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Der Hölle Rache kocht in meinem Herzen

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Wolfgang Amadeus Mozart, por Johann Nepomuk della Croce, c. 1780.

Der Hölle Rache kocht in meinem Herzen (A vingança do inferno ferve no meu coração, em alemão), comumente chamada apenas de "Der Hölle Rache", também referida como Ária da Rainha da Noite, é uma ária integrante da ópera Die Zauberflöte (A Flauta Mágica) de Wolfgang Amadeus Mozart. Considerada uma das mais famosas árias de ópera, faz parte do segundo ato da ópera e representa um acesso de fúria vingativa, em que a Rainha da Noite coloca um punhal na mão da sua filha, Pamina, e a exorta a assassinar Sarastro, rival da Rainha.[1]

Coloratura do início da primeira passagem

A ária foi escrita em ré menor, e está arranjada para pares de flautas, oboés, fagotes, trompas, trompetes, tímpanos e cordas (violinos, violas, violoncelos e contrabaixos), uma orquestra grande que inclui todos os músicos disponibilizados para a ópera, com exceção dos trombones.

Pode-se observar a semelhança entre a ária e o primeiro movimento (Allegro con moto) da Sinfonia n° 3 em dó maior, Op. 12, G 505, de Luigi Boccherini, também escrita para orquestra (dois violinos, viola, dois violoncelos, contrabaixo, duas flautas e duas trompas) em 1771, ou seja, vinte anos antes da estreia de A Flauta Mágica.[2][3]A influência de Boccherini, entre outros autores, sobre a obra de Mozart tem sido objeto de análise pela crítica especializada.[4][5][6]

A ária é famosa pela dificuldade: com sua extensão de duas oitavas, do 4 ao fá6, o que requer um soprano coloratura com tessitura extremamente ampla - do 4 ao 6.[7] Ademais, as exigências dramáticas do contexto - uma demanda de assassinato por vingança - acrescentam dificuldade à interpretação, tornando o papel acessível somente a vozes extrememente qualificadas.[8]

Panfleto da primeira apresentação de A Flauta Mágica, em 30 de setembro de 1791.

O libreto da ópera foi escrito em alemão por um amigo e companheiro de loja maçônica de Mozart, Emanuel Schikaneder. O texto da ária é a repetição do dito por Papageno no primeiro ato.

 Texto no original em alemão

Der Hölle Rache kocht in meinem Herzen,
Tod und Verzweiflung flammet um mich her!
Fühlt nicht durch dich Sarastro Todesschmerzen,
So bist du meine Tochter nimmermehr.

Verstossen sei auf ewig,
Verlassen sei auf ewig,
Zertrümmert sei'n auf ewig
Alle Bande der Natur
Wenn nicht durch dich Sarastro wird erblassen!
Hört, Rachegötter, hört der Mutter Schwur!

Tradução para o português

A vingança do inferno ferve em meu coração;
Morte e desespero flamejam ao meu redor!
Se Sarastro não sentir as dores da morte por você,
Então nunca mais você será minha filha.

Repudiada será para sempre,
Abandonada será para sempre,
Destruídos serão para sempre
Todos os vínculos naturais
Se Sarastro não for morto por você!
Ouçam, deuses da vingança, ouçam o juramento da mãe!

Metricamente, o texto é composto de uma quadra em pentâmetro iâmbico (excepcionalmente para esta ária já que a ópera é principalmente em tetrâmetro iâmbico), seguido de uma quadra em trímetro iâmbico, em seguida, um dístico pentamétrico final. O esquema de rimas é [ABAB], [CCCD] e [ED].[9]

Ver artigo principal: Die Zauberflöte
A Rainha da Noite em um guache de Karl Friedrich Schinkel

A primeira a cantar a ária em um palco foi a cunhada de Mozart, Josepha Hofer, que na época tinha 33 anos. Segundo consta, Hofer tinha um registro extraordinariamente agudo e uma voz ágil. Aparentemente, Mozart estava familiarizado com a habilidade vocal de Hofer e escreveu as duas árias da Rainha da Noite para mostrar isso.

Uma história dos tempos de Mozart sugere que o compositor era muito impressionado pelo desempenho vocal de sua cunhada. A história remonta a uma carta de 1840 do compositor Ignaz von Seyfried, e descreve um evento da última noite da vida de Mozart - 4 de dezembro de 1791 - cinco semanas depois da muito bem sucedida estréia de A Flauta Mágica. Segundo Seyfried, Mozart sussurrou o seguinte para sua esposa Constanze: “ Calma, calma… Hofer irá levá-la ao agudo. Agora minha cunhada está cantando sua segunda ária, Der Hölle Rache; quão forte ela canta os graves e quão bem mantém o Si bemol em “ Hört! hört! hört! der Mutter Schwur! ".[10]

Atualmente, um grande número de sopranos tem realizado audições e gravado esta ária, entre elas Natalie Dessay, Mado Robin, Diana Damrau, Roberta Peters, Lucia Popp, Beverly Sills e Joan Sutherland.

June Anderson cantou a Der Hölle Rache no filme Amadeus de Milos Forman .

Wolfgang Amadeus Mozart
"Der Hölle Rache kocht in meinem Herzen", de A Flauta Mágica

Referências

  1. Sadie, Stanley: Série The New Grove – Mozart. Porto Alegre: L&PM. 1988
  2. ArkivMusic. Luigi Boccherini
  3. Luigi Boccherini. Catalogue (G). Musique orchestrale. Oeuvres pour grand orchestre - G 503-523
  4. Veinus, Abraham The Concerto
  5. Mozart Complete Edition. Liner notes, , sung texts, full tracklist
  6. MusicaNeo. Luigi Boccherini
  7. The Aria Database. Der Hölle Rache kocht in meinem Herzen
  8. Deutsch, Otto Erich: Mozart: A Documentary Biography. Stanford University Press. 1965
  9. Grout, Donald J. e Palisca, Claude V.: História da Música Ocidental. Lisboa: Gradiva.2007
  10. Citação de Deutsch (1965, 556): "O Si bemol a que Mozart se refere é uma nota, muito poderosa, cantadas na terceira repetição do "Hort!". A harmonia napolitana inesperada na orquestra forma o clímax da ária. O original alemão diz: "Still, still! Jetzt nimmt die das Hofer F hohe; - singt ihre Schwägerin jetzt die zweite Arie:, Der Hölle Rache '; wie sie kräftig B aushält anschlägt und:, Hort! Hort Hort! Der! Mutter Schwur! ".

Ligações externas

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