Configuração absoluta

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
R para rectus (direita) e S para sinister (esquerda).

Em estereoquímica, a configuração absoluta é o arranjo espacial dos átomos de uma molécula quiral bem como a sua descrição estereoquímica[1] (por exemplo, R, S…) para diferenciar a conformação da molécula.[2] Em cristalografia, a configuração absoluta é um conceito importante na determinação de estruturas não centrossimétricas.[3][4]

Já em 1949, Johannes Martin Bijvoet utilizou pela primeira vez difração de raios X à difusão anômala com a finalidade de determinar a configuração absoluta de moléculas.[5][6] Esta técnica, que se tornou o principal método de determinação da configuração absoluta, é chamada de difração inelástica ressonante de raios-X, mas tal técnica requer a presença de pelo menos um átomo pesado (por exemplo S, Br, etc). As técnicas alternativas são dispersão rotatória óptica, dicroísmo circular vibratório e o uso de reagentes de mudança quiral em RMN de próton.

Antes da publicação de Bijvoet, não erai possível obter a configuração absoluta de compostos quirais.[7] Por exemplo, há muito se supunha que o D-gliceraldeído (+) é o enantiômero R. A configuração de outros compostos quirais foi então deduzida da do D-gliceraldeído por sequências de reações químicas (veja a figura abaixo). O D-gliceraldéído (1) era relacionado ao ácido glicérico (–) por oxidação com óxido de mercúrio (2), que estava ligado à isoserina (+) por oxidação com ácido nítrico (3), ao brometo (4) e a ácido lático (–) por redução com zinco (5). Uma vez que estas transformações químicas não alteram a assimetria do átomo de carbono, esta seqüência demonstrou que o ácido lático (–) também era um enantiômero R. Os trabalhos de Bijvoet[6] sobre a configuração absoluta de um tartarato de sódio e rubídio (+) mostraram que a suposição para o gliceraldeído (+) estava correta.

Quando a configuração absoluta é conhecida, o estereoisômero é nomeado de acordo nomenclatura Cahn-Ingold-Prelog.

Referências

  1. IUPAC, Compêndio de Terminologia Química, 2ª ed. ("Gold Book"). Compilado por A. D. McNaught e A. Wilkinson. Blackwell Scientific Publications, Oxford (1997). Versão online: "Absolute configuration"  (2006–) criado por M. Nic, J. Jirat, B. Kosata; atualizações compiladas por A. Jenkins. ISBN 0-9678550-9-8.
  2. Michael North; Principles and Applications of Stereochemistry; CRC Press, 1998. pg 39
  3. Online Dictionary of Crystallography - Absolute structure - Absolute structure versus absolute configuration - reference.iucr.org
  4. Carmelo Giacovazzo; Fundamentals of Crystallography; Oxford University Press, 2002. pg 475
  5. Johannes Martin Bijvoet (1949). «Phase determination in direct Fourier synthesis of crystal structures» (PDF). Proc. K. Ned. Akad. Wet. B. 52: 313-314 
  6. a b Johannes Martin Bijvoet, A.F. Peerdeman, A.J. van Bommel (1951). «Determination of the Absolute Configuration of Optically Active Compounds by Means of X-Rays». Nature. 168: 271-272. doi:10.1038/168271a0 
  7. Paula Y. Bruice (2003). Organic Chemistry 4 ed. [S.l.]: Prentice Hall International. ISBN 978-0131407480