Eduardo Guimarães

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Eduardo Guimarães
Eduardo Guimarães
Nascimento 30 de março de 1892
Porto Alegre
Morte 13 de dezembro de 1928
Rio de Janeiro
Cidadania Brasil
Ocupação jornalista, escritor, poeta
Obras destacadas Estádio D. Afonso Henriques

Eduardo Gaspar da Costa Guimarães (Porto Alegre, 30 de março de 1892Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 1928) foi um escritor, tradutor e jornalista, considerado um dos maiores representantes da poesia simbolista no Brasil. Assinava suas obras como Eduardo Guimaraens.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho do português Gaspar Eduardo da Costa Guimarães e da brasileira Balbina da Silveira Guimarães, seu pai trabalhava na redação do jornal A Federação e também participava da Sociedade Partenon Literário.[1] Estudou no Colégio Rio-Grandense e no Ginásio Júlio de Castilhos.[1]

Ao tentar publicar seu primeiro poema, o soneto "Aos Lustres", aos 16 anos, no Jornal da Manhã, de Porto Alegre, teve de convencer o editor, Marcelo Gama, que tinha sido realmente o autor da peça.

A partir de 1911 colaborou com diversos periódicos de Porto Alegre, entre eles o Jornal do Comércio, Folha da Manhã, Diário, Federação e Correio do Povo.[1] Entre 1912 e 1913 viveu no Rio de Janeiro, onde colaborou nos jornais A Hora, Rio-Jornal, A Imprensa e Boa Hora, e na revista Fon-Fon.[1] Retorna à capital federal em 1916 para a publicar Divina Quimera e para estudar o sistema de catalogação da Biblioteca Nacional.

O contato e a amizade com Ronald de Carvalho e Luís de Montalvor cultivada na redação de Fon-Fon! contribuíram para que poemas de sua autoria fossem impressos no número 2 da revista Orpheu (1915). Os poemas de Eduardo nela estampados foram o soneto “Sobre o cisne de Stéphane Mallarmé”, “Folhas mortas” (iniciado com o verso “Deste relógio belga, enorme, branco e triste”) e “Sob os teus olhos sem lágrimas” (publicado, em outra versão, em 27 de fevereiro de 1915, em Fon-Fon!).

Entre 1922 e 1928, foi diretor da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul, onde havia começado como auxiliar técnico. Dirigiu as revistas Mensário do Sul (1917-1918?) e Máscara (1918-1928), ambas fundadas em Porto Alegre.

Casou em 1921 com Etelvina Braga Barreto, era pai do também escritor e jornalista Carlos Rafael Guimarães e de Dante Gabriel. Em 1926 adoeceu gravemente, dois anos depois viajou ao Rio de Janeiro para se tratar e lá faleceu.[1] Inicialmente foi sepultado no cemitério São João Batista, mas seus restos mortais foram transferidos em 1934 para Porto Alegre.[1] Transferiu o nome que adotou a seus filhos, os quais foram registrados como Guimaraens. O sobrenome é mantido por seus netos e bisnetos.

Pertencente ao Simbolismo,[2] movimento que produziu grandes poetas tardiamente no início do século XX no Rio Grande do Sul, formou, junto a Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens, a chamada "trindade simbolista" no Brasil. É patrono da cadeira 38 da Academia Rio-Grandense de Letras. Foi homenageado como patrono da Feira do Livro de Porto Alegre de 1969.

Obras[editar | editar código-fonte]

  • Caminho da Vida (poesias) Porto Alegre: Livraria Americana, 1908, 45 p.
  • Arabella e Athanael - Conto azul em cinco atos (teatro). 1ª ed. Porto Alegre: Tipografia d´O Diário. 1912, 81 p.
  • Divina Quimera (Divina Chimera) (poesias) 1ª ed. Rio de Janeiro: Oficina Tipográfica Apollo. Vieira da Cunha & Cia, 1916, 107 p. Desenhos de Correia Dias. A Divina Quimera. 2ª ed. Edição definitiva com prefácio de Mansueto Bernardi. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1944. 443 p. A Divina Quimera. 3ª ed. Porto Alegre: EMMA/DAC, SEC, IEL, 1978, 93 p.
  • A Mulher de D. Juan. Drama em três atos. (teatro) Rio de Janeiro: Revista Ilustração Brasileira, ano 10, n. 101. Janeiro de 1929
  • Núpcias de Antígone (tragédia, sem data);
  • Dispersos (poesias reunidas). Organização de Maria Luiza Berwanger da Silva. Porto Alegre: Libretos, 2002. 148 p. : il.

