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A obra principal de Saint-Simon é ''[[New Christianity]]'' ([[1825]]). Nele declara que a Religião tendia a melhorar a condição de vida dos mais necessitados. Ele morreu no ano da publicação desse livro, no dia [[19 de maio]]. Em três anos seus seguidores tinham desenvolvido o que podemos chamar de um culto quase religioso baseado na interpretação das suas idéias, e difundiram as suas idéias através da Europa e [[América do Norte]], influenciando socialistas e outros [[Romantismo|românticos]] do início do [[século XIX]], como [[Sainte-Beuve]], [[Victor Hugo]] e [[George Sand]].
A obra principal de Saint-Simon é ''[[New Christianity]]'' ([[1825]]). Nele declara que a Religião tendia a melhorar a condição de vida dos mais necessitados. Ele morreu no ano da publicação desse livro, no dia [[19 de maio]]. Em três anos seus seguidores tinham desenvolvido o que podemos chamar de um culto quase religioso baseado na interpretação das suas idéias, e difundiram as suas idéias através da Europa e [[América do Norte]], influenciando socialistas e outros [[Romantismo|românticos]] do início do [[século XIX]], como [[Sainte-Beuve]], [[Victor Hugo]] e [[George Sand]].


foi bom ele...


== Outras obras ==
== Outras obras ==

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Conde de Saint-Simon

Claude-Henri de Rouvroy, Conde de Saint-Simon, (Paris, 17 de outubro de 1760Paris, 19 de maio de 1825), foi um filósofo e economista francês, um dos fundadores do socialismo moderno e teórico do socialismo utópico.[1]

Propôs a criação de um novo regime político-econômico, pautado no progresso científico e industrial, em que todos os homens dividissem os mesmos interesses e recebessem adequadamente pelo seu trabalho.

Vida

Claude Henri Saint-Simon (1760-1825) pertencia a uma família aristocrata, embora seus pais não fossem muito ricos. Mesmo assim, nasceu rodeado de confortos e luxos. Assim, foi rapidamente introduzido nos altos meios sociais de Paris e da França, o que o distanciou, durante certo tempo, de conhecer intelectuais notáveis na época, como d'Alembert e Rousseau.

A partir de um manuscrito seu de 1810, sabe-se um pouco da educação formal que Saint-Simon recebeu, bem como de sua revolta para com ela, neste, o autor descreve com um tom de desprezo seu ensino imposto, concluindo: "nossa educação atingiu seu propósito: fez-nos revolucionários".

Desde cedo, a filosofia ocupou-lhe a mente de tal forma que o tornou extremamente independente, a ponto de causar-lhe aversão à religião: Saint-Simon recusou-se a fazer a primeira comunhão, aos treze anos. Após esse evento seu pai lhe mandou para a prisão de Saint-Lazare, onde viveu até os seus dezesseis ou dezessete anos. Nessa idade, recebeu um convite para se juntar ao exército, que só pode aceitar um ano depois, devido empecilhos criados por seu pai.

Durante sua brilhante carreira militar, Saint-Simon teve a oportunidade de batalhar ao lado dos Americanos, na própria América, contra os Britânicos, na Batalha de Yorktown. Sua estadia de dois meses no novo continente o influenciou decisivamente, ajudando-lhe a descobrir sua maior afinidade pela ciência política do que pelas armas. A experiência americana provocou-lhe o desejo de trabalhar pela "evolução da civilização", que ele acreditava estar ocorrendo na América. Para Saint-Simon, havia na América quatro condições para a evolução da sociedade, inexistentes na Europa: “tolerância religiosa, ausência de privilégios sociais, noção de que poder econômico e político não podem se confundir e aceitação universal de uma filosofia baseada no pacifismo, na indústria e na economia frugal". O pensador francês acreditava na existência de um regime muito mais liberal e democrático na América do que na Europa.

A partir de 1789, com a eclosão da Revolução Francesa, Saint-Simon rapidamente endossou os ideais revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade. Nos primeiros anos da Revolução, Saint-Simon se dedicou a "organizar uma estrutura industrial, a fim de fundar uma escola científica de evolução". Para tanto precisava angariar fundos, o que não foi possível nos primeiros tempos, pois a crescente instabilidade da situação política na França o impedia de exercer suas atividades financeiras e, mais do que isso, colocava em risco a própria vida de Saint-Simon, que inclusive mudou seu próprio nome e abandonou seu título nobiliárquico para fugir das perseguições. Durante o período de Terror, o pensador foi preso, suspeito de atuar contra a Revolução. Foi libertado em 1794, com a queda de Robespierre e do Terror.

