Código SINPO
O Código SINPO foi idealizado por Gustav George Thiele, da Deutsche Welle,[1] oficializado em 1948 pelo IRCC (International Radio Consulting Commitee), regulamentado em 1959 pela UIT (União Internacional de Telecomunicações)[2]e adotado por quase todas as emissoras de rádio internacionais. É um conjunto de avaliações utilizadas pelos radioescutas e técnicos da radiodifusão para calcular a recepção de uma determinada emissora de rádio em sua base de escutas. Esta avaliação não é resultado de medição através de qualquer aparelho e sim pelo critério auditivo pessoal do radioescuta.[3]Através de sua sensibilidade e senso crítico, ele determinará notas para os cinco tópicos (letras) avaliadores do sinal que está captando.[4][5]
Descrição
[editar | editar código-fonte]A palavra SINPO é um acrônimo para as seguintes palavras da língua inglesa:[6]
S - Signal (Sinal)
A primeira letra indica a intensidade (potência) do sinal da emissora que chega até a localidade onde está o receptor, sendo interpretada pelo senso auditivo do radioescuta. Esse tópico é o de maior interesse das emissoras, pois elas podem avaliar como o seu sinal está sendo captado em diversos pontos do mundo. Os radioamadores e outros serviços a denominam como código QSA.[7]
I - Interference (Interferência)
Esse segundo tópico se refere às interferências produzidas por emissoras próximas ou na mesma frequência, também conhecido como código QRM.[7]Não podem ser levadas em conta as interferências causadas pela atmosfera, rede elétrica ou eletricidade estática.[8]
N - Noise (Ruído)
A terceira letra faz menção aos ruídos que são transmitidos pelo espaço. Eles são classificados como ruídos de origem natural (relâmpagos e descargas atmosféricas) e de origem tecnológica, causados por aparelhos elétricos em funcionamento, propagandas luminosas, reatores de lâmpadas fluorescentes, dimmers, lâmpadas de LED, ignição de veículos, etc.[9]
É um incômodo gerado em lugares muito próximos de onde estamos ouvindo. Existem muitas causas possíveis desse tipo de ruído, desde a mais simples máquina elétrica até lâmpadas fluorescentes, propagandas iluminadas, etc. Dores de cabeça causadas por cliques contínuos são frequentes se estiver usando fones de ouvido.[8]É denominado como código QRN.[7]Não se leva em consideração os ruídos produzidos na residência do radioescuta, por se tratarem de ocorrência local.[1]
P - Propagation disturbance (Distúrbios da propagação)
O penúltimo tópico avalia a intensidade da perturbação (fading) do sinal da emissora que se manifesta no receptor, ou seja, o sinal se apresenta no rádio de forma bamboleante. É um fenômeno muito comum nas ondas curtas[6]e conhecido como código QSB[7]
O - Overall merit (Avaliação entre os fatores)
A última letra do código é uma apreciação do conjunto dos quatro tópicos avaliados, também denominado como código QRK[7][8][9]
Essas cinco letras fazem referência a um fator preponderante na qualidade da recepção das ondas sonoras pelo aparelho receptor.[10]Portanto, o esquema de notas possui a seguinte leitura:[11]
Escala de classificação |
S | I | N | P | O |
---|---|---|---|---|---|
Signal
(Sinal) QSA | Interference
(Interferência) QRM |
Noise
(Ruído) QRN |
Propagation disturbance
(Distúrbios da propagação) QSB |
Overall merit
(Avaliação entre os fatores) QRK | |
Efeito degradante | |||||
5 | Excelente | Nenhuma | Nenhum | Nenhuma | Excelente |
4 | Muito bom | Leve | Leve | Leve | Muito bom |
3 | Justo | Moderada | Moderado | Moderada | Justo |
2 | Fraco | Severa | Severo | Severa | Fraco |
1 | Quase inaudível | Extrema | Extremo | Extrema | Quase inaudível |
Cada uma das letras acompanha uma nota de 1 a 5, sendo o número mais baixo correspondente à pior condição e 5 para a melhor condição possível.[10]
Muitos radioescutas interpretam o código incorretamente e avaliam tudo como 55555, 51111, 15555 ou 11111 (esta última avaliação significa condição extrema e recepção quase inaudível), quando, na realidade, os extremos 55555 e 11111 são bastante incomuns. '55555' significa essencialmente recepção perfeita semelhante a uma estação local, embora isso seja ocasionalmente possível; quando se trata de recepção de ondas curtas de longa distância, quase nunca é o caso. A nota de avaliação da última letra O nunca pode ser maior do que a menor das quatro notas anteriores, devendo ser menor ou igual. Por exemplo, o radioescuta avaliou uma emissão do Japão para o Brasil com o SINPO de 55445, o que é incorreto, quando o certo seria um SINPO de 55444 (sinal excelente, nenhuma interferência, ruído leve, distúrbio leve e avaliação muito boa).[6][12]Para os tópicos não avaliados, utiliza-se a letra X em vez de um número. Exemplo: 45X44. [9]
O Código SINPO é de grande valia para o setor técnico das emissoras de rádio. Fornece em conjunto com a coordenada geográfica e o tipo de equipamento e antena utilizados, condições para se avaliar a transmissão de forma específica para determinada localidade.[13]
Através do envio regular destes parâmetros para as emissoras, o ouvinte contribui com a manutenção do sinal e sua consequente melhoria.[14]
Referências
- ↑ a b BEZERRA, Raimundo Leonardo (1990). Curso Radio-Recepção e Dexismo. [S.l.: s.n.] pp. 15, 16
- ↑ TAVARES, Mário J. de O. (março–abril de 1976). «O cartão QSL» (PDF). Rio de Janeiro: Antenna Edições Técnicas Ltda. Eletrônica Popular. 40 (02): 80
- ↑ Galletti, Ulysses (2010). «Boletim do Radioescuta 25» (PDF). LABRE/SP
- ↑ Waterford, Van (1978). Hear All the Action (em inglês). Carmel: H. W. Sams. p. 82
- ↑ SANTOS, Hélio Nunes dos (janeiro de 1975). «SINPO - simples e preciso» (PDF). Revista Monitor de Rádio e Televisão (321): 36
- ↑ a b c GALLETTI, Ulysses. «O Código SINPO». DX Clube sem Fronteiras
- ↑ a b c d e «Código Q e Código Fonético». ARAF - Associação de Radioamadores de Florianópolis
- ↑ a b c «El código SINPO y los informes»
- ↑ a b c HALÁSZ, Iwan Thomas (1993). Handbook do Radioamador (PDF). São Paulo: Edusp. pp. 401, 554. ISBN 8531400821
- ↑ a b «Recommendation ITU-R SM.1135-0» (PDF). União Internacional de Telecomunicações. Outubro de 1995. Consultado em 17 de maio de 2020
- ↑ «Código RST, SINPO, SINPFEMO». Unión de Radioaficionados Españoles
- ↑ «Usando o código SINPO»
- ↑ «Código SINPO: Avaliação Geral»
- ↑ «Código SINPO e informe padrão de recepção»
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Bezerra, Raimundo Leonardo (1990) Curso Rádio-Recepção e Dexismo
- Fossá, Alencar Aldo (1994) Manual do Radioescuta