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Comportamento antissocial: diferenças entre revisões

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O '''comportamento antissocial''' é caracterizado pelo desprezo ou transgressão das [[norma]]s da [[sociedade]], frequentemente associado a um comportamento [[ilegal]].
O '''comportamento antissocial''' é caracterizado pelo desprezo ou transgressão das [[norma]]s da [[sociedade]], frequentemente associado a um comportamento [[ilegal]].


Ter comportamentos antissociais em algum momento não indica necessariamente um [[transtorno de personalidade antissocial]] (também conhecido como [[psicopatia]] ou [[sociopatia]]). Indivíduos antissociais frequentemente ignoram a possibilidade de estar afetando negativamente outras pessoas, por falta de [[empatia]] com o sofrimento de outras. Exemplos de comportamentos antissociais incluem desde de crimes sérios como [[homicídio]], [[piromania]], [[furto]], [[vandalismo]] quanto infrações mais leves como críticas cruéis, [[bullying]], [[sadismo]], desrepeitar privacidade e falar palavrões.
Ter comportamentos antissociais em algum momento não indica necessariamente um [[transtorno de personalidade antissocial]] (também conhecido como [[psicopatia]] ou [[sociopatia]]). Indivíduos antissociais frequentemente ignoram a possibilidade de estar afetando negativamente outras pessoas, por falta de [[empatia]] com o sofrimento de outras. Exemplos de comportamentos antissociais incluem desde de crimes sérios como [[homicídio]], [[piromania]], [[furto]], [[vandalismo]] quanto infrações mais leves como críticas cruéis, [[bullying]], [[sadismo]], desrespeitar privacidade e falar palavrões.


O termo antissocial também é aplicado no senso comum a pessoas com aversão ao convívio social, como a [[fobia social]], introvertidas, tímidas ou reservadas (que não é sinónimo do termo "antissocial" referente à psiquiatria, o mais correcto para estes casos de acordo com a psiquiatria é o termo [[misantropia]]). Clinicamente, antisocial aplica-se a atitudes agressivas contrárias e prejudiciais à sociedade, não a inibições ou preferências pessoais.
O termo antissocial também é aplicado no senso comum a pessoas com aversão ao convívio social, como a [[fobia social]], introvertidas, tímidas ou reservadas (que não é sinônimo do termo "antissocial" referente à psiquiatria, o mais correto para estes casos de acordo com a psiquiatria é o termo [[misantropia]]). Clinicamente, antissocial aplica-se a atitudes agressivas contrárias e prejudiciais à sociedade, não a inibições ou preferências pessoais.


==Causas==
==Causas==


Segundo Sidman (1995), indivíduos antissociais aprendem a comportar-se dessa forma à medida que seus atos produzem como consequência a remoção ou a eliminação de eventos perturbadores, ameaçadores ou perigosos, de forma que ele consiga livrar-se, fugir, esquivar-se ou diminuir a frequência ou a intensidade de uma estimulação considerada negativa. <ref>Sidman, M. (1995) Coerção e suas implicações. Campinas: PSY II.</ref> Quando o agente punidor (geralmente os pais e o Estado) não estabelecem limites e consequências eficientes, consistentes e claros com aviso prévio para os comportamentos transgressores eles tendem a continuar. Estudos mostram que esses comportamentos vão se agravando com a transição da infância para a adolescência de forma que agressividade excessiva na infância é um preditor de agressividade na adolescência e associado positivamente ao uso de drogas e deliquência e mesmo na idade adulta.<ref>Pacheco J. (2005) Estabilidade do Comportamento Antisocial na Transição da kkkk Infância para a Adolescência: Uma Perspectiva Desenvolvimentista. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2005, 18(1), pp.55-61</ref>
Segundo Sidman (1995), indivíduos antissociais aprendem a comportar-se dessa forma à medida que seus atos produzem como consequência a remoção ou a eliminação de eventos perturbadores, ameaçadores ou perigosos, de forma que ele consiga livrar-se, fugir, esquivar-se ou diminuir a frequência ou a intensidade de uma estimulação considerada negativa. <ref>Sidman, M. (1995) Coerção e suas implicações. Campinas: PSY II.</ref> Quando o agente punidor (geralmente os pais e o Estado) não estabelecem limites e consequências eficientes, consistentes e claros com aviso prévio para os comportamentos transgressores eles tendem a continuar. Estudos mostram que esses comportamentos vão se agravando com a transição da infância para a adolescência de forma que agressividade excessiva na infância é um preditor de agressividade na adolescência e associado positivamente ao uso de drogas e delinquência e mesmo na idade adulta.<ref>Pacheco J. (2005) Estabilidade do Comportamento Antisocial na Transição da kkkk Infância para a Adolescência: Uma Perspectiva Desenvolvimentista. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2005, 18(1), pp.55-61</ref>


