Cupano

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cupano
Cupano
Execução e Cupano segundo a Crônica Iluminada
Duque de Simígio
Reinado Após 972 - 997/998
Antecessor(a) Zerinde, o Calvo (?)
 
Nascimento Antes de 965
Morte c. 997/998
  Vesprímia ou Simígio
Casa Arpades
Pai Zerinde, o Calvo

Cupano (em latim: Cupan(us); em húngaro: Koppány) foi um nobre magiar do final do século X, duque de Simígio. Segundo a visão consensual dos estudiosos modernos, era membro da Casa de Arpades. Cupano era senhor da região sul da Transdanúbia durante o reinado de Géza, que governou entre o começo da década de 970 e 997. Com a morte de Géza, reclamou o trono contra o filho cristão devoto de Géza, Estêvão I. Sua reivindicação foi apoiada sobretudo pelos húngaros pagãos, mas o exército real rechaçou seu exército próximo de Vesprímia em 997 ou 998. Foi morto na batalha ou em seu ducado, para onde fugiu. Seu corpo foi cortado em 4 pedaços e exibido nas muralhas das quatro maiores fortalezas da Hungria: Jaurino, Vesprímia, Estrigônio e Alba Júlia.

Família[editar | editar código-fonte]

Cupano era filho de Zerinde, o Calvo, segundo a Crônica Iluminada do século XIV.[1] Embora nenhuma fonte cite que descendia de Almo ou Arpades, o primeiro grão-príncipe da Hungria, sua tentativa para tomar o trono mostra que foi membro da Casa de Arpades.[2] Os historiadores debatem qual dos quatro filhos de Arpades foi ancestral de Cupano.[3] Os historiadores Gyula Kristó, László Szegfű e György Szabados dizem que foi provavelmente descendente do filho mais velho de Arpades, Tarcatzus,[4][5] mas Kornél Bakay (que identifica Zerinde com Ladislau, o Calvo) escreve que o filho mais jovem de Arpades, Zaltas, era ancestral de Cupano.[6] A data exata de seu nascimento não pode ser determinada.[7] Ele alegadamente nasceu cerca de 950 e 965, pois sua reivindicação ao trono em 997 mostra que era o membro mais velho da Casa de Arpades à época.[8]

Duque de Simígio[editar | editar código-fonte]

A Crônica Iluminada do século XIV registra que "Cupano [...] controlou um ducado" (ducatum tenebat em latim)[9] durante o reinado de Géza, que ascendeu ao trono cerca de 972, foi descrito como monarca cruel no final do século XI.[10] Sua fama, junto com o fato que apenas alguns membros do século X da família real são conhecidos, sugere que Géza assassinou muitos de seus parentes, segundo o historiador Pál Engel.[11]

Mesmo se Géza conduziu uma expurgo entre seus parentes, Cupano sobreviveu. Segundo a Crônica Iluminada, foi "duque de Simígio[12][13] Duas fontes posteriores — Osvaldo Lasco do século XV e um monge cartuxo do século XVI — mencionaram que Cupano também foi senhor de Zala.[14] Com base nas fontes, os historiadores modernos concordam que ele administrou a região sudoeste da Transdanúbia, muito provavelmente entre o lago Balatão e o rio Drava.[12][4][15][16] Szabados diz que o pai de Cupano já havia dominado Simígio e Zala;[17] em contraste, László Kontler escreve que ele recebeu seu ducado de Géza como compensação após Géza fazer seu próprio filho, Estêvão I, como herdeiro.[15]

Rebelião e morte[editar | editar código-fonte]

Estêvão I (r. 1000/1001–1038)

Géza morreu em 997.[18] No mesmo ano ou no seguinte, Cupano revoltou-se contra Estêvão, reclamando o trono e viúva de Géza, Sarolta.[19][20] Sua reivindicação ao trono mostra que considerou-se o herdeiro legal de Géza segundo o príncipe tradicional de senioridade, mas em contraste com a lei cristã da primogenitura que apoiou o direito de Estêvão.[4][18] O esforço de Cupano para casar-se com a viúva de Géza estava também alinhado ao costume pagão do levirato, mas os cristãos consideravam isso uma tentativa incesto.[19][21] Ambas as reivindicações de Cupano sugerem que ele era pagão, ou inclinado ao paganismo mesmo se batizado.[4]

No quase contemporâneo feito de fundação da Abadia de Panonalma, Estêvão mencionou que "certo condado chamado Simígio" tentou destroná-lo após a morte de seu pai.[22] A Lenda Menor do Rei São Estêvão do século XI declarou que "certos nobres cujos corações estavam inclinados a banquetes inúteis" vivaram-se contra Estêvão após sua ascensão ao trono.[23][24] Ambas as fontes sugere que não foi Estêvão que começou a guerra, mas que Cupano rebelou-se contra ele.[25]