Retomando imediatamente suas atividades empresariais, Saint-Simon conseguiu angariar fundos e adquiriu alguma influência política. Passou então a viajar e foi enquanto estava em Genebra, na Suíça, que publicou seu primeiro livro: Lettres d'um habitant de Genève à l'humanité - que em 1803, ganhou uma nova versão, intitulada Lettres d'un habitant de Genève à ses contemporains. A tese principal de seu livro gira em torno da suposição de serem a ciência e a indústria dois pilares que sustentam o progresso da humanidade. Saint-Simon cria que a sociedade atravessava um período de crise, que deveria ser superado por uma reorganização social. Uma das principais condições para que houvesse progresso seria a emergência de uma nova religião, a religião da Razão, a que ele denominou "Religião de Newton". Apesar de ter empreendido esforços em prol da disseminação dessa religião, seu trabalho foi frustrado com uma Concordata entre Napoleão e o Vaticano para reerguer a Igreja Católica na França. Viajou também à Alemanha e, tendo retornado a Paris em 1803/1804, desenvolveu ainda mais suas idéias de reforma social nos livros Lettre aux Européens e Extrait sur l'organisation sociale, nunca publicados. No segundo, previu que no século XIX desenvolver-se-ia uma ciência positiva sobre a organização social.

Caindo na ruína por volta de 1806, Saint-Simon passa a ter que trabalhar. Em 1807 recebe ajuda de Diard e pode publicar seu segundo livro: Introduction aux travaux scientifiques du XIX siècle. Nessa obra o autor define que o objetivo do século XIX consiste em criar um sistema uno, que fundisse os conhecimentos de todos os campos de estudo. Com a morte de Diard em 1810, Saint-Simon se viu em situação precária. Com a saúde vulnerável, chegou a passar o ano de 1813 em um sanatório, do qual só conseguiu sair com a ajuda de sua família. Publicou então Mémoire sur la Science de l'homme, em que esboçou o projeto de construção do sistema a que aludiu em sua obra anterior, uma ciência do homem e da sociedade. Após ter enviado cópias dessa sua publicação a diversos cientistas de toda a Europa, conseguiu ser reconhecido como intelectual.

Recebeu então um convite de Augustin Thierry para tornar-se seu assistente em suas pesquisas. Em 1814 publicou De la réorganisation de la société européenne, onde propôs um plano para união de toda a Europa, começando por França e Inglaterra, que foi censurado pelo Governo. Em 1815 foi a vez de Sur l'établissement du parti de l'opposition e, de 1816 a 1818, diversos artigos no jornal L'Industrie, totalizando dois volumes, divididos em duas partes. A partir de 1817, Augusto Comte tornou-se seu secretário. Saint-Simon ainda publicou Du Système Industriel, em três partes de 1820 a 1822, e Catéchisme dês Industriels, em 1823/24. Desapontado com a ausência de efeitos de seus trabalhos, que, embora fizessem enorme sucesso entre os intelectuais e cientistas, não atingiam seu objetivo primordial, a reforma da sociedade, tentou-se suicidar em 1823 com sete balas na cabeça, mesmo assim sobrevivendo perdendo apenas um olho. Suas últimas obras, Opinions littéraires, philosophiques et industrielles e Nouveau Christianisme, foram publicadas em 1825, ano em que faleceu.

Formou um grupo fervoroso denomimado Saint-simonista, do qual muitas pessoas influentes como Auguste Comte, Barthélemy Prosper Enfantin e Saint-Amand Bazard participaram.

Possui algumas obras de inspiração religiosa. Nesse final de sua vida obteve uma vida tranqüila economicamente, graças às pessoas que participavam de seu grupo.

Ideias

Para este autor, Saint-Simon, o avanço da ciência determinava a mudança político-social, além da moral e da religião. É considerado o precursor do Socialismo, pois, no futuro, a sociedade seria basicamente formada por cientistas e industriais. O pensamento Saint-simoniano pode ser visto nas obras de 1807 a 1821, com o lema: "a cada um segundo sua capacidade, a cada capacidade segundo seu trabalho".

Em um dos seus primeiros livros, Lettres d'un habitant de Genève à ses contemporains, publicado em 1803, ele propõe que os cientistas tomem o lugar dos padres para conduzir a era Moderna. A violência da guerra napoleônica leva-o a se abrigar no Cristianismo, e de uma base Cristã construir as bases para uma sociedade socialista. Previu a industrialização da Europa e sugere uma união entre as nações para acabar com as guerras.

