Cromatografia de partição

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A teoria e prática da cromatografia de partição foi introduzida através do trabalho e publicações de Archer Martin e Richard Laurence Millington Synge durante a década de 1940. Mais tarde, eles receberiam o Prêmio Nobel de Química de 1952 pela invenção da cromatografia de partição.[1][2]

Sinopse[editar | editar código-fonte]

O processo de separar misturas de compostos químicos ao passá-los através de uma coluna que contém uma fase estacionária sólida que foi eluída com uma fase móvel (cromatografia em coluna) era bem conhecida naquela época. Considerava-se que a separação cromatográfica ocorria por um processo de adsorção pelos quais os compostos se aderiam a um meio sólido e eram lavados na coluna com um solvente, mistura de solventes, ou gradiente de solvente. Em contraste, Martin e Synge desenvolveram e descreveram um processo de separação cromatográfica pelos quais os compostos eram divididos entre duas fases líquidas similar a dinâmica da separação líquido-líquido do funil de separação. Isso foi uma partida importante, tanto na teoria quanto nas condições de equilíbrio. Martin e Synge inicialmente tentaram criar um método de realizar uma extração sequencial líquido-líquido com vidros conectados em série que funcionavam como funis de separação. O artigo seminal apresentando seus primeiros estudos descreveram um instrumento um pouco complicado que permitia a partição de aminoácidos entre água e fases de clorofórmio. O processo era denominado extração líquido-líquido em contracorrente. Martin e Synge descreveram a teoria desta técnica em referência a contínua destilação fracionada descrita por Randall e Longtin. Essa abordagem foi considerada também complicada, então eles desenvolveram um método de absorver água em sílica-gel como fase estacionária e usar um solvente, como o clorofórmio, como a fase móvel. Esse trabalho foi publicado em 1941 como uma nova forma de cromatograma empregando duas fases líquidas. O artigo descreve a teoria em termos de coeficiente de partição de um composto, e a aplicação do processo a separação de aminoácidos em uma coluna de silica impregnada com água eluída com um solvente de mistura de água:clorofórmio:-n-butanol.[3][4][5]

O impacto na metodologia de separação[editar | editar código-fonte]

O trabalho de Martin e Synge anteriormente descrito impactou o desenvolvimento da já conhecida cromatografia de coluna e inspirou novas formas de cromatografia como distribuição contracorrente, cromatografia em papel, e cromatografia a gás. A modificação da fase estacionária de sílica-gel levou a muitas formas criativas de modificar fases estacionárias para influenciar as características de separação. A modificação mais notável foi a ligação química de grupos funcionais de alcano a sílica-gel para produzir um meio de fase reversa. O problema original que Martin e Synge encontraram em criar um instrumento que empregaria duas fases líquidas estáveis foi resolvido por Lyman C. Craig em 1944, e os instrumentos de distribuição contracorrente comerciais foram usados para descobertas muito importantes. A introdução da cromatografia em papel foi uma importante técnica analítica que deu origem a cromatografia em camada delgada. Finalmente, a cromatografia a gás, uma técnica fundamental na química analítica moderna, foi descrita por Martin com co-autores A. T. James e G. Howard Smith em 1952.[6][7]

Referências

  1. «The Birth of Partition Chromatography». LCGC North America. LCGC North America-05-01-2001 (em inglês) (5). 1 de maio de 2001. Consultado em 17 de julho de 2023 
  2. «The Nobel Prize in Chemistry 1952». NobelPrize.org (em inglês). Consultado em 17 de julho de 2023 
  3. Martin, A. J. P.; Synge, R. L. M. (1 de dezembro de 1941). «A new form of chromatogram employing two liquid phases. A theory of chromatography. 2. Application to the micro-determination of the higher monoamino-acids in proteins». Biochemical Journal. 35 (12): 1358–1368. PMC 1265645Acessível livremente. PMID 16747422. doi:10.1042/bj0351358 
  4. Whelan, William J. (1 de maio de 2001). «Partition Chromatography Revisited». IUBMB Life (International Union of Biochemistry and Molecular Biology: Life) (5): 329–330. ISSN 1521-6543. doi:10.1080/152165401317190851. Consultado em 17 de julho de 2023 
  5. «The Birth of Partition Chromatography». LCGC North America. LCGC North America-05-01-2001 (em inglês) (5). 1 de maio de 2001. Consultado em 17 de julho de 2023 
  6. Consden, R.; Gordon, A. H.; Martin, A. J. P. (1944). «Qualitative analysis of proteins: A partition chromatographic method using paper». Biochemical Journal. 38 (3): 224–232. PMC 1258072Acessível livremente. PMID 16747784. doi:10.1042/bj0380224 
  7. Craig, Lyman C. (outubro de 1944). «IDENTIFICATION OF SMALL AMOUNTS OF ORGANIC COMPOUNDS BY DISTRIBUTION STUDIES». Journal of Biological Chemistry (2): 519–534. ISSN 0021-9258. doi:10.1016/s0021-9258(18)51183-2. Consultado em 17 de julho de 2023