Cupano começou a "destruir os castelos de Estêvão, saquear suas propriedades [e] assassinar seus servos", segundo a Lenda Menor. A mesma fonte também escreve que Cupano sitiou Vesprímia, mas Estêvão reuniu seu exército, marchou à fortaleza e aniquilou as tropas de Cupano.[23] Os cavaleiros germânicos que se assentaram na Hungria após Estêvão casar-se com Gisela da Baviera em 996, desempenharam um papel proeminente na vitória do exército real.[18][26] O comandante do exército real, Vencelino, foi um dos imigrantes germânicos. O feito da fundação da Abadia de Panonalma inclusive se refere a guerra civil como uma luta entre "germânicos e húngaros".[22][27]

Cupano foi morto por Vencelino na batalha próximo de Vesprímia, segundo o capítulo 64 da Crônica Iluminada.[26][28] Por outro lado, o capítulo 40 da mesma fonte diz que Vencelino matou Cupano em Simígio.[29] Ele o último relato é válido, Cupano fugiu do campo de batalha após sua derrota, mas o exército real perseguiu e matou-o em seu ducado.[30] Sob ordem de Estêvão, o corpo de Cupano foi esquartejado e suas partes foram penduradas nas muralhas de Jaurino, Vesprímia, Estrigônio e Alba Júlia.[28]

Referências

  1. Szabados 2011, p. 240, 243-244.
  2. Szabados 2011, p. 243.
  3. Szabados 2011, p. 243-251.
  4. a b c d Kristó 2001, p. 18.
  5. Szegfű 1994, p. 368.
  6. Szabados 2011, p. 247, 251.
  7. Szabados 2011, p. 251.
  8. Szabados 2011, p. 251-252.
  9. Dercsényi 1970, p. 105 (ch. 39.64).
  10. Szabados 2011, p. 252.
  11. Engel 2001, p. 26, 387.
  12. a b Engel 2001, p. 26.
  13. Szabados 2011, p. 240, 252.
  14. Szabados 2011, p. 240, 242.
  15. a b Kontler 1999, p. 53.
  16. Szabados 2011, p. 253, 256.
  17. Szabados 2011, p. 253.
  18. a b c Cartledge 2011, p. 11.
  19. a b Engel 2001, p. 27.
  20. Szabados 2011, p. 261-265.
  21. Kristó 2001, p. 18-19.
  22. a b Szabados 2011, p. 241.
  23. a b Kristó 2001, p. 19.
  24. Szabados 2011, p. 242.
  25. Szabados 2011, p. 266.
  26. a b Engel 2001, p. 26, 39.
  27. Engel 2001, p. 39.
  28. a b Kristó 2001, p. 20.
  29. Szabados 2011, p. 267.
  30. Szabados 2011, p. 267-268.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Cartledge, Bryan (2011). The Will to Survive: A History of Hungary. Londres: C. Hurst & Co. ISBN 978-1-84904-112-6 
  • Dercsényi, Dezső (1970). The Hungarian Illuminated Chronicle: Chronica de Gestis Hungarorum. Corvina: Taplinger Publishing. ISBN 0-8008-4015-1 
  • Engel, Pál (2001). The Realm of St Stephen: A History of Medieval Hungary, 895–1526. Nova Iorque: I.B. Tauris. ISBN 1-86064-061-3 
  • Kontler, László (1999). Millennium in Central Europe: A History of Hungary. Budapeste: Atlantisz Publishing House. ISBN 963-9165-37-9 
  • Kristó, Gyula (2001). «The Life of King Stephen the Saint». In: Zsoldos, Attila. Saint Stephen and His Country: A Newborn Kingdom in Central Europe – Hungary. Budapeste: Lucidus Kiadó. pp. 15–36. ISBN 963-86163-9-3 
  • Szabados, György (2011). Magyar államalapítások a IX-X. században [Foundations of the Hungarian States in the 9th–10th Centuries]. Segedino: Szegedi Középkorász Műhely. ISBN 978-963-08-2083-7 
  • Szegfű, László (1994). «Koppány». In: Kristó, Gyula; Engel, Pál; Makk, Ferenc. Korai magyar történeti lexikon (9–14. század) [Encyclopedia of the Early Hungarian History (9th–14th centuries)]. Budapeste: Akadémiai Kiadó. ISBN 963-05-6722-9