Quando Saint-Simon falou sobre a nova sociedade, imaginou uma imensa fábrica, na qual substituiria a exploração do homem pelo homem para uma administração coletiva. Assim, a propriedade privada não caberia mais nesse novo sistema industrial. Vale notar que existiria uma pequena desigualdade e a sociedade seria perfeita depois de reformar o Cristianismo. Ainda disse que o homem não é apenas algo passivo na História, pois sempre procura alterar o meio social no qual esta inserido. Essas alterações são importantes para que a sociedade seja desmembrada, quando esta sociedade funciona dentro das normas que a ela correspondam, pois não é possível colocar uma regra de uma sociedade em outra.

A regra deve combinar com a estrutura para que a sociedade industrial se desenvolva. Saint-Simon ainda mantém a ideia de uma sociedade hierarquizada, por isso a desigualdade, pois no topo estariam os diretores da indústria e de produção, engenheiros, artistas e os cientistas; na parte de baixo estariam os trabalhadores responsáveis pela execução dos projetos feito pelos inventores e diretores. Com isso, acaba prevendo o grau máximo da capacidade de produção. Este foi o primeiro a perceber que o conflito de classes estava relacionado com a economia e que seria nas mãos dos trabalhadores que o futuro seria construído, mas guiados por alguém.

Para Saint-Simon, o vínculo da sociedade deveria repousar sobre os ideais industriais, ou seja, sobre a organização mais favorável a indústria. Nas colônias emancipadas (aqui Saint-Simon se refere à América) a classe industrial cresceu e adquiriu poder político – poder que usa para não aceitar mais um governo que atue fora dos limites impostos por ela. Saint-Simon acredita que a humanidade caminha em direção ao progresso, desde a emancipação das colônias, passando pela Reforma Protestante na Inglaterra, até as Revoluções Americana e Francesa. Ocorre, portanto, uma revolução geral, de todos os seres humanos, nações e sociedade, em direção à sua melhora. Nessa sociedade evoluída, o governo não “governaria” os homens, mas apenas garantiria as condições para o exercício dos trabalhos; não disporia de muitos recursos, pois recursos escassos são suficientes para sua empresa; não recolheria impostos, pois seus fundos seriam providos por doações voluntárias daqueles que se interessam pela manutenção das condições de trabalho (todos os trabalhadores, a sociedade em geral), que se responsabilizariam, eles próprios, pela fiscalização da destinação desses recursos.

Saint-Simon considera que os homens que se sustentam por meio da indústria tem uma necessidade básica: a liberdade. Por essa liberdade, Saint-Simon designa o desejo desses homens de não trabalharem, e de não serem atrapalhados quando desfrutarem do que tenham produzido. Os homens somente são capazes de vencer essa “preguiça” para satisfazem a seus desejos e prazeres. Há porém, uma classe de homens que, embora não tenham vencido a preguiça e não trabalhem como os outros, desfrutam dos produtos e prazeres como se o tivessem feito. Saint-Simon chama a esses homens “ladrões”, sejam porque recebem ou porque tomam o que não lhes pertence.

Nesse sentido, os trabalhadores precisam de uma estrutura que os livre dos riscos de não poderem desfrutar dos produtos pelos quais trabalharam, ou seja, uma estrutura que impeça que a violência e a ociosidade encontrem lugar na sociedade. A estrutura responsável por realizar tal função é o governo. No entanto, quando o governo atua fora de sua função, torna-se autoritário e tirânico e, conseqüentemente, sua ação torna-se mais nociva à indústria do que sua omissão. O objetivo da empresa, do governo ideal, de toda a sociedade, é constituir e manter uma situação de segurança da forma mais barata possível. Saint-Simon explica que foi na América que pela primeira vez vislumbrou o progresso e o fim último da sociedade, desejando o vislumbrar também em seu país. A Revolução Francesa, embora tenha se iniciado com ideais de liberdade e com um caráter industrial, deu lugar apenas à tirania e ao despotismo militar. Saint-Simon afirma que é chegado um no tempo, em que voltaram a ser discutidos os interesses gerais da sociedade.

A última expressão consiste em um importante conceito para o autor. Trata-se do objeto de estudo dos escritores políticos; dos desejos últimos da sociedade dos trabalhadores; e da matéria a ser administrada pelo governo. Essa relação seria simples, se os governantes se propusessem a ouvir e colocar em prática o que afirmam os escritores políticos e os industriais. Há, porém, uma contradição: o governante nem sempre tem interesse em administrar adequadamente os interesses gerais. Isto é, ao passo que os industriais desejam ser governados o menos possível (dentro dos limites de atuação do governo), os governantes desejam estender ao máximo seu poder. Como Saint-Simon afirma, “assim os vemos ocuparem-se e empregarem toda sua influência não para descobrir a opinião, mas para formá-la; não para buscar pessoas que discutam, mas pessoas que aprovem e demonstrem; em uma palavra, não conselheiros, sim advogados”. Dessa forma, Saint-Simon conclui que é preciso anular esse mediador inútil e potencialmente perigoso (governo), para estabelecer relações diretas entre industriais e escritores políticos, de forma a realizar o objetivo primordial da empresa governamental: o bem comum.