É provável que fatores genéticos e neurológicos estejam envolvidos nesse comportamento. <ref>Earls F. Oppositional-defiant and conduct disorders. In: Rutter M, Taylor E, Hersov LA, editors. Child and adolescent psychiatry: modern approaches. Oxford: Blackwell Scientific Publications; 1994. p. 308-29.</ref>
É provável que fatores genéticos e neurológicos estejam envolvidos nesse comportamento. <ref>Earls F. Oppositional-defiant and conduct disorders. In: Rutter M, Taylor E, Hersov LA, editors. Child and adolescent psychiatry: modern approaches. Oxford: Blackwell Scientific Publications; 1994. p. 308-29.</ref>
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Quanto mais jovem o paciente e menos graves os sintomas, maior a probabilidade do indivíduo se beneficiar de uma psicoterapia. <ref>BORDIN, Isabel AS and OFFORD, David R. Transtorno da conduta e comportamento antisocial. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2000, vol.22, suppl.2 [cited 2010-08-16], pp. 12-15 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600004&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1516-4446. doi: 10.1590/S1516-44462000000600004</ref>.Na [[terapia analítico-comportamental]] o foco do tratamento está em levar o indivíduo a discriminar as ameaças de punição a si mesmo no ambiente para comportamentos transgressores e os benefícios (reforços positivos) de seguir certas regras. Frequentemente é útil incluir a família no tratamento para um treino de assertividade, de comportamentos mais adaptativos e para que eles reforcem positivamente comportamentos mais adaptativos recorrendo o mínimo possível a punições físicas. A hospitalização pode ser necessária no caso de risco iminente para si mesmo ou para outros (especialmente risco de homicídio).
Quanto mais jovem o paciente e menos graves os sintomas, maior a probabilidade do indivíduo se beneficiar de uma psicoterapia. <ref>BORDIN, Isabel AS and OFFORD, David R. Transtorno da conduta e comportamento antisocial. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2000, vol.22, suppl.2 [cited 2010-08-16], pp. 12-15 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600004&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1516-4446. doi: 10.1590/S1516-44462000000600004</ref>.Na [[terapia analítico-comportamental]] o foco do tratamento está em levar o indivíduo a discriminar as ameaças de punição a si mesmo no ambiente para comportamentos transgressores e os benefícios (reforços positivos) de seguir certas regras. Frequentemente é útil incluir a família no tratamento para um treino de assertividade, de comportamentos mais adaptativos e para que eles reforcem positivamente comportamentos mais adaptativos recorrendo o mínimo possível a punições físicas. A hospitalização pode ser necessária no caso de risco iminente para si mesmo ou para outros (especialmente risco de homicídio).


Tratamentos medicamentosos não tem sido muito eficazes para tratar os comportamentos antisociais em si, mas podem ser úteis para tratar comorbidades que desencadeiem esse comportamento como [[hiperatividade]](43% dos casos), transtornos das emoções (ansiedade, [[depressão nervosa]], obsessão-compulsão; em 33% dos casos)<ref>Loeber R, Dishion T. Early predictors of male delinquency: a review. Psychol Bull 1983;94:68-99.</ref>, [[esquizofrenia]] paranóide (10%), [[transtorno de personalidade limítrofe]] (6%) entre outros.
Tratamentos medicamentosos não tem sido muito eficazes para tratar os comportamentos antissociais em si, mas podem ser úteis para tratar comorbidades que desencadeiem esse comportamento como [[hiperatividade]](43% dos casos), transtornos das emoções (ansiedade, [[depressão nervosa]], obsessão-compulsão; em 33% dos casos)<ref>Loeber R, Dishion T. Early predictors of male delinquency: a review. Psychol Bull 1983;94:68-99.</ref>, [[esquizofrenia]] paranóide (10%), [[transtorno de personalidade limítrofe]] (6%) entre outros.


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Revisão das 14h00min de 3 de janeiro de 2014

O comportamento antissocial é caracterizado pelo desprezo ou transgressão das normas da sociedade, frequentemente associado a um comportamento ilegal.

Ter comportamentos antissociais em algum momento não indica necessariamente um transtorno de personalidade antissocial (também conhecido como psicopatia ou sociopatia). Indivíduos antissociais frequentemente ignoram a possibilidade de estar afetando negativamente outras pessoas, por falta de empatia com o sofrimento de outras. Exemplos de comportamentos antissociais incluem desde de crimes sérios como homicídio, piromania, furto, vandalismo quanto infrações mais leves como críticas cruéis, bullying, sadismo, desrespeitar privacidade e falar palavrões.

