Dhoruba al-Mujahid bin Wahad

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Dhoruba al-Mujahid bin Wahad
Nascimento 1945 (79 anos)
Nova Iorque
Cidadania Estados Unidos
Ocupação escritor

Dhoruba al-Mujahid bin Wahad (nascido com o nome de Richard Earl Moore;[1] 1945) é um escritor e ativista norte-americano, ex-prisioneiro, líder do Partido dos Panteras Negras, e cofundador do Exército de Libertação Negro (Black Liberation Army, BLA). Dhoruba, na língua suaíle, significa "a tempestade".[1]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Richard Earl Moore já havia cumprido três anos de uma sentença de cinco anos na Prisão Comstock quando soube que Malcolm X fora assassinado. Moore, que tinha um registro disciplinar instável em Comstock, sentia que a Nação do Islã era dogmática e valorizava mirmidões em vez de pensadores livres, porém ele admirava Malcolm X, quem ele sentia "não ser só uma gravata borboleta, uma cabeça falante. Ele era engraçado; ele era arguto; ele era analítico." Moore tinha lido os ensinamentos e discursos de Malcolm X e havia considerado se juntar ao exército de Malcolm X após sair da prisão, e ficou chocado com sua execução pública. Assim como muitos outros, tanto negros quanto brancos,[2] Moore acreditou que Malcolm fora assassinado por uma combinação de inimigos na Nação do Islã e ação policial, e decidiu que o melhor jeito de honrar o legado de seu herói era "pensar como Malcolm X, pegar sua mensagem e aplicá-la a sua realidade diária." Consequentemente, Moore se converteu ao islã, assumiu o nome Dhoruba al-Mujahid bin Wahad, e começou a ler material político, incluindo tanto não ficção (como A História do Declínio e Queda do Império Romano de Edward Gibbon e O Capital de Karl Marx) assim como ficção histórica (como Exodus de Leon Uris e romances sobre Átila, o Huno e Genghis Khan).[1]

O tiroteio[editar | editar código-fonte]

No dia 19 de maio de 1971, Thomas Curry e Nicholas Binetti, dois oficiais do Departamento de Polícia de Nova Iorque que estavam vigiando a casa de Frank S. Hogan, o promotor de Manhattan, receberam disparos de uma metralhadora em sua direção vindos de um carro.[3] Os policiais sobreviveram, mas foram gravemente feridos, sustentando tiros na cabeça, pescoço, tórax e abdômen.

Os tiros ocorreram durante um período de intensa violência entre organizações de ativismo negras e o departamento de polícia de Nova Iorque. Dois dias depois, os policiais Waverly Jones e Joseph Piagentini foram baleados e mortos fora de um conjunto habitacional no Harlem.[4][5]

Wahad foi preso e inicialmente acusado de roubar um clube social no South Bronx, e depois foi acusado de tentativa de assassinato contra Curry e Binetti. O documentário Passin' It On de Jon Valadez sobre o caso de Dhoruba revelou, através de documentos do FBI e relatos de testemunhas oculares que o The South Bronx Social Club estava executando um cartel de drogas ilegais e era um lugar conhecido onde a polícia recebia subornos. Dhoruba e outros membros do BLA tentaram impedir as drogas de serem empurradas para dentro de sua vizinhança.

O primeiro julgamento de Wahad terminou em um júri suspenso; o segundo em anulação. Dois anos mais tarde, em 1973, seu terceiro julgamento resultou em um veredicto de culpado; ele foi condenado a cumprir de 25 anos à prisão perpétua.[6]

Prisão e libertação[editar | editar código-fonte]

Wahad passou um total de dezenove dias na prisão. Enquanto estava encarcerado, soube de audiências no Congresso que revelaram a existência de uma operação secreta do FBI conhecida como COINTELPRO. Em dezembro de 1975, entrou com uma ação contra o FBI e o departamento de polícia da cidade de Nova Iorque.

Como resultado direto da sua ação, nos quinze anos seguintes o FBI divulgou mais de 300.000 páginas de documentos relativos à COINTELPRO. Os documentos foram a base sobre a qual Wahad recorreu da condenação, e em 15 de março de 1990, o juiz Peter J. McQuillan da Suprema Corte de Nova Iorque em Manhattan a reverteu, determinando que a promotoria não divulgou provas que poderiam ter ajudado a defesa do Sr. Wahad.[7]

Enquanto o promotor do Distrito de Manhattan Robert M. Morgenthau declarou que planejava recorrer da decisão e obteria um novo julgamento caso seu recurso falhasse, Wahard foi solto e liberado sem fiança.

