Puerpério
Puerpério ou período pós-parto (ou pós-natal) é o período de tempo que decorre desde o parto até que os órgãos reprodutores da mãe retornem ao seu estado pré-gravídico.[1] Nesta fase, a mulher é chamada de puerpéra. O período pós-parto começa após o parto e normalmente dura seis semanas.[2]
Existem três fases distintas, mas contínuas, do período pós-natal; a fase aguda, que dura de seis a doze horas; a fase subaguda, com duração de seis semanas; e a fase tardia, com duração de até seis meses. Durante a fase tardia, algumas alterações no sistema geniturinário demoram muito mais para serem resolvidas e podem resultar em condições como a incontinência urinária. A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve o período pós-natal como a fase mais crítica e, no entanto, a mais negligenciada na vida das mães e dos bebés; a maioria das mortes maternas e neonatais ocorre durante este período.[3]
Na literatura científica, o termo é comumente abreviado para Px , onde x é um número; por exemplo, “dia P5” deve ser lido como “o quinto dia após o nascimento”. Isto não deve ser confundido com a nomenclatura médica que utiliza GP para representar o número e os resultados da gravidez (gravidez e paridade).
Uma mulher que dá à luz pode sair assim que estiver clinicamente estável, o que pode ocorrer algumas horas após o parto, embora a média para um parto vaginal seja de um a dois dias. A média de permanência pós-natal para cesariana é de três a quatro dias.[4] Durante esse período, a mãe é monitorada quanto a sangramento, função intestinal e da bexiga e cuidados com o bebé. A saúde do bebê também é monitorada.[5] A alta hospitalar pós-natal precoce é normalmente definida como a alta da mãe e do recém-nascido do hospital dentro de 48 horas após o nascimento.
O período pós-parto pode ser dividido em três fases distintas; a fase inicial ou aguda, 8–19 horas após o parto; o pós-parto subagudo, que dura de duas a seis semanas, e o pós-parto tardio, que pode durar até seis meses.[6] No período pós-parto subagudo, 87% a 94% das mulheres relatam pelo menos um problema de saúde.[7][8] Problemas de saúde de longo prazo (que persistem após o período pós-parto tardio) são relatados por 31% das mulheres.[9]
Várias organizações recomendam avaliação pós-parto de rotina em determinados intervalos de tempo no período pós-parto.[10]
Fases
[editar | editar código-fonte]O puerpério inicia-se no momento em que cessa a interação hormonal entre o ovo e o organismo materno. Geralmente isto ocorre quando termina o descolamento da placenta, logo depois do nascimento do bebê, embora possa também ocorrer com a placenta ainda inserida, se houver morte do ovo e cessar a síntese de hormônios.
O momento do término do puerpério é impreciso, aceitando-se, em geral, que ele termina quando retorna a ovulação e a função reprodutiva da mulher. Nas puérperas que não amamentam poderá ocorrer a primeira ovulação após 6 a 8 semanas do parto. Nas que estão amamentando, a ovulação retornará em momento praticamente imprevisível. Poderá demorar até 6 a 8 meses, a depender da frequência das mamadas. Isto impõe, entre outras medidas, a adoção de método anticoncepcional adequado.
O puerpério é dividido em três fases:
- Puerpério imediato (se estende de 2- 4 horas pós-parto).
- Puerpério mediato (até o 2-3 dias pós parto).
- Inclui o primeiro levante(cerca de 6 horas pós-parto)
- Puerpério tardio (até cerca das 6 semanas pós-parto).
Durante este período, ocorrem alguns fenómenos:
- Lóquios - Chamam-se "lóquios" o corrimento sanguinolento libertado pelo útero após o parto. Inicialmente são vermelhos e, por vezes, são tão ou mais abundantes que a menstruação. Com o passar do tempo tornam-se acastanhados e em quantidade reduzida. Ao fim de 10 a 14 dias tornam-se brancos ou amarelados, acabando por desaparecer. Se nesta altura verificar uma súbita e abundante perda de sangue, coágulos e um odor desagradável nos lóquios, assistência médica adequada deverá ser procurada.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Puerpério». Infopédia, Enciclopédia de Língua Portuguesa da Porto Editora. Consultado em 28 de janeiro de 2024
- ↑ Lopez-Gonzalez DM (2023). «Postpartum Care of the New Mother». StatPearls. PMID 33351433
- ↑ WHO Recommendations on Postnatal Care of the Mother and Newborn. [S.l.]: World Health Organization. 2013. ISBN 9789241506649. PMID 24624481. Consultado em 12 de março de 2022. Cópia arquivada em 20 de janeiro de 2022
- ↑ «Recovering from a caesarean section». NHS Choices. Consultado em 16 de dezembro de 2016. Cópia arquivada em 20 de dezembro de 2016
- ↑ Vernon D (2007). With Women, Midwives Experiences: from Shiftwork to Continuity of Care. Canberra: Australian College of Midwives. p. 17. ISBN 978-0-9751674-5-8
- ↑ Romano M, Cacciatore A, Giordano R, La Rosa B (abril de 2010). «Postpartum period: three distinct but continuous phases». Journal of Prenatal Medicine. 4 (2): 22–25. PMC 3279173. PMID 22439056
- ↑ Glazener CM, Abdalla M, Stroud P, Naji S, Templeton A, Russell IT (abril de 1995). «Postnatal maternal morbidity: extent, causes, prevention and treatment». British Journal of Obstetrics and Gynaecology. 102 (4): 282–287. PMID 7612509. doi:10.1111/j.1471-0528.1995.tb09132.x
- ↑ Thompson JF, Roberts CL, Currie M, Ellwood DA (junho de 2002). «Prevalence and persistence of health problems after childbirth: associations with parity and method of birth». Birth. 29 (2): 83–94. PMID 12051189. doi:10.1046/j.1523-536X.2002.00167.x
- ↑ Borders N (2006). «After the afterbirth: a critical review of postpartum health relative to method of delivery». Journal of Midwifery & Women's Health. 51 (4): 242–248. PMID 16814217. doi:10.1016/j.jmwh.2005.10.014
- ↑ «ACOG Committee Opinion: Optimizing Postpartum Care». Maio de 2018. Consultado em 29 de abril de 2020. Cópia arquivada em 28 de abril de 2020