O termo antissocial também é aplicado no senso comum a pessoas com aversão ao convívio social, como a fobia social, introvertidas, tímidas ou reservadas (que não é sinônimo do termo "antissocial" referente à psiquiatria, o mais correto para estes casos de acordo com a psiquiatria é o termo misantropia). Clinicamente, antissocial aplica-se a atitudes agressivas contrárias e prejudiciais à sociedade, não a inibições ou preferências pessoais.

Causas

Segundo Sidman (1995), indivíduos antissociais aprendem a comportar-se dessa forma à medida que seus atos produzem como consequência a remoção ou a eliminação de eventos perturbadores, ameaçadores ou perigosos, de forma que ele consiga livrar-se, fugir, esquivar-se ou diminuir a frequência ou a intensidade de uma estimulação considerada negativa. [1] Quando o agente punidor (geralmente os pais e o Estado) não estabelecem limites e consequências eficientes, consistentes e claros com aviso prévio para os comportamentos transgressores eles tendem a continuar. Estudos mostram que esses comportamentos vão se agravando com a transição da infância para a adolescência de forma que agressividade excessiva na infância é um preditor de agressividade na adolescência e associado positivamente ao uso de drogas e delinquência e mesmo na idade adulta.[2]

É provável que fatores genéticos e neurológicos estejam envolvidos nesse comportamento. [3]

Possíveis diagnósticos

O comportamento antisocial pode ser sintoma de três psicopatologias em psiquiatria[4]:

É importante ressaltar que mesmo indivíduos saudáveis podem ter comportamentos antissociais em determinadas condições e mesmo assim não apresentar nenhum desses diagnósticos.

Esses comportamentos estão associados a prática do bullying, geralmente por adolescentes. Pessoas que foram vítima de comportamentos antissociais tem mais chance de repetirem tal comportamento em outros contextos. Em um estudo filhos em idade escolar de mães que sofriam com violência conjugal tinham 21% de exercer comportamentos antissociais. [5]

Tratamento

Quanto mais jovem o paciente e menos graves os sintomas, maior a probabilidade do indivíduo se beneficiar de uma psicoterapia. [6].Na terapia analítico-comportamental o foco do tratamento está em levar o indivíduo a discriminar as ameaças de punição a si mesmo no ambiente para comportamentos transgressores e os benefícios (reforços positivos) de seguir certas regras. Frequentemente é útil incluir a família no tratamento para um treino de assertividade, de comportamentos mais adaptativos e para que eles reforcem positivamente comportamentos mais adaptativos recorrendo o mínimo possível a punições físicas. A hospitalização pode ser necessária no caso de risco iminente para si mesmo ou para outros (especialmente risco de homicídio).

Tratamentos medicamentosos não tem sido muito eficazes para tratar os comportamentos antissociais em si, mas podem ser úteis para tratar comorbidades que desencadeiem esse comportamento como hiperatividade(43% dos casos), transtornos das emoções (ansiedade, depressão nervosa, obsessão-compulsão; em 33% dos casos)[7], esquizofrenia paranóide (10%), transtorno de personalidade limítrofe (6%) entre outros.

Referências

  1. Sidman, M. (1995) Coerção e suas implicações. Campinas: PSY II.
  2. Pacheco J. (2005) Estabilidade do Comportamento Antisocial na Transição da kkkk Infância para a Adolescência: Uma Perspectiva Desenvolvimentista. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2005, 18(1), pp.55-61
  3. Earls F. Oppositional-defiant and conduct disorders. In: Rutter M, Taylor E, Hersov LA, editors. Child and adolescent psychiatry: modern approaches. Oxford: Blackwell Scientific Publications; 1994. p. 308-29.
  4. American Psychiatric Association (APA). Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 4th ed. Washington (DC): APA; 1994.
  5. Wildin SR, Williamson WD, Wilson GS. Children of battered women: developmental and learning profiles. Clin Pediatr 1991;30(5):299-304.
  6. BORDIN, Isabel AS and OFFORD, David R. Transtorno da conduta e comportamento antisocial. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2000, vol.22, suppl.2 [cited 2010-08-16], pp. 12-15 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600004&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1516-4446. doi: 10.1590/S1516-44462000000600004
  7. Loeber R, Dishion T. Early predictors of male delinquency: a review. Psychol Bull 1983;94:68-99.
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