A tentativa de Morgenthau de recorrer foi rejeitada pela Divisão de Apelação da Suprema Corte de Nova Iorque,[8] e no dia 20 de janeiro de 1995, o gabinete da promotoria do distrito de Manhattan declarou que não haveria novo julgamento, indicando que a condição atual da evidência tornaria isso impossível.[9]

Ações judiciais[editar | editar código-fonte]

Em 1995, o FBI se resolveu com Wahad fora do tribunal; o governo dos EUA lhe pagou $400.000.[10]

Em 4 de dezembro de 2000, o processo de Wahad contra o departamento de polícia de Nova Iorque, buscando $15 milhões em indenização, estava marcada para começar.[11] Em 8 de dezembro de 2000, a cidade de Nova Iorque decidiu encerrar uma batalha de 25 anos e concordou em pagar a Wahad um adicional de $490.000 em danos.[3]

Resultado[editar | editar código-fonte]

Wahad se mudou para Accra, no Gana, onde se organizou no pan-africanismo e no sistema prisional. Usando os fundos de seus acordos para danos pessoais com o FBI e a cidade de Nova Iorque, ele estabeleceu a Campanha para Libertar Prisioneiros Políticos Negros e Neo-Africanos (anteriormente a Campanha para Libertar Prisioneiros Políticos e Prisioneiros de Guerra Negros) e fundou o Instituto para o Desenvolvimento de Políticas Pan-Africanistas no Gana.

Ele atualmente mora na cidade de Nova Iorque e continua o seu trabalho.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Livros[editar | editar código-fonte]

Ensaios[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

Livros[editar | editar código-fonte]

  • Nelson Blackstock (1988). The FBI's Secret War on Political Freedom. [S.l.: s.n.] ISBN 0-87348-877-6 
  • Dhoruba al-Mujahid bin Wahad, Mumia Abu-Jamal & Assata Shakur (1993). Still Black, Still Strong. [S.l.: s.n.] ISBN 0-936756-74-8 
  • Joy James (2003). Imprisoned Intellectuals: America's Political Prisoners Write on Life, Liberation, and Rebellion. [S.l.: s.n.] ISBN 0-7425-2027-7 
  • T.J. English (2011). The Savage City: Race, Murder, and a Generation On the Edge. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-06-182455-5 
  • Seestah Imahkus (2011). (One Africa): ABABIO: A 21st Century Anthology of African Diasporan Returnees to Ghana. [S.l.: s.n.] ISBN 9988-8089-3-3 

Revistas e Jornais[editar | editar código-fonte]

Filmes[editar | editar código-fonte]

Música[editar | editar código-fonte]

  • Human, Earth, Animal Liberation (HEAL) (2001). «Dhoruba bin Wahad». Resist and Exist 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c T. J. English (15 de março de 2011). «7». The Savage City: Race, Murder, and a Generation on the Edge. [S.l.]: HarperCollins. p. 3. ISBN 978-0-06-182455-5 
  2. T. J. English (15 de março de 2011). «7». The Savage City: Race, Murder, and a Generation on the Edge. [S.l.]: HarperCollins. p. 6. ISBN 978-0-06-182455-5 
  3. a b Weiser, Benjamin (8 de dezembro de 2000). «City Agrees to Settle Suit By Former Panther Leader». The New York Times. p. 3 
  4. Robert K. Tanenbaum; Philip Rosenberg (1979). The Badge of the Assassin. [S.l.]: Dutton. ISBN 978-0-525-06070-3 
  5. Joseph Piagentini And Waverly Jones Arquivado em 2008-07-08 no Wayback Machine
  6. «Cointel Pro 25 Years Later: New York Settles with Former Black Panther who was Wrongly Imprisoned (Part 2)». Democracy Now! 
  7. Sullivan, Ronald (23 de março de 1990). «Court Erupts As Judge Frees An Ex-Panther». The New York Times. p. 1 
  8. Mcfadden, Robert D. (20 de dezembro de 1991). «State Appeals Court Narrows Right to a New Trial When Evidence Is Withheld». The New York Times. p. 3 
  9. «No Retrial in Shootings». The New York Times. p. 2 
  10. Joy James (2003). Imprisoned Intellectuals: America's Political Prisoners Write on Life, Liberation, and Rebellion. [S.l.]: Rowman & Littlefield. p. 95. ISBN 978-0-7425-2027-1 
  11. Feuer, Alan (4 de dezembro de 2000). «Defiant Ex-Black Panther Sues Defiant New York Police». The New York Times. p. 5