Em “Carta Oitava”, o pensador francês pergunta-se sobre a existência de um princípio geral da política. Faz sete afirmações que considera serem as mais gerais e comprovadas asserções da ciência política, a saber:

  • a produção de coisas úteis é o único objetivo razoável a que sociedades políticas podem se propor;
  • o governo sempre prejudica a indústria quando atua fora de seus limites;
  • os produtores, por serem os únicos que pagam impostos, são os únicos homens úteis a sociedade e que, portanto, podem votar;
  • os homens nunca podem lutar entre si sem prejudicar a produção;
  • o desejo de subjugar outros povos é nocivo, pois diminui a produção;
  • a moral se aperfeiçoa de forma diretamente relacionada à melhora da indústria;
  • os homens devem se considerar uma sociedade de trabalhadores.

A partir de tais considerações, Saint-Simon conclui que a ciência política pode ser unicamente compreendida e sintetizada como a “ciência da produção”.

Pode-se perceber que Saint-Simon estava adquirindo uma concepção anti-igualitária e antidemocrática, em se tratando do seu aspecto religioso, pois falava que todos os homens deveriam ter os mesmos princípios. Por isso, o "novo Cristianismo" substituiria o "Cristianismo degenerado", e teria como imperativo a justiça social, pois o núcleo deveria se consolidar no que seria a fraternidade do homem, resultando num mundo de homens livres.

Influência

Saint-Simon é considerado um dos fundadores da Sociologia, que estaria sendo sustentada por duas forças opostas: orgânicas (estáveis) e críticas (mudam a história). Só a sociedade industrial poderia acabar com a crise que a França passava. Este autor ainda marca a ruptura com o Antigo Regime. Para Saint-Simon, a Política era agora a ciência da produção, porém a Política vê seu fim com a justiça social.

A obra principal de Saint-Simon é New Christianity (1825). Nele declara que a Religião tendia a melhorar a condição de vida dos mais necessitados. Ele morreu no ano da publicação desse livro, no dia 19 de maio. Em três anos seus seguidores tinham desenvolvido o que podemos chamar de um culto quase religioso baseado na interpretação das suas idéias, e difundiram as suas idéias através da Europa e América do Norte, influenciando socialistas e outros românticos do início do século XIX, como Sainte-Beuve, Victor Hugo e George Sand.


foi bom ele...

Outras obras

  • 1802 - Lettres d'un habitant de Genève à ses contemporains;
  • 1803 - Un rêve;
  • 1807 - Introduction aux travaux scientifiques du XIXème;
  • 1810 - Esquisse d'une nouvelle encyclopédie;
  • 1813 - Travail sur la gravitation universalle;
  • 1814 - De la réorganisation de la sociéte européene (em colaboração com A. Thierry);
  • 1813-1816 - Mémoires sur la science de l'homme;
  • 1817 - L'industrie ou discussions politiques, morales et philosophiques, dans l'intérêt de tous les hommes livrés à des travaux utiles et indépendants;
  • 1819-1820 - L'organisateur;
  • 1821 - Le système industriel;
  • 1823 - Le catéchisme des industriels;
  • 1825 - Opinions littèraires, philosophiques et industrielles.

  • IONESCU, Ghita. El pensamiento politico de Saint-Simon. Tradução de: Carlos Melchor e Leopoldo Rodríguez Regueira. Título Original: The political thought of Saint-Simon. 1976. Oxford University Press. Primeira edição em espanhol, 1983. Fondo de Cultura Economica: México, D.F., 1983. ISBN: 968-16-1595-6.
  • NEWMAN, Michael. Socialism: A Very Short Introduction - Oxford University Press, ISBN 0-19-280431-6
  • TAYLOR, Keith. Henri Saint-Simon (1760-1825): selected writings on science, industry, and social organization. Croom Helm Ltd: London, 1975. ISBN: 0-85664-206-1. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=X8MOAAAAQAAJ&printsec=front cover&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Último acesso: 10 de janeiro de 2011.
  • WILSON, Edmund - Rumo à Estação Finlândia - Cia das Letras.


Ligações externas

Referências