Saltar para o conteúdo

Dinastia farnabázida

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Farnabázida
Farnavázida
Parnavázida
Parnavaziani
Dinastia farnabázida
Pé em forma de garra do trono real encontrado no Monte Baguineti, século II, mantido no Museu Nacional da Geórgia, em Tiblíssi
Estado Reino da Ibéria
Título Mepe da Ibéria
Origem
Fundador Farnabazo I
Fundação século III a.C.
Atual soberano
Último soberano Amazaspo II
Dissolução 189 d.C.
Linhagem secundária

Farnabázida, farnavázida ou parnavázida (em georgiano: ფარნავაზიანი; romaniz.: parnavaziani) é o nome da primeira dinastia dos reis (mepes) do Reino da Ibéria preservada pelas Crônicas Georgianas. Seu governo durou, com intervalos, do século III a.C. ao II d.C.. A linha masculina principal foi extinta logo no início e seguida por casas relacionadas a ela na linha feminina. No final do século II, o domínio farnabázida chegou ao fim e a dinastia arsácida assumiu a coroa da Ibéria.

História[editar | editar código-fonte]

Áureo de Vespasiano (r. 69–79)
Tetradracma de Vologases V, que reinou na Armênia como Vologases II

De acordo com a crônica georgiana medieval mais antiga, A Vida dos Reis Georgianos, a dinastia descendia de Farnabazo I, o fundador do Reino da Ibéria, que destituiu Azão, um governante supostamente deixado por Alexandre, o Grande, para governar o país. Farnabazo, cuja história está saturada de imagens e símbolos lendários, não é atestada diretamente em fontes não georgianas e não há indicação contemporânea definitiva de que foi o primeiro dos reis georgianos. No entanto, o designativo dinástico Parnavaziani ("de/de/nomeado para Farnabazo"), que as primeiras histórias armênias (cf. Fausto, o Bizantino, V.15) preservaram como Parnavaziano (em armênio: Պ՚առնաւազեան; romaniz.: P'arnawazyan; junção de Parnavaz + sufixo patronímico -yan) é um reconhecimento de que um rei chamado Farnabazo foi considerado o fundador de uma dinastia georgiana. Parece mais viável que, à medida que a memória dos fatos históricos se desvaneceu, o verdadeiro Farnabazo "acumulou uma fachada lendária" e emergiu como o modelo de monarca pré-cristão nos anais georgianos.[1]

Embora a expedição de Alexandre às terras georgianas seja inteiramente fictícia, as evidências georgianas e clássicas sugerem que os reis da Ibéria cultivaram relações estreitas com o Império Selêucida, um sucessor helenístico do império de curta duração de Alexandre centrado na Síria, e às vezes reconheceram sua suserania, provavelmente ajudando, como o professor Cyril Toumanoff deu a entender, os seus senhores feudais a controlar a dinastia orôntida da vizinha Armênia.[2] Toumanoff supõe que Farnabazo tenha governado de 299 a 234 a.C.. Seu filho, Sauromaces I (r. 234–159 a.C.), teria morrido sem um herdeiro homem, e a dinastia sobreviveu na linha feminina através do casamento da filha de Sauromaces com Meribanes I (r. 159–109 a.C.), dos ninródidas. Os ninródidas, em georgiano Nebrotiani (ნებროთიანი), que significa a "raça de Ninrode", não é um nome dinástico, mas o termo aplicado pelos analistas georgianos medievais aos antigos iranianos. Consequentemente, a dinastia, embora apenas de linha feminina, continua a ser chamada pelas crônicas como Parnavaziani.[3]

A dinastia, na pessoa do filho de Meribanes, Farnajom (r. 109–90 a.C.), foi destituída da coroa por um ramo dos artaxíadas armênios, cuja ascendência na Ibéria durou de 90 a 30 a.C., quando os farnabázidas conseguiram retomar o trono. Naquela época, o sul do Cáucaso estava sob a hegemonia romana. No entanto, a Ibéria conseguiu separar-se do domínio romano na última década do século I a.C. e emergiu como um estado mais poderoso no século I d.C.. Farasmanes I (r. 1–58) interferiu energicamente nos assuntos da Armênia, que era então motivo de contenda entre o Império Romano e o Império Arsácida, e instalou seu irmão, Mitrídates I (r. 35–51), no trono da Armênia. Em 51, porém, Farasmanes instigou seu filho, Radamisto, a remover Mitrídates e ocupar o trono, apenas para ser expulso de seu reino em 55.[4] O sucessor de Farasmanes, Mitrídates I (r. 58–106) forjou uma aliança com o Império Romano para defender as fronteiras ibéricas dos alanos, nômades do norte. A estela de Vespasiano, descoberta na capital Mtsqueta, cita Mitrídates como "o amigo dos césares" e o rei "dos ibéricos amantes dos romanos". Em 75, o imperador Vespasiano (r. 69–79) ajudou o rei da Ibéria a fortificar a acrópole de Armazi.[5]

Depois que os descendentes dos arsácidas partas consolidaram seu domínio sobre a Armênia no século II, seu ramo substituiu os farnabázidas na Ibéria. Segundo as crônicas georgianas, isso aconteceu quando os nobres organizaram uma revolta contra Amazaspo II (r. 185–189) com a ajuda do rei da Armênia, quiçá Vologases II (r. 180–191), que alegadamente foi casado com a irmã de Amazaspo, e depuseram e mataram seu monarca. Vologases instalou seu filho e sobrinho de Amazaspo, Reve I (r. 189–216), inaugurando a dinastia arsácida local.[6][7]

Referências

  1. Rapp 2003, p. 276.
  2. Toumanoff 1963, p. 185.
  3. Toumanoff 1969, p. 8-10.
  4. Suny 1994, p. 14.
  5. Suny 1994, p. 15.
  6. Toumanoff 1969, p. 17.
  7. Rapp 2003, p. 291-292.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Rapp, Stephen H. (2003). Studies In Medieval Georgian Historiography: Early Texts And Eurasian Contexts. Bristol: Peeters Bvba. ISBN 90-429-1318-5 
  • Suny, Ronald Grigor (1994). The Making of the Georgian Nation 2.ª ed. Bloomington: Indiana University Press. ISBN 0-253-20915-3 
  • Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press 
  • Toumanoff, Cyril (1969). Chronology of the Early Kings of Iberia. Nova Iorque: Fordham University