 2001). «Rearview Mirror». Ward's AutoWorld. Consultado em 16 de abril de 2015. Cópia arquivada em 24 de novembro de 2011 
  24. Daly, Steven (2006). Automotive Air-Conditioning and Climate Control Systems. [S.l.]: Elsevier Science & Technology Books. ISBN 978-0-7506-6955-9. Consultado em 16 de abril de 2015 
  25. Wolfe, Steven J. (2000). «HVAC Time Line». Refrigeration Service Engineers Society Twin Cities Chapter. Consultado em 16 de abril de 2015. Cópia arquivada em 21 de novembro de 2009 
  26. Nunney, Malcolm J. (2006). Light and Heavy Vehicle Technology. [S.l.]: Elsevier Science & Technology Books. ISBN 978-0-7506-8037-0 
  27. a b c d http://www.automotiva-poliusp.org.br/wp-content/uploads/2013/02/moura_marcelo.pdf
  28. a b c d http://www.automotiva-poliusp.org.br/wp-content/uploads/2013/02/santos_eduardo.pdf
  29. a b c d e f g h i «Sistema De Ar Condicionado». Safety Car AutoCenter. Consultado em 4 de outubro de 2023 
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Ligações externas

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