Traduções publicadas[editar | editar código-fonte]

ALIGHERI, Dante. Dante Canto Quinto. La Commedia: Inferno. Traduzido, conforme o ritmo, por Eduardo Guimaraens. 1ª ed. Porto Alegre: Livraria Americana, 1920. Formato 27 cm X 21 cm

ALIGHERI, Dante. Dante Canto Quinto. La Commedia: Inferno. Traduzido, conforme o ritmo, por Eduardo Guimaraens. 2ª ed. Porto Alegre: Livraria Americana, 1929. (Publicação póstuma)

JAMMES, Francis. O Romance de Laura. Tradução de Eduardo Guimaraens. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1927. 98 p. (O prefácio assinado por Eduardo de quatro páginas data de 11 de junho de 1921)

TAGORE, Rabindranath. Poemas Escolhidos e Adaptados de Radindranath Tagore. Tradução e adaptação de Eduardo Guimaraens. (O Jardineiro. Oferta lírica. Quarto Crescente. Corbelha. Outros Poemas). Porto Alegre: Livraria do Globo, Barcellos Bertaso & Cia., 1925, 194 p. Capa de Ernest Zeuner.

BOURGET, Paul. Lourença Albani (romance). Tradução de Eduardo Guimaraens. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1926.

Traduções inéditas[editar | editar código-fonte]

As Flores do Mal, de Baudelaire (83 poemas)

As Festas Galantes, de Paul Verlaine

Impressões de Heine (poesias)

Rosas de França (seleção de poesias)

Poemas Modernos Hispano-americanos (seleção de poesias)

Histórias Estranhas, de Lafcadio Hearne (contos)

Paixão de Fantoches (Marionette, che passionel) (comédia) de Rosso di San Secondo

Referências

  1. a b c d e f SPALDING, Walter. Construtores do Rio Grande. Livraria Sulina, Porto Alegre, 1969, 3 vol., 840pp.
  2. Biografia no Portal As Tormentas

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Commons
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BARCELLOS, Rubens de. Eduardo Guimaraens. Estudos Rio-Grandenses – Motivos de História e Literatura coligidos e selecionados por Mansueto Bernardi e Moysés Vellinho. 2ª edição. Globo: Porto Alegre, 1960, p. 89 a 97.

BORDINI, Maria da Glória. A Divina Quimera como repressão do desejo. Letras de hoje, v. 15, n. 2, 1980. p. 72 a 85. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/fefid/ojs/index.php/fale/issue/view/861

MARCON, Itálico. Eduardo Guimaraens ou da Plenitude poética. Nova Renascença. 1989/1990. volume IX, p. 326 a 342.

MEIRELLES, Ricardo. Les fleurs du mal no Brasil: traduções. 2010. Tese (Doutorado em Língua e Literatura Francesa) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. doi:10.11606/T.8.2010.tde-18102010-102721.

RICIERI, Francine (org.). Antologia da poesia simbolista e decadente brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional/Lazuli Editora, 2007

RICIERI, Francine. Eduardo Guimaraens e Dante. [s. L.]: XI Congresso Internacional da Abralic, [2008]. 7 p. Disponível em: http://www.abralic.org.br/eventos/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/014/FRANCINE_RICIERI.pdf

SCHÜLER, Donaldo. Eduardo Guimaraens. Porto Alegre: IEL (Instituto Estadual do Livro), 1986. 27 p.

SILVA, Maria Luiza Berwanger da. Paisagens Reinventadas: Traços Franceses no Simbolismo Sul-Riograndense. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1999, pp. 300-301.

SOUSA, Rui. Os bastidores brasileiros de Orpheu: páginas da revista Fon-Fon! (1912-1914) in Pessoa Plural – A Journal of Fernando Pessoa Studies, Número 7, primavera de 2015. Disponível em: http://www.brown.edu/Departments/Portuguese_Brazilian_Studies/ejph/pessoaplural/Issue7/PDF/I7A08.pdf